A 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba autorizou uma análise no local onde a copeira Rosaira Miranda da Silva foi morta com um tiro na cabeça. A inspeção é um pedido da defesa, que foi autorizada pelo juiz Daniel Ribeiro Surdi de Avelar. O procedimento deve acontecer logo início do júri, que está marcado para a tarde de quinta-feira (26), no Centro Cívico.

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Rosaira Miranda (Reprodução)

“A fim de que os jurados possam ter uma compreensão mais integral acerca da dinâmica do ocorrido, defiro o pedido formulado pela defesa referente à inspeção no local dos fatos e consigno que referida diligência abrangerá tanto a residência da acusada Kátia das Graças Belo quanto o estabelecimento comercial onde ocorreu o delito”, diz o juiz Avelar.

Como o júri é de grande repercussão, o magistrado também solicitou reforço na segurança do Tribunal do Júri a partir desta quinta-feira (26).

Segundo o advogado de Kátia, Peter Amaro de Sousa, a inspeção é uma medida pouco usual, mas que deve ajudar na análise dos fatos.

“Isso dá uma noção geral de como a situação aconteceu. Queremos mostrar que ali aconteceu quase um acidente, que partiu de uma ação involuntária”, afirma.

Advogado da família de Rosaira e assistente de acusação no caso, Edson Luiz Facchi Junior diz que a inspeção deve “aclarar” ainda mais a visão dos jurados.

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“Os jurados vão poder observar o cenário de como ocorreram os fatos, tanto do quarto da acusada, quanto do local onde a vítima foi atingida”, explica.

Expectativas

Para o júri de quinta-feira, tanto defesa, quanto assistência de acusação, falam em “se fazer justiça”.

Segundo Amaro, o objetivo é fazer com que Kátia não seja vítima de “vingança” .

“O júri é imprevisível e a decisão, infelizmente, é dada pelo calor do momento. São sete pessoas que não terão tempo de analisar as provas de forma adequada. A Kátia disparou um tiro contra o chão, então agiu com culpa e não com dolo. Ela agiu com negligência, imperícia e imprudência, então esperamos que seja reconhecida a culpa dela”, comenta.

Kátia das Graças Belo (Reprodução)

Consta no Código Penal, que o homicídio culposo tem pena de 1 a 3 anos de prisão. Já o homicídio qualificado pode aumentar a pena para até 30 anos de prisão.

De acordo com Facchi, que atua no processo em conjunto com o advogado Ygor Nasser Salah Salmen, a família de Rosaira está muito esperançosa.

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“Amanhã temos certeza que essa página vai virar, com uma sonora condenação por homicídio qualificado, pelo ato cruel e bárbaro que essa ex-policial civil cometeu”.

O crime

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR), Rosaira participava de uma confraternização de fim de ano, na Rua Mateus Leme, quando acabou atingida por um disparo de arma de fogo. O crime aconteceu em 23 de novembro de 2016 e a morte nove dias depois.

Consta no documento que Kátia das Graças Belo “agiu impelida por motivo fútil, pois sentiu-se incomodada com o barulho advindo do estabelecimento comercial localizado ao lado da sua residência, onde acontecia uma confraternização. Assim, visando acabar com a reunião e espantar as pessoas que estavam no local, apontou a sua arma em direção a elas e efetuou disparos.”

Agora ex-policial civil, Kátia estava fora de serviço e utilizou-se da arma de fogo que recebeu da instituição para a prática do crime.

Publicada no Diário Oficial do Paraná, a demissão dela ocorreu em junho de 2021.

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