- Atualizado há 4 semanas
Jorge Guaranho falou com à imprensa na manhã desta quinta-feira (13), ao chegar ao Tribunal do Júri, em Curitiba, antes daquele que pode ser o último dia do julgamento da morte do guarda municipal Marcelo Arruda, em 9 de julho de 2022, em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. Aos repórteres, afirmou que ‘foi obrigado a atirar em Marcelo’, sob a alegação de que o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) estava indo na direção dele com uma arma. (Assista ao vídeo abaixo)
Para receber as principais informações do dia pelo WhatsApp entre no grupo do Portal Nosso Dia clicando aqui
“Então era eu ou ele ali naquele momento. Jamais atirei no Marcelo por causa de política”, disse Guaranho, para em seguida afirmar que tem a expectativa de que os jurados tenham entendido desta forma. “Espero que os jurados tenham entendido que eu fui obrigado a atirar no Marcelo porque ele estava vindo para cima de mim com uma arma. Não cheguei atirando como foi divulgado e isso foi muito claro. Ele apontou a arma para mim antes”, disse.
O assistente de acusação, Daniel Godoy Júnior, disse que o depoimento de Guaranho ‘foi um milagre da medicina. “Na verdade, nós presenciamos um milagre da medicina. Ou de alguém que está acima de nós. Porque ele diz desde o início que não se lembrava de nada. E ontem, casualmente, se lembrou. De detalhes, de situações que, evidentemente, tentaram favorecê-lo, como direito que tem de se defender. Mas não passou credibilidade, não passou empatia”, afirmou.
O advogado ainda refutou a hipótese de legítima defesa. “Ele volta à festa, comete o assassinato e um assassinato anunciado, eu vou voltar, foi o que ele disse, né? Então, nós imaginamos que isso (legítima defesa) não deve prosperar, porque não conta com qualquer ressonância. As testemunhas são unanimes, as próprias testemunhas de acusação foram desfavoráveis à linha adotada pela defesa. Não existe legitima defesa, existe a intenção nítida de matar”, pontuou.
Segundo o assistente de acusação, a expectativa é de que Guaranho pegue uma pena de 20 anos de prisão. “Nós esperamos que a pena seja entre 12 e 30 anos, em torno dos 20 anos”, afirmou, para em seguida confirmar que houve uma motivação política. “Está provado por testemunhas que a festa tinha um enredo político e ele viu as imagens desta festa em um churrasco e por isso foi lá. Se essa festa fosse o aniversário do Cebolinha, ele iria na festa? Se fosse o aniversário da Mônica, ele iria na festa? Não iria, ele foi lá porque era o aniversário com motivação do PT. E ele, página de Facebook, passa o tempo todo fazendo apologia do Bolsonaro. E ele foi lá por causa disso”, concluiu.
Antes do início do terceiro dia de julgamento, o advogado Eloi Leonardo Dore, da defesa de Guaranho, falou sobre a tese alegada de legítima defesa, que Guaranho destacou em entrevista. “Veja, quem fala em legítima defesa, quem diz isso, é o próprio Tribunal de Justiça, o desembargador deixa bem claro que era uma situação em legítima defesa. A defesa vai provar os pontos que ela acredita na hora dos debates”, disse.
Sobre as qualificadoras, como a motivação política, o advogado disse que isso não se aplica no caso. “A futilidade pelo crime político está completamente fora de cogitação. O Ministério Público se exacerbou ao incluir essa qualificadora e da mesma forma um perigo comum. O Jorge não praticou qualquer ato que pudesse expor aquelas pessoas em risco, diferente da vítima que disparou mais de 10 tiros contra o Jorge sem ter um alvo definido”, pontou.
Sobre a ida a festa, o advogado falou em uma ‘brincadeira infeliz’. “Veja, a ida da festa dele foi o que ele falou, em plenário, né? Ele foi lá e acabou fazendo uma brincadeira infeliz que resultou nessa fatalidade”, concluiu.