Em outubro de 2016, aos 16 anos, a então estudante Ana Júlia Ribeiro discursou na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e afirmou que as mãos dos deputados estaduais estavam sujas de sangue, devido a morte por assassinato de um adolescente em uma escola ocupada no estado. Na época, houve uma discussão entre dois colegas em uma escola do bairro Santa Felicidade, após o uso de drogas, quando eles protestavam contra a reforma do Ensino Médio. Agora, mais de seis anos depois, Ana Júlia ocupa uma das cadeiras da Casa, depois de ser eleita a mais jovem deputada da história do Paraná pelo Partido dos Trabalhadores (PT), com 22 anos.

“É uma alegria sem tamanho. Foi muito tempo para mostrar a importância da juventude nos espaços de governo e de decisão. Chegar aqui como a deputada mais jovem é muito simbólico, por ser de uma família trabalhadora e que nunca teve acesso à política. É uma vitória de todos nós, do movimento da juventude”, disse Ana Julia, em entrevista ao Portal Nosso Dia nesta quarta-feira, momentos após ser empossada deputada pela primeira vez.

Nesta legislatura, a Alep contará com uma bancada feminina composta por dez deputadas, a maior da história. Para Ana Júlia é um avanço, mas ainda há muito mais para ser conquistado. “Somos a maior bancada feminina, mas ainda precisamos avançar. O que eu quero defender é uma Educação de qualidade e emancipadora. A educação na sua concepção, de justiça social e preparar a juventude para o mercado de trabalho”, salientou a deputada.

Ao ser questionada sobre a diferença de idade, já que terá conviver com deputados até 50 anos mais velhos, Ana Júlia afirmou que isso é uma vitória da democracia. “A idade às vezes assusta, já que as pessoas pensam em que lugar estavam com 22 anos. Sobre essa diferença, um conflito ou outro terá, porque são concepções de sociedade diferentes, mas acredito que será um potencial para a Alep e também ao meu mandato”, concluiu.