- Atualizado há 21 horas
O deputado Renato Freitas (PT) é alvo de pelo menos duas representações no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) pela postura na manifestação pela morte de Rodrigo Boschen, de 22 anos, no Hipermercado Muffato, no bairro Portão, em Curitiba, na noite da última quarta-feira (26). O jovem foi morto após o suposto furto de um chocolate e chicletes no estabelecimento, após ser perseguido do lado de fora por dois funcionários, um segurança terceirizado e um motoboy.
Um das representações é do deputado estadual delegado Tito Barichello (União Brasil). O documento sustenta que Renato Freitas ultrapassou os limites da atuação política legítima durante o protesto, caracterizando possível abuso das prerrogativas parlamentares, além de infrações ao Código de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa do Paraná.
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De acordo com o deputado, a conduta de Freitas representou um “abuso reiterado” de sua posição como parlamentar, infringindo princípios constitucionais, normas internas da Alep e, possivelmente, dispositivos legais. Para Barichello, a imunidade parlamentar não pode ser confundida com licença para desrespeitar a ordem pública e invadir propriedades privadas.
Conforme o documento, durante protesto, Freitas teria proferido ofensas e palavras de baixo calão dirigidas a funcionários e clientes. Em um dos trechos captados por câmeras, Freitas aparece discutindo com uma cliente e, segundo Barichello , chega a arrancar uma cesta de compras de suas mãos — ação que o parlamentar classificou como “desrespeitosa”.
A outra representação é do vereador de Curitiba, Guilherme Kilter (Novo), que acusa Freitas de promover um ato que extrapolou limites legais e éticos ao fechar de maneira deliberada os caixas do supermercado, causando transtorno a clientes e funcionários.
Segundo Kilter, durante o ato, Renato Freitas fez uso de um megafone para convocar manifestantes a impedirem o funcionamento do supermercado. Vídeos divulgados amplamente nas redes sociais mostram Freitas declarando explicitamente: “Nós estamos travando os caixas do supermercado”. A atitude impediu consumidores de realizarem suas compras, causando transtornos e situações de conflito com clientes e funcionários.
Um dos episódios mais graves citados na representação envolve violência direta praticada pelo deputado contra uma consumidora que estava no local. O deputado foi flagrado puxando violentamente a cesta de compras das mãos de uma mulher, que ao tentar reagir, foi xingada publicamente pelo parlamentar com expressões ofensivas, entre elas “vai se f****, otária”. A ação, amplamente divulgada em vídeos, configurou-se em violência física e moral contra uma mulher.
Na representação protocolada, Guilherme Kilter afirma que tais atos representam grave violação do Código de Ética e do Regimento Interno da Assembleia Legislativa, caracterizando abuso de prerrogativas parlamentares e quebra do decoro parlamentar. O vereador destaca que o comportamento do deputado Renato Freitas ultrapassa qualquer limite aceitável para um representante público, configurando crimes como injúria e violência contra a mulher, além de incitação à desordem e perturbação das atividades comerciais do estabelecimento.
“Hipócritas”
Em vídeo sobre a representações, Renato Freitas afirmou que em nenhum momento agrediu alguém durante o protesto, apenas gritou por Justiça. “Isso não é verdade. Eu desafio a ter uma gravação que eu encoste em alguem. ‘Mas você falou e gritou no mercado’. Com certeza falei e protestei, já que há o corpo no chão de um inocente de 22 anos. Uma família em luto, um irmão traumatizado. A sociedade ferida, que acredita na justiça, e por isso a gente estava ali”, disse.
Em seguida, afirmou que os ‘hipócritas’ querem que a atenção para morte de um inocente seja desviada. “Para encobertar o assassinato de um inocente, eles dizem: ‘o protesto era legítimo, mas a forma de se fazer foi errada. Mas eles não estavam lá para propor uma forma correta. Os hipócritas querem que você deixe de olhar o inocente assassinado e passe a olhar a mim, novamente como vilão. Fizeram isso no caso da igreja e estão fazendo agora. Fale a verdade e será perseguido”, concluiu.