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Faz quase cinco meses que a adolescente Ágatha Scapini, 16 anos, se despediu da pequena cidade de Pranchita, no sudoeste do Paraná, para respirar ares canadenses. O retorno está previsto para julho, daqui a alguns dias, mas quem volta é outra Ágatha: segundo ela, mais madura e com uma visão abrangente sobre cultura e povos.
Ela é uma das estudantes de escola pública aqui do Paraná que faz parte de um intercâmbio por meio do Governo do Estado. Junto com outros 99 estudantes, ela foi selecionada – pelas notas e frequência – a integrar o programa Ganhando o Mundo e ir ao Canadá.
A intercambista Ágatha está em Hare Bay, uma pequena cidade localizada na província canadense de Newfoundland and Labrador. Lá, frequenta uma escola regularmente, aperfeiçoa o inglês e vive com uma família que mantém os cuidados a ela. “Vim de uma cidade bem pequena, onde família e amigos moram muito perto. Foi um choque pra mim, na primeira semana. Aos poucos, me adaptei, fui conhecendo melhor as pessoas. No meu colégio todos sabiam meu nome, me acolheram tão bem. Está sendo uma oportunidade incrível na minha vida, que talvez não conseguisse ou nem ao menos pensasse se não fosse esse incentivo”, contou ela, em entrevista ao Portal Nosso Dia.
Após a seleção, os estudantes têm acesso a um curso rápido de inglês, com foco em conversação. A ideia é fazer com que a primeira imersão na língua estrangeira aconteça ainda aqui no país. “Assim que cheguei no aeroporto fui comprar um café. Ele veio todo certinho, do jeito que eu pedi. Já mandei mensagem pra minha mãe falando que eu tinha conseguido, pelo menos já era um começo”, relembrou a estudante, que agora já arrisca conversas longas e pedidos mais detalhados de café.
A ideia é que os estudantes fiquem em cidades diferentes, justamente para vivenciar a essência de uma experiência linguística e cultural de cada país. Para o Portal Nosso Dia, o coordenador do programa Ganhando o Mundo, Marlon de Campos Mateus, explica que eles acabam se encontrando nas escolas matriculadas.
“Geralmente tem de três a quatro alunos por escola, então acabam se encontrando. Eles fazem amizades, viajam quando podem, vivem uma verdadeira experiência lá fora. A proficiência no inglês é um dos itens importantes, uma consequência, já que é uma dor da nossa rede pública”, lamentou.
Os intercambistas são acolhidos em casas de famílias selecionadas pelo programa, por meio de uma empresa especializada em intercâmbio. “Nós e os coordenadores do programa de lá estamos a todo momento em contato para administrar tudo que envolve a estadia deles”, completou, em entrevista.
O programa banca a ida/volta dos estudantes, organiza o intercâmbio, faz a mediação com as famílias e a matrícula nas escolas, onde eles seguem com o Ensino Médio. Além disso, o Estado também oferece uma bolsa intercâmbio, por meio de um cartão pré-pago, no valor de R$ 800.
A parceria do Governo do Estado abrange províncias de Ontário, Manitoba, Newfoundland e Alberta, no Canadá.
Para inserir mais estudantes nessa vivência internacional, o programa Ganhando o Mundo trabalha com continuidade. Assim que os adolescentes desembarcarem do Canadá, outra leva voa para novas experiências: desta vez, para a Nova Zelândia.
Ansiosa e sem saber o que colocar na mala, a adolescente Emilly Diandra, 14 anos, é uma das estudantes selecionadas para a nova etapa, que organiza a ida em meados em julho. Ela mora em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, e estuda no Colégio Estadual Costa Viana.
“Me inscrevi quase nos últimos dias e esqueci. Quando vi o resultado, tive uma sensação sem igual. Com certeza, essa oportunidade que estou tendo eu não teria nesse momento. Isso vai mudar minha realidade, vou sair da minha zona de conforto para viver em outro país. Nem estou acreditando”, disse ela, ao Portal Nosso Dia.
Muito apegada a mãe, Emilly acredita que a oportunidade de ter uma experiência de intercâmbio vai interferir, inclusive, em um processo de independência. “Hoje eu dependo da minha mãe pra tudo, acho que vai ser uma boa oportunidade para um crescimento pessoal, também”, disse ela.
A seleção é feita com base na média de notas e frequência. Os critérios são: média maior ou igual a sete (7,0) em todas as matérias e frequência maior ou igual a 85%. Para chegar à pontuação final, são somadas as médias de todas as disciplinas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
“Nesse ano, todos foram selecionados estão com notas muito altas. Para se ter uma ideia, os 16 primeiros tiraram nota máxima, ou seja, tiraram 10 em todas as matérias, durante os três trimestres”, contou o coordenador do programa, Marlon.
Dedicação e oportunidade aos estudantes da rede pública. Para saber de todos os critérios, inscrições ou conhecer ainda mais sobre o Ganhando o Mundo, clique aqui.