Um e-mail com ofensas racistas, atribuído a conta do vereador Sidnei Toaldo (Patriota) e enviado ao vereador Renato Freitas (PT), foi denunciado à Câmara Municipal de Curitiba (CMC), nesta terça-feira (10). No corpo da mensagem, que Freitas trouxe à tona, palavras como 'seu negro' e 'volte para a senzala'.

PUBLICIDADE
Vereador Renato Freitas (Foto: Divulgação)

A mensagem foi enviada pelo e-mail de Toaldo no sistema interno da CMC. O vereador é relator do processo que investiga Freitas, acusado de quebra de decoro por invadir a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, durante uma manifestação contra o racismo em fevereiro. No parecer, pediu pela cassação do mandato do parlamentar. A deliberação acontece nesta terça-feira.

Toaldo nega ter sido o autor da mensagem, registrando o caso junto à Polícia Civil para que seja apurado o uso indevido da conta dele. Como assessores podem ter acesso ao e-mail, o vereador Renato Freitas quer tentar descobrir quem foi o autor da mensagem com cunho racista.

Na mensagem, o autor diz a Renato que 'não tem medo de esquerdistas vagabundos que te defendem, seu negro'. Em outro trecho, afirma que a 'Câmara de Vereadores de Curitiba não é seu lugar, Renato. Volta para a senzala'. Há ainda mensagens de ameaça a cassação de mandato de outros dois vereadores negros da Casa; Carol Dartora (PT) e Herivelto Oliveira (Cidadania).

PUBLICIDADE

Posição da câmara

Sobre a denúncia, o presidente da CMC, Tico Kuzma (Pros), afirmou, durante sessão nesta terça-feira (10), que é “inaceitável” e “criminoso” o uso indevido do e-mail institucional do Legislativo para ataques racistas aos vereadores da capital do Paraná. “Deixo a minha solidariedade ao vereador Renato, ao vereador Herivelto e à vereadora Carol Dartora pelo conteúdo do e-mail. Esta Casa fará de tudo para apurar os fatos e já estamos tomando providências”, garantiu Kuzma.

O presidente da CMC informou ter recebido manifestação do vereador Renato Freitas denunciando o recebimento do e-mail e outra, de Sidnei Toaldo, negando com veemência a autoria da mensagem e prometendo lavrar Boletim de Ocorrência do ocorrido. “A CMC disponibilizará todas as informações necessárias às autoridades para a apuração do ocorrido, com o fim de proteger a segurança de dados de todos os usuários dessa Casa”, asseverou Tico Kuzma.

Cassação

Freitas é acusado de quebra de decoro por participar de uma manifestação contra o racismo na Igreja do Rosário dos Pretos, no Largo da Ordem.

Segundo a defesa, não houve prática de infrações ético-disciplinares ou abuso de poder de prerrogativas que caracterizam quebra de decoro parlamentar. Sobre a organização da manifestação, reitera que ela “foi coletivamente organizada por diversas frentes e organizações do Município de Curitiba, que partilharam do mesmo sentimento de indignação ante às mortes ocorridas [do congolês Moïse Kabagambe e de Durval Teófilo Filho no Rio de Janeiro]”.

PUBLICIDADE