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Relatório do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba, divulgado nesta segunda-feira (29/4), contabiliza 150 casos de Hepatite A registrados em Curitiba entre janeiro e 26 de abril de 2024 (dados preliminares), com três mortes confirmadas. O alto número de casos caracteriza surto da doença, o que motivou estudo da SMS quanto às características e a fonte das contaminações. Para se ter uma ideia, a série histórica de vigilância das hepatites virais da Secretaria Municipal da Saúde registrou, entre 2012 e 2022, 111 casos de Hepatite A em Curitiba. Ou seja, em quatro meses são 39 casos a mais do que no período de dez anos.

Geralmente, são menos de 10 casos por ano, mas em alguns períodos as confirmações cresceram. Em 2012, foram confirmados cinco casos da doença na cidade; três em 2013; cinco em 2014; cinco casos também em 2020, 2021 e 2022. O maior número registrado em Curitiba havia sido em 2018, com 21 confirmações.

Em 2024, desde janeiro até 26 de abril, já foram confirmados 150 casos de hepatite A em Curitiba, dos quais 80% (120 casos) atingiram homens e 20% (30 casos) mulheres. A faixa etária mais evidente está entre 20 e 39 anos. Cerca de 48% das pessoas contaminadas (72) precisaram de hospitalização e sete delas (9,7%) necessitaram de cuidados intensivos, ou seja, internação em UTI.

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Também foram confirmados três óbitos por Hepatite A aguda neste ano: uma mulher de 29 anos, e dois homens, de 40 e 60 anos. Um homem de 46 anos precisou de transplante hepático em decorrência da doença e já está recuperado.

A principal orientação é intensificar os cuidados de higiene das mãos antes de comer e após usar o banheiro, a atenção à qualidade da água, tanto para o consumo quanto aquela usada para lavar frutas e verduras, e o uso de preservativos nas relações sexuais.

“Nossas equipes estão investigando todos os casos confirmados, inclusive com a realização de inquérito telefônico. Os números nos alertam para a necessidade de intensificar os cuidados preventivos”, informa o médico e diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides de Oliveira.

A investigação realizada pelo Centro de Epidemiologia não identificou focos de contaminação de água ou alimento, o que reforça o comportamento sexual desprotegido como fonte provável de contaminação.

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“A prática de sexo seguro, principalmente anal/oral, tem se mostrado uma indicação necessária, principalmente entre os jovens, que não estão imunizados contra a Hepatite A”, reforça Alcides Oliveira.

Quem teve Hepatite A na infância, quando a situação de saneamento básico ainda estava aquém do necessário e era comum a contaminação por água não tratada, já tem imunidade contra a doença. As crianças, vacinadas desde 2014 pelo sistema público, também estão protegidas. Já o jovem adulto, faixa etária que concentra 80% das confirmações, não tem imunidade contra a doença porque não foi vacinado, o que reforça ainda mais a necessidade das ações preventivas indicadas.

Sintomas

Os sintomas da Hepatite A muitas vezes podem ser confundidos com os de outras doenças. Os principais são fadiga, mal-estar, febre e dores musculares. Com a evolução do quadro, podem surgir sintomas gastrointestinais como enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia.  A pessoa contaminada também pode apresentar urina escura (cor de coca-cola) e a pele e os olhos amarelados (icterícia).

Vacina

Desde 2014, a vacina de hepatite A está disponível no calendário básico de vacinação do SUS para crianças menores de 5 anos. Todas as Unidades de Saúde da capital paranaense oferecem a imunização contra a doença.

No Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) a vacina de Hepatite A está disponível para os seguintes grupos:

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  • Hepatopatia crônica de qualquer etiologia, inclusive portadores do vírus da hepatite C e B.
  • Pessoas vivendo com HIV/aids.
  • Imunodepressão terapêutica ou por doenças imunodepressoras.
  • Coagulopatias, doenças de depósito, fibrose cística, trissomias, hemoglobinopatias.
  • Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes.
  • Transplantados de órgão sólido (TOS).
  • Transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH).
  • Asplenia anatômica ou funcional de doenças relacionadas.

Saiba como prevenir a contaminação pela Hepatite A

  • Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos);
  • Lavar com água tratada, clorada ou fervida os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
  • Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
  • Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
  • Usar instalações sanitárias;
  • No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária;
  • Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
  • Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
  • Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.

Atendimento

Ao apresentar sintomas de Hepatite A, o curitibano deve procurar atendimento de saúde nas Unidades de Saúde, UPAs ou pela Central Saúde Já. Se os sintomas forem leves, o atendimento pode ser feito pela Central Saúde Já – 3350-9000. Depois da classificação de risco, feita por profissional de enfermagem, a pessoa poderá ser direcionada para consulta médica por telefone ou vídeo, receber as orientações para o seu caso, ou ainda ser encaminhado para atendimento presencial, se necessário.