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APolícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou nesta quinta-feira (16) um balanço de ocorrências de trânsito nas rodovias federais no Paraná em 2024, apresentando dados de acidentes, fiscalização e educação para o trânsito. Os registros da PRF apontam que 605 pessoas perderam a vida em sinistros de trânsito, número 8,2% maior do que o de 2023, quando 559 pessoas morreram. A alta nas mortes é puxada, principalmente, por dois tipos de acidentes: as colisões frontais e os atropelamentos de pedestres, com aumentos de 19,8% e 13,3%, respectivamente.
Preciso registrar que a Polícia Rodoviária Federal se solidariza com cada família, parentes e amigos de pessoas que perderam a vida ou se machucaram em ocorrências atendidas por nossas equipes. Cada número aqui carrega incontáveis dores de pessoas atingidas por tragédias devastadoras, centenas de pessoas que pegaram a estrada, sem jamais chegar ao destino, sem jamais poder voltar pra casa – Fernando César Oliveira, superintendente da PRF Paraná.
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A colisão frontal segue como o tipo de sinistro com mais mortes. Apesar de representar apenas 6,3% do total de sinistros, foi responsável por 181 mortes, cerca de 30% do total. Esse tipo de colisão ocorre, principalmente, devido a ultrapassagens proibidas ou malsucedidas, e ao excesso de velocidade. Em 2023, quando já eram uma preocupação, as colisões frontais foram responsáveis por 151 mortes, 27% do total. Entretanto, a participação no total de acidentes era praticamente a mesma de 2024, com 6,4% das ocorrências. Desta forma, o aumento dos números de óbitos revela um aumento na gravidade deste tipo de sinistro, que passou a causar mais mortes.
Assim como acontece nas colisões frontais, os sinistros de atropelamentos de pedestres geram muitos óbitos em desproporção com a quantidade de sinistros. Correspondendo a apenas 4,3% dos sinistros, com 312 registros, os atropelamentos respondem por 16% dos óbitos (97 pedestres mortos). Do total de atropelamentos, um terço resultou em morte, despertando ainda mais atenção para este grave problema, demonstrando a fragilidade dos pedestres no trânsito.
Os atropelamentos guardam uma relação direta com a falta de luminosidade natural. Oito em cada dez mortes de pedestres (79 de 97) ocorreram à noite ou em horários propícios ao ofuscamento da visão, como o amanhecer e o anoitecer. Dos 212 atropelamentos que ocorreram nesses horários, 189 foram em locais sem iluminação artificial.
Para diminuir o risco causado pela baixa visibilidade nestes períodos do dia, a PRF reforça aos condutores a importância da redução da velocidade e da manutenção de equipamentos do veículo, como luzes e vidro para-brisa. Aos pedestres, recomenda-se o uso de roupas claras, lanternas e coletes refletivos, além de caminhar no sentido contrário aos veículos.
A PRF continua a investir em duas linhas de trabalho na sua contribuição para conter a violência nas rodovias: a fiscalização das condutas humanas que contribuem para a insegurança e a educação de trânsito.
Como estratégia para combater a violência nas rodovias, a PRF realizou ações para verificar as condições de veículos e de condutores, utilizou radares para fiscalizar abusos de velocidade e manteve suas ações contra ultrapassagens indevidas, além da fiscalização de outras condutas. Em 2024, 19.056 condutores foram flagrados pela PRF realizando ultrapassagens proibidas. O número, equivalente a mais de 53 autuações por dia, apresenta um pequeno recorte do cenário de desrespeito à vida nas rodovias paranaenses. Nas fiscalizações com o uso de radares de velocidade, foram 341.028 flagrantes, mais de 930 por dia.
As causas das ocorrências geralmente são multifatoriais, envolvem mais de uma causa ao mesmo tempo. E a redução dos índices de violência no trânsito brasileiro não depende apenas da polícia – Fernando César Oliveira, superintendente da PRF Paraná
O excesso de velocidade está intimamente ligado com a insegurança no trânsito rodoviário. Os dados demonstram que as três principais causas prováveis de acidentes registradas pela PRF no Paraná têm ligação com o excesso de velocidade: ausência de reação do condutor, reação ineficiente ou o próprio excesso de velocidade. São pelo menos 2.576 sinistros (39,1% do total) englobados por estas três causas.
Durante o ano, mais de 142 mil pessoas participaram de ações diversas de educação da PRF, o equivalente a 389 pessoas por dia. Em 2024, por exemplo, como parte dessas ações de educação, a PRF trouxe para o estado uma carreta adaptada para funcionar como cinema rodoviário. Com este equipamento, em fiscalizações nas rodovias e em eventos, a PRF levou vídeos e palestras de segurança viária a adultos e crianças
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) traz em suas normas que os veículos de maior porte são responsáveis pela segurança dos veículos de menor porte. Os registros de 2024 servem para mostrar como a diferença de massa entre os veículos pode amplificar as consequências negativas dos sinistros. Mais da metade das mortes (51%) ocorreram em situações que envolveram caminhões, embora estes estejam envolvidos em apenas 29% das ocorrências. Foram 2.136 sinistros envolvendo caminhões, com o resultado de 313 mortes.
Esse quadro repete um destaque negativo já registrado em 2023, quando foram registradas 291 mortes envolvendo estes veículos. Com um aumento de 7,56% em relação a 2023, 22 vidas a mais foram perdidas em sinistros com o envolvimento de caminhões.
Apesar de uma diminuição na quantidade de sinistros que envolveram caminhões com problemas mecânicos, passando de 278 para 218 ocorrências, houve um aumento de 30% nas mortes, que passaram de 30 para 39.
Dados de novembro de 2024 do Ministério dos Transportes mostram que, dos mais de 9 milhões de veículos registrados no Paraná, apenas 4,7% são caminhões. Entretanto, por entender a relevância desses veículos no cenário de sinistros e mortes no trânsito, quase metade das abordagens a veículos no estado foram a veículos de carga. Das 260 mil abordagens a veículos realizadas em 2024, 118 mil foram a caminhões, com verificação das condições de motoristas, dos veículos e de documentos obrigatórios. Um dos resultados obtidos, foi o aumento de 130% de flagrantes de condutores de veículos pesados dirigindo sem o descanso obrigatório, com o número de ocorrências subindo de 2.582 para 5.955.
Além de outras infrações, esse esforço operacional resultou em um aumento de flagrantes de excesso de peso em veículos de carga. Mais de 12 milhões e meio de quilos em excesso foram encontrados sendo transportados nas rodovias do Paraná, com as empresas autuadas e obrigadas a regularizar a carga para seguir viagem. A infração, além de ocasionar um desgaste prematuro de rodovias e de veículos, altera negativamente o desempenho das frenagens e a estabilidade em curvas, gerando um risco muito grande de sinistros graves.
Como possível reflexo, a PRF observou um aumento no número de tombamentos de caminhões nas rodovias federais paranaenses, saindo de 245 para 270 ocorrências, com consequente aumento de mortes nestes sinistros, de 14 para 19 óbitos.
Em 2024, nos quase quatro mil quilômetros de rodovias federais atendidas pela PRF no Paraná, foram registrados 7.302 sinistros, resultando em 8.372 feridos e 605 mortos. Esses números são maiores do que os registrados em 2023, quando 6.827 sinistros resultaram em 7.804 feridos e 559 mortos. Proporcionalmente, existe um aumento maior no número de mortos, com 8,2% de alta, demonstrando uma maior gravidade nos sinistros. Ao todo, contabilizando feridos e ilesos, 18.076 pessoas se envolveram em sinistros registrados pela PRF no Paraná.
A palavra sinistros substitui acidentes após atualização da nomenclatura pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) da NBR 10697, em 2020, com adoção pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), no ano passado. A mudança considera fatores técnicos e busca também uma mudança de percepção, pois a expressão acidentes sinalizaria para eventos inevitáveis e imprevisíveis. O termo sinistro, além de mais correto tecnicamente, pretende deixar claro que os sinistros poderiam ser evitados, assim como as mortes e lesões decorrentes que eles causam.
Para 2025, temos uma perspectiva de ampliar nossas fiscalizações sobre caminhões, o que inclui descanso mínimo obrigatório, freios, excesso de peso e velocidade. Estamos otimistas com a assinatura de dois novos contratos de concessão de rodovias. Mais radares fixos a partir de fevereiro. Mais fiscalização por câmeras de videomonitoramento. E uso de ferramentas de inteligência policial em nossas ações de segurança no trânsito. – Fernando Cesar Oliveira, superintendente da PRF Paraná
Mais da metade das mortes (54%) continuam ocorrendo em rodovias de pista simples, onde as ultrapassagens são realizadas na contramão de direção. Essa configuração de via exige atenção redobrada dos condutores, devido ao aumento do risco de colisões frontais, que ampliam a energia dos impactos.
A PRF registra sinistros que resultem em lesões ou mortes, danos ambientais, vazamentos de produtos perigosos ou outras implicações jurídicas, como a presença de motoristas alcoolizados ou inabilitados.
Homens seguem como o grupo de maior risco no trânsito, representando 81% dos óbitos. A faixa etária de maior incidência de mortes foi a de 30 a 39 anos, com 121 óbitos, representando 20% do total. Entretanto, a faixa de 20 a 29 é a que mais se envolve em sinistros, representando 22% do total. O tipo de veículo mais ocupado pelos mortos foi o automóvel (264 mortos) e as motocicletas ficaram com a segunda posição, com 119 registros de óbitos de ocupantes destes veículos.