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A sessão da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) desta quarta-feira (10) foi marcada por forte repercussão dos incidentes ocorridos na noite anterior no prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O tumulto, que impediu a realização da palestra “O STF e a interpretação constitucional”, gerou troca de acusações entre os vereadores Vanda de Assis (PT) e Guilherme Kilter (Novo).
Segundo nota divulgada pela UFPR, o evento foi cancelado pela docente responsável minutos antes de sua realização, diante da intensificação de manifestações contrárias. O episódio acabou em confronto entre defensores e opositores da atividade, com a necessidade de intervenção da Polícia Militar e da Guarda Municipal.
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Primeira a se manifestar, a vereadora Vanda de Assis classificou o episódio como “gravíssimo” e repudiou o uso da força policial dentro da universidade.
“Quero ser muito clara: a entrada da Polícia Militar na Universidade Federal do Paraná é ilegal. A universidade não é um quartel. É um espaço de diálogo, de crítica, de ciência e de arte. A presença ostensiva das forças policiais em um ambiente que deveria ser o templo do saber nos remete a tempos sombrios da nossa história”, disse.
Para a parlamentar, a autonomia universitária é garantida pela Constituição Federal e deve ser respeitada como condição essencial da democracia. “Os estudantes não são bandidos”, concluiu.
Na sequência, o vereador Guilherme Kilter rebateu a fala de Vanda e elevou o tom ao criticar os manifestantes contrários à realização da palestra.
“Não tinha aluno nenhum. Eram homens de 30, 40 anos, mascarados, com porretes, com ‘MR8’ estampado nas costas. Sabe o que é o MR8? É um movimento terrorista. Como a Universidade Federal deixou esses vagabundos entrarem lá? Como permitiram que isso acontecesse?”, questionou.
Segundo o parlamentar, os palestrantes e convidados ficaram trancados por mais de meia hora em uma sala da universidade, enquanto agressores atacavam simpatizantes do evento. “Eles agrediram idosos que foram assistir à palestra, agrediram amigos, assessores. Um saiu com a testa aberta, outro quebrou o pé, e um teve o celular roubado. Quem rouba celular é o quê? Para mim, é bandido. E qualquer vereadorzinho que defenda bandido também está compactuando com isso”, afirmou.
Kilter também contestou trechos da nota oficial da UFPR e ameaçou judicializar a situação. “Universidade Federal do Paraná, vocês têm 24 horas para se retratar dessa mentira, ou eu vou processar vocês. Vamos pegar um por um e abrir processo. Se a Universidade não expulsar, também será acionada na Justiça”, prometeu.
Na nota oficial, a UFPR destacou que a autorização para o uso de espaços da instituição segue critérios formais e é concedida de maneira isonômica. A direção do Setor de Ciências Jurídicas informou ainda que alertou a professora responsável sobre os riscos de violência após a repercussão do evento nas redes sociais.
A instituição concluiu reiterando o compromisso com o Estado Democrático de Direito, a liberdade de expressão e a condenação a toda forma de violência.