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Após ação da PM, UFPR divulga medidas para defender ‘autonomia universitária’

A tentativa de realização da palestra “O STF e a interpretação constitucional”, organizada por uma docente do curso de Direito, terminou em tumulto, intervenção policial e acusações cruzadas
Confusão na UFPR (Foto: Reprodução Instagram)
A tentativa de realização da palestra “O STF e a interpretação constitucional”, organizada por uma docente do curso de Direito, terminou em tumulto, intervenção policial e acusações cruzadas

Redação Nosso Dia

12/09/25
às
7:13

- Atualizado há 36 segundos

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A confusão registrada na noite de terça-feira (9) no prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, continua repercutindo. A tentativa de realização da palestra “O STF e a interpretação constitucional”, organizada por uma docente do curso de Direito, terminou em tumulto, intervenção policial e acusações cruzadas. Dois dias depois, a Reitoria e a Direção do Setor de Ciências Jurídicas divulgaram uma nota oficial anunciando medidas para “assegurar a proteção da comunidade acadêmica e a preservação de sua autonomia universitária”.

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Como começou a confusão

O evento previa a participação dos vereadores Guilherme Kilter (Novo) e Rodrigo Marcial (Novo), além do advogado Jeffrey Chiquini, que atualmente defende Filipe Martins, ex-assessor internacional do ex-presidente Jair Bolsonaro. Minutos antes do início, a palestra foi cancelada pela docente responsável, segundo a própria UFPR, após manifestações contrárias e alertas da direção sobre riscos à integridade física dos participantes.

Mesmo assim, houve tentativa de entrada no auditório e confronto entre grupos favoráveis e contrários à atividade. O episódio rapidamente ganhou repercussão nas redes sociais, onde circularam imagens de brigas, empurrões e acusações de agressões.

A ação da Polícia Militar

Para conter a situação, a Polícia Militar e a Guarda Municipal foram acionadas e entraram no prédio histórico da UFPR. A presença das forças de segurança dentro do espaço universitário gerou reação imediata de setores da comunidade acadêmica e de políticos.

A vereadora Vanda de Assis (PT) criticou o episódio na Câmara Municipal e classificou como “ilegal” a entrada da PM. “A universidade não é um quartel. É um espaço de diálogo, de crítica, de ciência e de arte. A presença ostensiva das forças policiais em um ambiente que deveria ser o templo do saber nos remete a tempos sombrios da nossa história. Os estudantes não são bandidos”, disse.

Já Guilherme Kilter (Novo), que participaria da palestra, acusou a UFPR de omissão e atacou os manifestantes. “Não tinha aluno nenhum. Eram homens de 30, 40 anos, mascarados, com porretes, com ‘MR8’ estampado nas costas. Isso é um movimento terrorista. Eles agrediram idosos, roubaram celulares. Quem rouba celular é bandido. E qualquer vereador que defenda bandido está compactuando com isso”, afirmou no plenário da Câmara, prometendo processar a universidade e os envolvidos.

A resposta da UFPR

Em nota publicada nesta quinta-feira (11), a UFPR afirmou que a entrada da PM ocorreu “sem pedido institucional” e com uso de força considerado “desproporcional”. A universidade anunciou uma série de medidas, que incluem:

  • Notificação ao Comando da Polícia Militar do Paraná, pedindo acesso ao relatório da ocorrência e a identificação da origem da ordem de envio da tropa.
  • Envio de informações à Diretoria Disciplinar da UFPR, para apurar responsabilidades na organização do evento.
  • Comunicação à Defensoria Pública, à OAB-PR e ao Conselho Permanente de Direitos Humanos (COPEDH/PR), para acompanhamento de possíveis violações de direitos.
  • Representação à Procuradoria-Geral de Justiça, solicitando controle externo da atividade policial, além de notificação ao Ministério Público Federal.
  • Agenda com o Governo do Paraná para discutir a proporcionalidade do uso da força e definir protocolos para futuras situações envolvendo a universidade.
  • Notificação à Câmara Municipal de Curitiba, questionando eventual solicitação da presença policial feita pela Casa ou por algum vereador.

Próximos passos

Segundo a Reitoria, as informações reunidas servirão de base para medidas administrativas, legais e judiciais. “A UFPR não se furtará a adotar todas as providências cabíveis para assegurar a proteção de sua comunidade acadêmica e a preservação de sua autonomia universitária”, conclui a nota, assinada pela Reitoria e pela Direção do Setor de Ciências Jurídicas.

Enquanto isso, o caso continua repercutindo politicamente. Parlamentares da Câmara de Curitiba seguem trocando acusações, e entidades ligadas à educação e aos direitos humanos acompanham os desdobramentos, em um embate que colocou em choque conceitos de liberdade de expressão, segurança e autonomia universitária.

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