- Atualizado há 36 segundos
A confusão registrada na noite de terça-feira (9) no prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, continua repercutindo. A tentativa de realização da palestra “O STF e a interpretação constitucional”, organizada por uma docente do curso de Direito, terminou em tumulto, intervenção policial e acusações cruzadas. Dois dias depois, a Reitoria e a Direção do Setor de Ciências Jurídicas divulgaram uma nota oficial anunciando medidas para “assegurar a proteção da comunidade acadêmica e a preservação de sua autonomia universitária”.
Para receber as principais informações do dia pelo WhatsApp entre no grupo do Portal Nosso Dia clicando aqui
O evento previa a participação dos vereadores Guilherme Kilter (Novo) e Rodrigo Marcial (Novo), além do advogado Jeffrey Chiquini, que atualmente defende Filipe Martins, ex-assessor internacional do ex-presidente Jair Bolsonaro. Minutos antes do início, a palestra foi cancelada pela docente responsável, segundo a própria UFPR, após manifestações contrárias e alertas da direção sobre riscos à integridade física dos participantes.
Mesmo assim, houve tentativa de entrada no auditório e confronto entre grupos favoráveis e contrários à atividade. O episódio rapidamente ganhou repercussão nas redes sociais, onde circularam imagens de brigas, empurrões e acusações de agressões.
Para conter a situação, a Polícia Militar e a Guarda Municipal foram acionadas e entraram no prédio histórico da UFPR. A presença das forças de segurança dentro do espaço universitário gerou reação imediata de setores da comunidade acadêmica e de políticos.
A vereadora Vanda de Assis (PT) criticou o episódio na Câmara Municipal e classificou como “ilegal” a entrada da PM. “A universidade não é um quartel. É um espaço de diálogo, de crítica, de ciência e de arte. A presença ostensiva das forças policiais em um ambiente que deveria ser o templo do saber nos remete a tempos sombrios da nossa história. Os estudantes não são bandidos”, disse.
Já Guilherme Kilter (Novo), que participaria da palestra, acusou a UFPR de omissão e atacou os manifestantes. “Não tinha aluno nenhum. Eram homens de 30, 40 anos, mascarados, com porretes, com ‘MR8’ estampado nas costas. Isso é um movimento terrorista. Eles agrediram idosos, roubaram celulares. Quem rouba celular é bandido. E qualquer vereador que defenda bandido está compactuando com isso”, afirmou no plenário da Câmara, prometendo processar a universidade e os envolvidos.
Em nota publicada nesta quinta-feira (11), a UFPR afirmou que a entrada da PM ocorreu “sem pedido institucional” e com uso de força considerado “desproporcional”. A universidade anunciou uma série de medidas, que incluem:
Segundo a Reitoria, as informações reunidas servirão de base para medidas administrativas, legais e judiciais. “A UFPR não se furtará a adotar todas as providências cabíveis para assegurar a proteção de sua comunidade acadêmica e a preservação de sua autonomia universitária”, conclui a nota, assinada pela Reitoria e pela Direção do Setor de Ciências Jurídicas.
Enquanto isso, o caso continua repercutindo politicamente. Parlamentares da Câmara de Curitiba seguem trocando acusações, e entidades ligadas à educação e aos direitos humanos acompanham os desdobramentos, em um embate que colocou em choque conceitos de liberdade de expressão, segurança e autonomia universitária.