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Após pedido de cassação por panfleto sobre drogas, vereadora rebate: “Redução de danos não é apologia, é política de saúde pública”

Vereadora de Curitiba responde à acusação do vereador Da Costa (PROS) e afirma que material distribuído em audiência trata de cuidado, não incentivo ao uso de drogas
Professora Angelo. Foto: Felipe Roehrig
Vereadora de Curitiba responde à acusação do vereador Da Costa (PROS) e afirma que material distribuído em audiência trata de cuidado, não incentivo ao uso de drogas

Angelo Binder e Geovane Barreiro

06/08/25
às
17:34

- Atualizado há 7 horas

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A vereadora Professora Angela (PSOL) se manifestou publicamente na tarde desta quarta-feira (6), em entrevista concedida em frente à Câmara Municipal de Curitiba, após o vereador da Costa do Perdeu Piá (União ) protocolar um pedido de cassação de seu mandato. A acusação gira em torno da distribuição de um panfleto sobre redução de danos durante a audiência pública realizada na noite de terça-feira (5), organizada por seu gabinete.

“Esse folheto foi construído com advogados, médicos, psicólogos, pessoas que constroem a pauta da redução de danos. Ele tinha o intuito de ser distribuído para pessoas que são usuárias. Não é jamais uma apologia ao uso de drogas”, disse a vereadora.

A cartilha traz orientações sobre o uso seguro de substâncias psicoativas, como maconha, cocaína, LSD e outras. O material gerou forte reação de Da Costa, que considerou o conteúdo uma tentativa de “ensinar a usar drogas” e afirmou haver “fortes indícios de apologia ao crime”.

A vereadora, no entanto, defende que a proposta da cartilha está alinhada com práticas reconhecidas mundialmente e serve para tratar o tema sob o olhar da saúde pública.

“A redução de danos é uma política reconhecida internacionalmente. Quando se trata a política de drogas só pelo viés da polícia, o resultado é uma guerra que recai sobre a população preta, pobre e periférica. A cartilha fala de cuidado, dignidade, saúde. Não vejo de forma alguma como algo negativo”, afirmou.

Ela acrescentou que a leitura isolada de trechos do panfleto distorce seu verdadeiro sentido.

“Se você pega uma parte isoladamente, realmente ele vai ter um teor completamente diferente. Mas, numa leitura atenta do material inteiro, você vai ver que ele fala de apologia ao cuidado. Ele não ensina ninguém a usar. Ele fala que, com dignidade, emprego, apoio social, as pessoas podem aos poucos ir se libertando do uso abusivo”, explicou.

Audiência pública reuniu profissionais e lideranças

A vereadora também comentou o conteúdo da audiência pública, que reuniu, segundo ela, diversos profissionais e lideranças.

“A audiência foi um espaço muito rico. Trouxemos profissionais da saúde, da segurança pública, uma liderança indígena. Foram convidados também o superintendente da Guarda Municipal, o presidente da FAS, o presidente da OAB Paraná, o secretário municipal… Enfim, era uma audiência ampla”, afirmou.

Apesar de defender o material, a vereadora informou que não irá mais distribuir a cartilha, ao menos neste momento, em respeito à repercussão que o caso tomou. Ela nega qualquer arrependimento.

“Não me arrependo de ter trazido esse tema para dentro da Câmara. Pelo contrário. É um debate necessário e que precisa ser enfrentado com coragem e responsabilidade”, declarou.

O pedido de cassação feito por da Costa será analisado pela Comissão de Ética e pode ir a plenário. A vereadora diz confiar no processo e reforça que continuará defendendo pautas ligadas à saúde, aos direitos humanos e à dignidade da população usuária de drogas.

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