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Vereadora aponta intolerância religiosa após ofensas a grupo de orações em escola de Curitiba

O episódio teria ocorrido porque um grupo de estudantes passou a se reunir, de forma espontânea, para leituras bíblicas e orações durante os intervalos das aulas
(Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
O episódio teria ocorrido porque um grupo de estudantes passou a se reunir, de forma espontânea, para leituras bíblicas e orações durante os intervalos das aulas

Redação Nosso Dia

07/10/25
às
10:02

- Atualizado há 2 dias

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A vereadora Delegada Tathiana Guzella (União) denunciou, durante a sessão desta segunda-feira (6) na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), um caso que, segundo ela, configura intolerância religiosa na Colégio Estadual São Paulo Apóstolo, no bairro Uberaba, em Curitiba. O episódio teria ocorrido porque um grupo de estudantes passou a se reunir, de forma espontânea, para leituras bíblicas e orações durante os intervalos das aulas. Em nota ao Portal Nosso Dia, a Secretaria de Estado da Educação (SEED) afirmou que trata-se de uma manifestação espontânea os alunos e sem interferência da escola

As reuniões, porém, acabaram gerando polêmica após a divulgação de vídeos nas redes sociais. Em um dos registros, uma estudante protesta contra o grupo, alegando que outras religiões não teriam o mesmo espaço dentro do colégio. Em outro vídeo, uma aluna chega a afirmar que “os evangélicos têm que ser exterminados”, frase que motivou a reação da vereadora.

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Para Guzella, a declaração configura apologia ao crime e requer providências legais e institucionais. “Trata-se de um ato infracional grave. Estamos falando de crianças e adolescentes que têm direito à liberdade de crença, assegurada pela Constituição e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente”, afirmou a parlamentar.

A vereadora apresentou uma Moção de Apoio à liberdade religiosa e ao respeito ao exercício da fé entre a juventude (proposição 416.00048.2025), convidando os colegas a assinarem o documento. A votação está prevista para ocorrer na sessão desta terça-feira (7). Guzella também informou que o gabinete irá formalizar uma representação sobre o caso junto aos órgãos competentes.

Durante seu pronunciamento, a vereadora destacou que “a liberdade religiosa é um direito natural do ser humano” e defendeu os jovens que participavam das orações. “Parabéns a esses adolescentes que se reúnem para falar da Palavra de Deus. Vemos tantos pais que fazem de tudo para afastar os filhos das drogas, e, quando eles estão orando, ainda há quem critique. Não dá para entender”, afirmou.

O vídeo e o contexto

O material exibido em plenário mostra cerca de 70 estudantes reunidos no pátio da escola orando, durante o intervalo das aulas. O vídeo também inclui depoimentos de pais e alunos. Uma das mães que aparece nas imagens afirmou que a iniciativa “trouxe esperança, amor e acolhimento” a jovens que estavam em momentos difíceis.

Por outro lado, uma estudante que criticou o grupo disse acreditar que, se o encontro fosse de religiões como umbanda ou espiritismo, “o colégio ia proibir”. A vereadora contou que mães pediram para que os nomes dos adolescentes não fossem divulgados, por temerem represálias dentro da escola.

Repercussão na Câmara

O discurso de Delegada Tathiana recebeu apoio de outros parlamentares. O vereador Fernando Klinger (PL) defendeu a importância de espaços de escuta para jovens. “Os adolescentes abrem o coração; esse lugar de acolhimento faz a diferença”, comentou.

A vereadora Carlise Kwiatkowski (PL) classificou o episódio como reflexo de uma “sociedade doente”, reforçando que a liberdade de crença deve ser respeitada independentemente da religião. “Não interessa se é umbandista, espírita, evangélico ou católico — a intolerância é um problema que precisamos combater”, disse.

Já Meri Martins (Republicanos) leu uma mensagem enviada por um aluno participante do grupo de oração, que relatou ter “reencontrado a fé” e se emocionado com o apoio dos colegas.

O caso segue repercutindo nas redes sociais e deve ser acompanhado pelo Ministério Público e por órgãos de educação e direitos humanos, diante da gravidade das declarações e do debate sobre liberdade religiosa nas escolas públicas.

O Portal Nosso Dia entrou em contato com a SEED que encaminhou o seguinte retorno:

A Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) esclarece que não promove a realização de atividades religiosas no âmbito escolar, conforme estabelece a Constituição Federal.

No caso específico citado, trata-se de uma manifestação espontânea e voluntária realizada por um estudante durante o intervalo escolar, com participação facultativa de colegas. Não há nenhum tipo de obrigação por parte dos alunos, professores e funcionários de participação em eventos de cunho religioso, independente da fé ou crença.

As atividades que ocorreram nesta situação não integram a rotina pedagógica nem possuem qualquer vínculo com a organização curricular ou com a direção do colégio. A orientação da Seed-PR é de que manifestações individuais sejam sempre realizadas com respeito ao outro, sem imposição de ideias, preservando o direito à liberdade de expressão e garantindo o equilíbrio necessário dentro do espaço escolar.

Além disso, a Secretaria mantém canais institucionais abertos para o recebimento de denúncias ou manifestações da comunidade escolar, que são analisadas com a devida atenção e encaminhadas aos órgãos competentes, quando necessário.

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