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O vendedor Antônio Carlos Antunes, 51 anos, ferido e morto por um policial civil dentro do BarBaran, no Centro de Curitiba, não tinha histórico de agressão ou violência, diz a defesa. À imprensa, a advogada Caroline Mattar Assad, que representa a família do vendedor, afirmou que Antunes era um homem tranquilo, ia às missas pela manhã, falava com as filhas todos os dias e era muito apegado ao neto. “Um homem muito família, alguém muito querido por todos”, disse Caroline, em entrevista coletiva, nesta quarta-feira (1º).
A versão do policial Marcelo Mariano Pereira, 36 anos, lotado na Delegacia do Alto Maracanã, é de que Antunes iniciou as agressões e desferiu um soco violento contra ele. “Ele começou a me agredir pelas costas. Ele fechou a saída e, nisso, eu tentava sair. Tomei um soco que me atordoou até e, nesse momento, temi pela minha vida. Falei ‘polícia, polícia’ e tentei pegar a arma e, nisso, ele pegou no meu braço. Daí eu puxei para trás e aconteceu o disparo”, relatou o policial. Isso teria ocorrido depois que o policial tirou o copo dele que estava em cima da pia. Assista ao depoimento do policial aqui.
No entanto, a defesa nega que Antunes fosse um homem agressivo. “Ele não tem histórico de agressão, não tem histórico de ser uma pessoa destemperada, então até o momento a gente não sabe muito bem o que aconteceu. Isso porque a própria testemunha que prestou ali o seu depoimento junto à Delegacia de Homicídios disse que não ouviu briga verbal, não ouviu xingamentos, não ouviu o Marcelo se identificando como policial, ou seja, ele ouviu apenas barulho corporal”, conta a advogada da família.
De acordo com a defesa, Antunes era uma pessoa tranquila. “Extremamente família, uma pessoa muito apegada a Deus. Temos muitos relatos de que era uma pessoa de fácil convívio. Todos falam que era uma pessoa muito acolhedora, extremamente feliz. É uma pessoa que era devota, ia à missa todos os dias de manhã. A filha relata isso para a gente, que ele era uma pessoa que vivia com uma medalha no bolso, era uma pessoa que vivia com um terço. Era muito, muito família, ligava todo dia para a família, que morava longe, queria saber como é que estavam. Ele era extremamente apegado ao neto. O neto, inclusive, não sabia que o vô estava internado, mas não teve como não contar para ele do falecimento”, conta a advogada.
Com apenas três anos, o neto disse à mãe que tem um plano para buscar o avô no céu. “Ele diz assim ‘vou pegar um foguete, vou pegar um astronauta e a gente vai lá buscar o meu vovô no céu’. Muito triste”, detalha Caroline. “A família está inconsolável. Mal conseguimos conversar nesse momento. Eles saíram de uma situação onde celebravam a vida, literalmente, de uma das filhas, e voltaram para casa com a morte”, completa.
Para a advogada da família, a defesa vai provar que não houve proporcionalidade na legítima defesa, versão do policial. “A gente reconstrói qualquer fato por meio de provas. Nesse caso, a gente tem uma grande deficiência de provas por ter ocorrido um crime em um local que não há câmeras, mas há perícia, lesões, a dinâmica do tiro”, diz Caroline.
“Uma coisa é fato, não há de maneira alguma proporcionalidade. Quando a gente fala em legítima defesa no Direito, não podemos esquecer que precisa ser proporcional. Você vai repelir uma agressão de forma proporcional. Como que aqui, nesse caso, falamos em proporcionalidade com uma pessoa armada, 36 anos, e um senhor de 51 sem porte atlético e desarmado. Não estamos falando de algo equivalente”, finaliza a advogada da família.