O avanço da dengue e as ondas de calor - apesar da chegada do outono - vêm provocando um fenômeno que o consumidor já pode ter notado: o fim - ou a escassez - dos repelentes nas prateleiras. E não é só nas farmácias físicas que o repelente sumiu. Nos e-commerces do varejo farmacêutico o item também vem sofrendo baixas. Foi o que notou a plataforma Consulta Remédios (CR), que hoje é o segundo maior marketplace do setor com mais de 3 mil farmácias cadastradas no Brasil e que recentemente viu seus parceiros zerarem os estoques. 

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“A gente notou uma alta na busca pelo item, reflexo das campanhas educativas para o uso do repelente como forma de prevenir a dengue. São produtos acessíveis e que podem sim ser uma forma de evitar a doença, que atingiu níveis nunca alcançados no país”, disse a farmacêutica da plataforma Rafaela Sarturi. O levantamento considerou os dados de buscas e vendas do mês de março de 2023 em comparação com o mesmo mês deste ano, que teve mais de 37 mil buscas pelo produto. Já no que diz respeito às vendas, em março de 2023 foram 65 vendas de repelentes, enquanto no mesmo mês de 2024 foram realizadas mais de 2.300 vendas de repelente, uma variação que chega a 3.526%.

No levantamento, também foi possível observar uma grande variação nos preços, que vão de R$ 17 a R$ 75. “Quando um produto começa a ser muito procurado é natural que os preços subam. Por isso, é essencial que as pessoas pesquisem porque faz toda a diferença. É claro que também existem produtos e produtos, com especificidades diferentes e para peles e públicos diferenciados. Hoje a oferta é bem grande”, conta Rafaela.

E pesquisa é a palavra-chave mesmo, pois segundo a farmacêutica, é preciso estar atento a muitos pontos na hora de escolher produtos que sejam realmente eficazes na prevenção das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. “O primeiro ponto a se observar e pesquisar é se o repelente é regulamentado pela Anvisa, isso é muito importante, pois estamos falando de um produto com substâncias químicas a serem aplicadas e absorvidas pela pele, então, a regularização é fundamental. Ainda, o ideal, quando se fala de mosquito da dengue, é buscar repelentes que contenham ou Icaridina, princípio ativo derivado da pimenta, ou ainda DEET ou IR3535, substâncias que garantem mais eficácia contra a picada do mosquito”, diz Sarturi.

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No levantamento realizado, a CR constatou ainda que entre os estados que mais compram repelentes estão os do Sudeste, que concentram cerca de 81% das vendas, seguidos pelos estados do Sul (15%), Centro-Oeste (2%), Nordeste (1%) enquanto os estados no Norte representam apenas 0,1% das vendas do item pela plataforma. “Em alguns estados do Sul esse boom nas vendas também acontece em decorrência de um aumento na população de mosquitos como um todo. Em Curitiba, por exemplo, até mesmo a Câmara de Vereadores solicitou o uso de larvicidas em decorrência de uma infestação de borrachudos na cidade”, conta Rafaela.

Também foi possível observar no levantamento uma grande procura por repelentes voltados ao público infantil. “Hoje o recomendado é que sejam utilizados produtos específicos para essa faixa etária, pois são repelentes que já possuem princípios ativos que não são prejudiciais à pele das crianças e não provocam reações, uma vez que a pele dos pequenos é sempre mais sensível. Vale ainda alertar que o uso de repelentes em bebês menores de seis meses, são contra-indicados. Nestes casos, o indicado é utilizar telas nas janelas e mosquiteiros para proteger os pequenos”, finaliza a farmacêutica.