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O Governo do Paraná iniciou nesta segunda-feira (14) uma campanha de vacinação proteger para 2,4 milhões de estudantes da rede pública de educação básica, além de alunos da rede privada, em uma ação inédita. A força-tarefa, que envolve mais de 7 mil escolas públicas e 500 instituições privadas nos 399 municípios, gerou polêmica na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), após o deputado Ricardo Arruda (PL) criticar como está sendo feita a campanha.
Segundo Arruda, que é contrário a vacinação contra a covid-19, não está especificado para os pais quais imunizantes os filhos vão receber. “O pai pode autorizar ou não autorizar. Porém, é preciso especificar quais vacinas vão aplicar e o pai tem direito de saber. Por exemplo, a vacina contra a Covid-19, o mundo inteiro já parou de aplicar e a maioria do Paraná não quer. Pedi que seja refeito isso”, disse Arruda, embora não seja verdadeira a afirmação de que o ‘mundo parou de aplicar’, já que a vacina é aplicada nos principais países ao redor do mundo, o que não há é a obrigatoriedade
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Após fala de Arruda em sessão da Alep criticando a campanha, o deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli detonou o negacionismo do colega. “Pura ignorância. Os pais autorizam e terão que assinar uma declaração. Vai ter que responder juridicamente e perante a Deus se não vacinar”, disse o deputado, que questionou se a pandemia de covid-19 teria acabado sem a vacina. “Fica criando factoide. Ou alguém acha que sem a vacina a gente teria superado a pandemia. Quantas pessoas morreram pela demora na compra por questões ideológicas, achavam que a cloroquina salvaria, vimos o que aconteceu em Manaus”, lembrou o parlamentar sobre a crise de oxigênio no Amazonas, que matou pacientes pela falta de atendimento.
Já Arruda, por sua vez, refutou ser antivacina, mas disse que a da covid-19 é um imunizante . “A campanha é importante, mas estamos falando de vacina do covid. É preciso ser refeito esse documento. Vacinas tradicionais tem que dar, mas a da covid fica à parte. A vacina da covid é optativa. Está tendo uma pressão para os pais. Tomei todas as vacinas e a da Covid não tomei, porque é uma terapia gênica. O pai tem o direito de escolher do que o filho vai receber”, disse.
Campanha de vacinação
A campanha segue até 31 de maio e tem como meta reforçar a imunização de aproximadamente 2,4 milhões de estudantes da rede pública de educação básica, além de alunos da rede privada, em uma ação inédita. A ação contempla a aplicação de vacinas contra Influenza, Febre Amarela, Covid-19 e HPV, além da atualização de imunizantes como pentavalente, DTP (tríplice bacteriana), poliomielite e pneumocócica 10.
A vacinação será realizada dentro das próprias instituições de ensino, mediante autorização dos pais ou responsáveis. As carteiras de vacinação serão avaliadas pelas equipes de saúde para identificar quais imunizantes devem ser aplicados em cada aluno. As Unidades Básicas de Saúde serão responsáveis por organizar, junto às escolas, um cronograma específico, conforme a realidade de cada localidade.
Segundo o secretário de Estado da Educação, Roni Miranda, a campanha representa uma importante ação do Governo do Paraná para ampliar o acesso à vacinação dos estudantes. “Muitos pais têm rotinas de trabalho que dificultam a ida a uma unidade de saúde. Com a autorização, a aplicação nas escolas facilita esse cuidado essencial. Nossos professores atuam na conscientização sobre os benefícios das vacinas, e as equipes pedagógicas reforçam essas informações junto às famílias. O mais importante é garantir que todos os alunos estejam protegidos”, afirmou.
O termo de consentimento e a apresentação da caderneta de vacinação são obrigatórios para a aplicação das vacinas nas escolas. Os pais ou responsáveis que não autorizarem a imunização deverão apresentar, no prazo de até 30 dias, a declaração de atualização vacinal emitida por uma unidade de saúde.
“Essa campanha é fruto de uma grande união de esforços entre as secretarias estaduais e municipais de Saúde e Educação, alcançando mais de 7 mil escolas públicas e privadas em todo o Paraná. Nosso foco está nas vacinas de rotina, com ênfase especial em imunizantes como Influenza, Febre Amarela, Covid-19 e HPV”, ressaltou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
“Tudo será feito com a devida autorização dos pais. No Paraná, a vacina é tratada com base na ciência, dentro de um ambiente de aprendizado. Aqui, ciência é ensinada e também praticada. Estamos engajando a sociedade — escolas, famílias, igrejas e associações — para fortalecer essa mobilização pela saúde das nossas crianças e adolescentes”, complementou.
A campanha já teve edições anteriores com resultados expressivos. Em 2024, uma mobilização semelhante verificou 495 mil carteirinhas de vacinação e aplicou quase 293 mil doses em escolas estaduais e municipais do Paraná. A expectativa é de que os números aumentem neste ano com o fortalecimento da parceria entre Estado e municípios e a ampliação da adesão das famílias.
“O povo paranaense é receptivo às vacinas e nossos adolescentes já estão bem informados sobre os benefícios dela”, afirmou o coordenador do Programa Saúde na Escola, Lourival de Araújo Filho.
Além de proteger os estudantes contra doenças imunopreveníveis, a ação fortalece o vínculo entre escola, família e comunidade, promovendo o cuidado integral com crianças e adolescentes.
ADESÃO – Levar a vacinação até as escolas torna o processo mais acessível, já que os estudantes não precisam sair do ambiente escolar para atualizar a caderneta. A estudante Nicolly Victoria de Oliveira Neves aproveitou a oportunidade para regularizar suas doses já nesta segunda. “É muito bom para todo mundo. Eles verificam a carteirinha e veem já todas as vacinas que você precisa tomar”, disse.
Para o aluno Eloeder Joaquim, a iniciativa tem um papel fundamental na prevenção de doenças entre os jovens. “É um movimento que está relacionado à nossa saúde. Quando a gente toma uma vacina, a gente está se prevenindo de pegar várias doenças, e ninguém gosta de ficar doente”, afirmou.