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Utilizou veículo como arma’, diz juíza na decisão de prisão do motorista da Porsche

A defesa de Sauceda nega intencionalidade e chama o ocorrido de "acidente"
(Foto: Reprodução Rede Globo)
A defesa de Sauceda nega intencionalidade e chama o ocorrido de "acidente"

Estadão Conteúdo

31/07/24
às
17:25

- Atualizado há 5 meses

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A juíza da audiência de custódia de Igor Ferreira Sauceda, empresário de 27 anos que dirigia a Porsche amarela que colidiu e matou o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, na Avenida Interlagos, zona sul da capital, na segunda-feira, 29, diz em sua decisão em que decretou a prisão preventiva que “as imagens são claras e demonstram que o indiciado utilizou o seu veículo como verdadeira arma”. O advogado de Sauceda chama o ocorrido de “fatalidade”.

No documento, ao qual o Estadão teve acesso, a juíza Vivian Brenner de Oliveira refuta argumentos utilizados pela defesa de Sauceda, como o fato de o teste do bafômetro do empresário ter dado negativo e ele ter permanecido no local, sem resistir à prisão. De acordo com ela, “não é suficiente para afastar a gravidade da sua conduta”.

A defesa de Sauceda nega intencionalidade e chama o ocorrido de “acidente”, mas não comentou, até o momento, os detalhes do ocorrido. “Infelizmente, nós tivemos uma fatalidade no dia de hoje. O Igor estava voltando do seu trabalho com a namorada. O Igor não havia ingerido qualquer bebida alcoólica, qualquer entorpecente, e infelizmente aconteceu esta fatalidade”, disse o advogado de Sauceda, Carlos Bobadilla.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Edilson Correia de Lima, do 48º DP, o empresário teria tido um “ataque de fúria” contra o motociclista, dirigindo em alta velocidade em sua direção. Por isso, o crime foi tipificado como homicídio doloso, quando há intenção ou assume-se o risco de matar, com pena prevista de seis a 20 anos de prisão. “O auto de prisão em flagrante encontra-se formalmente em ordem, não havendo nulidades ou irregularidades a serem declaradas ou sanadas”, diz a magistrada.

Câmeras de segurança filmaram parte do ocorrido, com a Porsche perseguindo o motociclista em alta velocidade. Pedro Kaique chegou a ser socorrido com vida, mas morreu poucas horas depois, no hospital. A Polícia Civil aguarda a finalização de laudos periciais para concluir o inquérito. Depois, o empresário vai a julgamento.

Veja trecho de decisão da juíza de custódia:

“Pelas imagens, é possível verificar que o réu perseguiu a vítima e que a perseguição apenas acabou quando ele atingiu a vítima. O fato de o indiciado não estar alcoolizado não é suficiente para afastar a gravidade da sua conduta”, afirma Vivian Brenner De Oliveira.

“Ressalte-se que a vida é o bem mais precioso do ordenamento jurídico, de modo que aquele que se dispõe a tirá-la ou que demonstra desprezo tal que acredita que a vida equivale a um ínfimo bem material como no caso dos autos não pode permanecer em liberdade sob pena de abalo grave à ordem pública.”

Entenda o caso

De acordo com a investigação da Polícia Civil de São Paulo, Igor Ferreira Sauceda voltava do trabalho com a namorada, Marielle Aparecida de Oliveira Campos, em seu automóvel, uma Porsche, por volta das 1h30 da madrugada, quando teve um desentendimento no trânsito com o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, na Avenida Interlagos, na zona sul. Figueiredo voltava da casa da irmã e estava de folga no dia.

Sauceda diz, em seu depoimento, que o motociclista colidiu com ele lateralmente e quebrou o seu retrovisor esquerdo. O empresário perseguiu Pedro Kaique e o atropelou. Em seguida, bateu em um poste.

O motociclista foi socorrido com vida e levado a um hospital no Grajaú, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. A namorada do empresário teve ferimentos nas mãos.

Câmeras de segurança gravaram a perseguição. Não há registro, no entanto, do momento em que Pedro Kaique teria colidido lateralmente, quebrando o retrovisor do Porsche. As investigações continuam em andamento. A Polícia Civil aguarda laudos periciais.

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