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Traiano vê motivos para cassação e representa contra Freitas, que rebate: “Não me tornarei igual a eles”

A confusão da semana passada, onde o petista teve a fala cortada durante discussão sobre o aborto e chamou Traiano de corrupto teve repercussão nesta segunda-feira na Alep
A confusão da semana passada, onde o petista teve a fala cortada durante discussão sobre o aborto e chamou Traiano de corrupto teve repercussão nesta segunda-feira na Alep

Luiz Henrique de Oliveira e Geovane Barreiro

17/10/23
às
7:19

- Atualizado há 1 ano

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A sessão desta segunda-feira (16) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) foi marcada por uma ‘guerra fria’ entre Ademar Traiano (PSD), presidente da Casa, e o deputado Renato Freitas (PT). A confusão da semana passada, onde o petista teve a fala cortada durante discussão sobre o aborto e chamou Traiano de corrupto teve repercussão, com o chefe do Legislativo confirmando que vai representar contra o parlamentar e afirmando que há elementos para a cassação. Freitas, por sua vez, manteve as palavras duras direcionadas a Traiano e afirmou que não ‘se tornará igual a eles’, a quem se referiu como corrompidos pelo poder.

Inicialmente, durante a sessão desta segunda-feira (16), Traiano fez o uso da palavra na tribuna da Alep, o que não é comum por ele ser presidente. Lá, afirmou que Freitas desrespeitou todo o poder Legislativo e confirmou que fará a representação, para que o Conselho de Ética julgue se há ou não motivos para uma cassação de mandato.

“Foram feitas ofensas pessoais gravíssimas. Ele (Freitas) pega outros microfones após ter a palavra interrompida para xingar o presidente, com ofensas direcionadas. Nada justifica. Não se pode ignorar as ofensas que trouxeram a quebra da decoro parlamentar. Quebrando os regimentos internos, acusando a assembleia de palco do fascismo. Diante dos fatos e, com dolo ultrajante, desassociado da função parlamentar, comunico que protocolarei uma ação disciplinar contra Renato Freitas e faço isso em defesa da Casa”, disse Traiano.

Presidente da Alep, Ademar Traiano (Foto: Créditos:Valdir Amaral/Alep)

Após a fala de Traiano, foi a vez do líder da oposição, o deputado Requião Filho (PT), fazer o uso da palavra na tribuna. O petista lembrou que coisas piores já foram ditas na Casa e que não causaram tanta repercussão. “Nós vimos essa Casa se tornar um picadeiro com colocações injuriosas. Aqui, o deputado Ricardo Arruda xinga o presidente da República, que são ao pé da letra injúrias. O deputado Tito Livio Barichello (União) provoca o deputado Freitas, procurando algo que renda ibope. O deputado Adriano José chamou Freitas de ‘b**sta’ e o convidou para sair na mão. Os processos também devem ser abertos a estas pessoas. Se me falam para sair na mão, eu era cassado no dia seguinte”, afirmou.

Em seguida, o deputado destacou que o escalonamento do clima tenso na Alep se dá desde a derrota nas eleições de Jair Bolsonaro, em 2022. “Volto a repetir. Esse escalonamento de ânimos não acontece por culpa do Renato. Os ataques à centro-esquerda acontecem desde o ano passado, por não aceitarem ter perdido a disputa eleitoral. O Renato queria falar hoje, mas neguei e me fiz o responsável por esse discurso ponderado”, concluiu.

Troca de acusações

Após a fala na tribuna, Freitas e Traiano responderam a questionamentos feitos pelo Portal Nosso Dia. O primeiro afirmou que no dia da fala, em que era interrompido por manifestantes contrários ao aborto, buscava mostrar a hipocrisia religiosa durante a sessão. “A minha fala disse respeito a hipocrisia religiosa que tem sequestrado nosso país e que naquele dia estava sequestrado com a bandeira de Israel e a pauta do aborto, o que é contraditório, porque em Israel é liberado o aborto e a maconha legalizada. O que havia ali é uma confusão e esse equívoco gera desinformação e propicia o caminho da mentira”, afirmou Freitas ao Portal Nosso Dia.

O deputado Renato Freitas – Foto: Valdir Amaral /Alep

Diretamente sobre a fala de Traiano durante a sessão, o deputado disse que achou ‘até engraçado’. “Ele disse que nesta Casa não há hipócritas. Mas casos de corrupção saíram desta Casa e renderam condenação a parlamentares . Vende-se que é uma Casa que preserva a vontade do povo, quando na verdade quem conhece os bastidores sabe que o dinheiro e poder falam mais alto. É comprovado que há vários processos por corrupção contra ele (Traiano)”, disse, para em seguida afirmar que não tem medo de ser cassado. “Tenho medo é de me olhar no espelho e ver que me corrompi ao poder. O poder agrada. Meu medo não é ser cassado, mas me tornar igual a eles”, concluiu.

Já Traiano, durante questionamento do Portal Nosso Dia, afirmou que as falas de Freitas podem levar a cassação do mandato. “Avaliei com uma equipe de advogados e encaminhei ao Conselho de Ética. Todos entenderam que a fala do deputado é um processo que pode levar a cassação. Eu falei hoje em defesa da Casa e de outros deputados, minha manifestação não foi pessoal. Não podemos fica a mercê de uma fala inconsequente. Trata o presidente como corrupto, mas na eleição da presidência da Casa votou nele”, disse o deputado, lembrando que teve o voto de Freitas para comandar a Alep.

Questionado pelo Nosso Dia sobre o que deve ser feito para resgatar a harmonia na Alep, Traiano minimizou. “Harmonia existe, mas tem um ou dois que se descontrolam. Fui o primeiro a receber o Renato Freitas, fomos a primeira Assembleia a criar a Comissão de Defesa Racial e eu apoiei. Ele (Freitas) está descompensado, precisa de racionalidade na fala”, concluiu.

A confusão

A confusão, na segunda-feira da semana passada, começou no momento em que Freitas discursava e era interrompido pelos manifestantes na galeria, apoiados pelo deputado estadual Tito Livio Barichello (União). Sem Freitas conseguir se expressar, o presidente da Casa pediu para que o grupo parasse de interrupções, e ouviu o protesto por parte da deputada Ana Júlia, colega de partido do petista, especialmente pela ação de Tito em inflar os presentes.

Após isso, Traiano retomou a palavra a Freitas, que pediu que seu tempo fosse acrescido pela interrupção, porém teve isso negado sob a alegação de que o relógio estava parado. Esta decisão de Traiano revoltou Freitas, que afirmou : “Ouça o senhor e os hipócritas religiosos que lotam esta Casa”.

Essa fala não caiu bem e fez com que Traiano desligasse o microfone de Freitas e pedisse respeito: “Limite a sua fala”, afirmou, retirando a palavra do petista, que gritou: “O senhor não é rei”. Após isso, Freitas andou pelo plenário da Alep, de microfone em microfone, para falar a Traiano, porém eles eram cortados. Foi então para a frente da Mesa Diretiva, onde afirmou: “O senhor é corrupto”.

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