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Quer engravidar? Cuidado com as dicas do TikTok: é tudo mito

Especialista esclarece 10 mitos que viralizaram nas redes sobre saúde reprodutiva
Vários mitos e nenhuma verdade. Foto: Pexels.
Especialista esclarece 10 mitos que viralizaram nas redes sobre saúde reprodutiva

Redação

12/05/25
às
14:57

- Atualizado há 8 horas

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Com o aumento do interesse por saúde reprodutiva nas redes sociais, muitas mulheres buscam dicas alternativas para melhorar suas chances de engravidar. De xarope de inhame a sucos “da fertilidade”, os conselhos se espalham rapidamente, mesmo sem respaldo científico. 

Para esclarecer o que é mito e o que realmente merece atenção, a gerente médica da Organon, Viviane Santana, especialista em reprodução humana, comenta 10 práticas populares no TikTok, separando fatos do que é desinformação. 

Confira: 

1. Tomar xarope de inhame todos os dias no período fértil 

    Mito: Afirmam que estimula a ovulação

    O inhame pode ser um alimento benéfico para a saúde, mas, até o momento, não existem evidências científicas que comprovem relação direta com a fertilidade. Esse mito surgiu pois o inhame é fonte de estrogênio para a produção de medicamentos pela indústria farmacêutica. No entanto, não é possível obter esse hormônio a partir do seu chá para que tenha efeito terapêutico.  

    2. Comer abacaxi em jejum após a ovulação 

    Mito: Dizem que a bromelina ajuda na implantação do embrião

    O abacaxi contém vitamina C e bromelina, que podem ter benefícios para a saúde. A vitamina C é um antioxidante que pode ajudar a proteger os óvulos e o corpo em geral dos danos causados pelos radicais livres. Já a bromelina, possui propriedades anti-inflamatórias e anticoagulantes. No entanto, não há nenhum estudo científico que comprove que a fruta possa ajudar na implantação do embrião ou qualquer relação direta com a fertilidade. 

    3. Usar óleo de prímula desde o primeiro dia de menstruação até a ovulação 

     Mito: Muito compartilhado para melhorar o muco cervical

    O óleo de prímula é fonte de ácidos graxos essenciais e ácido linoleico, que possuem propriedades anti-inflamatórias. Sabe-se do seu uso em tratamentos de inflamação crônica, mas a maioria dos testes até o momento tem falhas importantes e não podem ser considerados como definitivos. Também não há comprovação científica dos benefícios do óleo de prímula em pacientes tentando engravidar, assim como seu uso para queixas de TPM ou menopausa. Mesmo com potencial anti-inflamatório, não há evidências da sua atuação no sistema reprodutor feminino. Importante se atentar também à falta de controle de qualidade dos óleos disponíveis para o consumo no mercado. 

    4. Consumir maca peruana diariamente 

     Mito: Dizem equilibrar hormônios

    A maca peruana é fonte de carboidratos, proteínas, fibras, vitaminas e minerais, além de aminoácidos essenciais, de forma que suas propriedades podem ajudar na saúde em geral. Em relação a fertilidade, existem poucas evidências mostrando seu benefício no aumento da mobilidade, qualidade e quantidade dos espermatozoides. Embora os estudos sobre os benefícios da maca peruana sejam promissores, as evidências ainda são limitadas e inconclusivas. A Anvisa inclusive alerta que qualquer alegação terapêutica é completamente irregular, visto que não há processo de avaliação de segurança e eficácia do produto na forma de medicamento. 

    5. Ter relações sexuais todos os dias aumenta as chances de engravidar 

    Mito: Muitos falam que quanto mais praticar, melhor

    A mulher só pode engravidar durante o período fértil, que ocorre, em média, 14 dias após o primeiro dia da menstruação e dura em média 6 ou 7 dias por mês. Manter relações todos os dias, fora do período fértil e apenas com intuito de alcançar uma gravidez, não aumenta as chances de sucesso, além de poder se tornar frustrante, gerando um desgaste desnecessário para o casal. Além disso, a reposição do líquido seminal leva de 72 a 96 horas. Dessa forma, a ejaculação frequente pode reduzir a concentração e a qualidade dos espermatozoides, comprometendo a capacidade de fecundar o óvulo. Sendo assim, é mais eficaz ter relações sexuais em dias alternados durante o período fértil (entre 3 e 4 relações no período, com 1 a 3 dias de intervalo entre elas), garantindo a qualidade dos espermatozoides e aumentando as chances de concepção. 

    6. Evitar tomar café, glúten e leite durante o ciclo menstrual 

    Mito: TikTokers dizem que isso ajuda a desinflamar o corpo

    Diversos alimentos podem ser associados a diminuição do bem-estar durante o período menstrual. Açúcar refinado, óleos de cozinha comuns, gorduras trans, laticínios, carne vermelha e processada, grãos refinados e álcool são altamente inflamatórios e podem provocar aumento da liberação de prostaglandinas. Essa alta liberação reduz o fluxo sanguíneo para o útero, o que resulta nas cólicas menstruais. Alimentos que fermentam, como leguminosas e laticínios, feijão, grão-de-bico, leite e seus derivados podem aumentar a retenção de líquidos e piorar os sintomas de inchaço e barriga dilatada. A cafeína estreita os vasos sanguíneos e desidrata o corpo, o que pode gerar dores de cabeça e aumentar o nervosismo nesse período. No entanto, não há consenso sobre a necessidade de evitar estes alimentos em todas as mulheres. 

    7. Ficar de pernas para o alto por 15 minutos após a relação 

    Mito: Acreditam que isso ajuda o esperma a chegar ao útero 

    Essa crença popular vem da ideia de que ficar com as pernas para cima facilitaria o movimento do espermatozoide em direção as trompas, local onde ocorre a fertilização. No entanto, a ideia não passa de um mito, visto que não existe nenhuma posição que possa interferir ou favorecer na movimentação dos espermatozoides dentro do sistema reprodutor feminino.  

    8. Tomar água com limão e vinagre de maçã em jejum 

    Mito: Vendem como alcalinizante que regula o corpo 

    O vinagre de maçã costuma ser associado a dietas para emagrecimento. Devido aos componentes presentes em sua composição, como ácido acético e antioxidantes, o vinagre de maçã pode favorecer uma boa digestão, melhor absorção de nutrientes, além de auxiliar no controle glicêmico. No entanto, não existem pesquisas científicas comprovando a eficácia de tomar líquidos ácidos para acelerar a perda de peso. Da mesma forma, não existe nenhum estudo mostrando o vinagre de maçã como aliado na melhora da fertilidade.  

    9. Tomar suco de beterraba com gengibre e laranja no período fértil 

    Mito: Vendido como “suco da fertilidade” 

    Existem diferentes receitas de “sucos da fertilidade” ou “sucos da implantação”. Frutas como laranja, limão e abacaxi são excelentes fontes de vitamina C, um potente antioxidante que pode ajudar a proteger o organismo dos danos causados pelos radicais livres e facilitar a absorção de ferro. Já a beterraba e a melancia fornecem óxido nítrico, que pode ajudar na vascularização. Nesse sentido, existem poucos estudos mostrando que a beterraba poderia ser benéfica para aumentar a receptividade do útero ao embrião, e com isso melhorar as chances de gravidez em um tratamento de reprodução assistida.  No entanto, essas são apenas evidências iniciais e muitos outros estudos precisam ser feitos para avaliar o real efeito de diferentes frutas na fertilidade. Independente da receita, uma dieta rica em nutrientes é importante para o bom funcionamento do organismo em geral, e fortemente recomendada para pessoas tentando engravidar.  

    10. Evitar banho quente ou sauna durante a ovulação 

    Mito: Dizem que o calor prejudica a implantação 

    Estudos apontam diversos mecanismos pelos quais o aumento das temperaturas pode comprometer a fertilidade e os resultados reprodutivos, inclusive o aumento do calor ocasionado por mudanças climáticas. No caso dos homens, a exposição prolongada ao calor pode reduzir a qualidade do esperma, com efeitos na contagem, motilidade e morfologia dos espermatozoides. Isso ocorre porque os testículos são muito sensíveis ao calor, e um aumento de temperatura pode trazer grandes impactos na produção de espermatozoides. Nas mulheres, temperaturas elevadas podem interferir na ovulação, no desenvolvimento embrionário e aumentar o risco de complicações na gestação. Além disso, há indícios de que o aumento excessivo da temperatura corporal da mãe possa prejudicar o desenvolvimento do feto. No entanto, não existem estudos avaliando diretamente o impacto de saunas e banhos quentes na fertilidade de homens e mulheres. 

    Para finalizar, a especialista lembra que mais importante do que seguir modismos das redes sociais é adotar hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos e cuidado com o bem-estar físico e emocional — fatores essenciais para a saúde reprodutiva. Em caso de dificuldades para engravidar, é fundamental procurar um médico especialista. “Práticas disseminadas por pessoas sem formação técnica, além de ineficazes, podem representar riscos à saúde”, conclui. 

    TÁ SABENDO?

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