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Quatro são indiciados por homicídio qualificado pela morte de jovem perseguido no Muffato: motivo fútil e crueldade

Para a polícia, eles agiram diante de um motivo fútil, atuaram por meio cruel e ainda com impossibilidade de defesa da vítima.
Rodrigo morreu por agressão após furtar chocolate em Muffato. Foto: Arquivo família
Para a polícia, eles agiram diante de um motivo fútil, atuaram por meio cruel e ainda com impossibilidade de defesa da vítima.

Elizangela Jubanski e Geovane Barreiro

29/06/25
às
0:34

- Atualizado há 5 horas

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Quatro homens foram indiciados pela Polícia Civil do Paraná neste sábado (28) pelo assassinato de Rodrigo da Silva Boschen, de 22 anos, após furtar chocolate e chicletes no Hipermercado Muffato, no bairro Portão, em Curitiba. Eles responderão pelo crime de homicídio triplamente qualificado e poderão receber uma pena de até 30 anos de reclusão. Dois deles são funcionários do Muffato, o terceiro atua em uma empresa terceirizada de segurança e o quarto envolvido é um motoboy que passava pelo local e foi acusado de agredir Rodrigo, enquanto estava imobilizado.

O delegado de polícia, Diego Fernandes Valim, indiciou os quatro homens por homicídio triplamente qualificado ao entender, após a investigação, que eles agiram diante de um motivo fútil, atuaram por meio cruel e ainda com impossibilidade de defesa da vítima.

Segundo o documento da Delegacia de Homicídios, a polícia descreve que a ‘vítima foi perseguida, interceptada e violentamente imobilizada por diversos indivíduos, sendo submetida a estrangulamento e agressões físicas, culminando em sua morte‘, diz o relatório. Ainda, diz que ‘o corpo foi posteriormente abandonado em via pública, sem que qualquer dos presentes acionasse socorro médico ou comunicasse as autoridades, demonstrando total indiferença à vida da vítima e reforçando o dolo na produção do resultado letal’.

Participação

Segundo o inquérito policial, o responsável pelo estrangulamento do jovem é Luiz Roberto Costa Barbosa. Ele é funcionário do setor de frutas, legumes e verduras do Hipermercado Muffato, e foi apontado como aquele que perseguiu a vítima a pé, deu chutes para derrubá-la e aplicou o golpe de “mata-leão” (estrangulamento). Uma testemunha relatou que pediu para que Luiz Roberto parasse com o estrangulamento e chamar a polícia, e ele respondeu: “Está com dó de ladrão?”, e seguiu com as agressões. Ele também arrastou por cerca de 850 metros o corpo de Rodrigo e abandonou. Luiz Roberto não retornou ao trabalho desde o ocorrido e seu paradeiro é desconhecido.

O segundo funcionário direto do Muffato é Antonio Cesar Bonfim Barros, que é segurança interno do Hipermercado. Ele está sendo acusado de perseguir Rodrigo e participar diretamente do crime. Antonio foi visto carregando o corpo da vítima e também não voltou ao trabalho desde o que ocorreu e seu paradeiro também é desconhecido.

(Foto: Reprodução de vídeo)

Bryan Gustavo Teixeira, de 22 anos, também indiciado pela Polícia Civil, é segurança da empresa terceirizada Força Rota, que presta serviços ao Supermercado Muffato. Ele está sendo apontado como um dos agressores que perseguiu a vítima, viu o estrangulamento e as agressões, sem intervir. Ele ajudou a arrastar e a carregar o corpo. Ele está preso preventivamente.

Por último, está indiciado Henrique Moreira Alves Pinheiro do Carmo, de 19 anos. Ele é motoboy e estava fazendo entregas e interceptou a vítima com sua motocicleta a pedido dos funcionários do supermercado. Ele agrediu Rodrigo com chutes e socos, enquanto estava imobilizado pelo mata-leão de Luiz Roberto. Disse à polícia que ‘durante o golpe de estrangulamento, percebeu que a coloração (vítima) mudava para tons arroxeados e azulados, o que indicava que estava perdendo a consciência‘. Ainda assim, deixou o local sem prestar socorro. Ele está preso preventivamente.

Outro funcionário que tinha sido preso em flagrante por ter participado do crime e liberado depois em audiência de custódia não integra a lista dos indiciados pela Polícia Civil.

Família

Após a conclusão do inquérito policial que pede o indiciamento de quatro acusados pela morte de Rodrigo da Silva Boschen, a defesa da família do jovem, o advogado Leonardo Mestre se manifestou por meio de nota:

“A família de Rodrigo da Silva Boschen considera acertado o indiciamento dos responsáveis pelo seu homicídio e espera que o Ministério Público acompanhe o entendimento da autoridade policial. Reforça, ainda, a importância da continuidade das investigações para que sejam apuradas todas as circunstâncias do crime, incluindo a possível participação de outras pessoas, seja de forma direta ou por omissão. A família segue acompanhando ativamente as investigações, com o compromisso de buscar justiça e garantir que todos os envolvidos sejam devidamente responsabilizados“.

O espaço está aberto para manifestação de todas as partes envolvidas no caso, inclusive do Hipermercado Muffato.

Crime

Rodrigo entrou no Hipermercado Muffato na noite de quinta-feira, 19 de junho, e furtou uma barra de chocolate e chicletes, segundo o inquérito policial. Ao notar que tinha sido flagrado, ele correu e foi perseguido por quatro homens (assista aos vídeos), entre eles, o segurança de uma empresa terceirizada que presta serviço para o Muffato, dois funcionários do hipermercado e um motociclista que passava pelo local. A correria foi registrada por câmeras de segurança. Depoimentos indicam que o jovem foi alcançado, agredido e, por fim, morto com um golpe conhecido como mata-leão.

Ronaldo (foto), pai de Rodrigo, participou de protesto pela morte do filho (Foto: Geovane Barreiro – Nosso Dia)

A família disse que Rodrigo trabalhava como auxiliar de produção em uma multinacional na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), tinha problemas com drogas e estava em recuperação após ser internado.

Familiares e amigos organizaram um protesto após a morte do jovem, na noite do dia 25 de junho. Ao Portal Nosso Dia, o pai dele Ronaldo Boschen disse que o filho não merecia morrer desta forma e que ele tinha o plano de fazer uma faculdade no futuro.

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