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Quatro são denunciados por sequestro, cárcere privado e homicídios de pacientes em centro terapêutico na RMC

Entre os denunciados estão proprietária, o diretor operacional, o coordenador e o responsável pelo transporte de pacientes
Ministério Público do Paraná (Foto: Divulgação)
Entre os denunciados estão proprietária, o diretor operacional, o coordenador e o responsável pelo transporte de pacientes

Redação*

03/11/25
às
17:44

- Atualizado há 48 segundos

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O Ministério Público do Paraná denunciou quatro pessoas pelos crimes de três sequestros, três cárceres privados e três homicídios culposos em um centro terapêutico localizado em Bocaiúva do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. A proprietária, o diretor operacional, o coordenador e o responsável pelo transporte de pacientes são apontados como criminosos.

O estabelecimento, que prestava serviços de intervenção e reabilitação para dependentes químicos, encontra-se interditado desde junho, por decisão da Vara Cível local, atendendo a pedido da Promotoria de Justiça da Comarca. Desde então, está proibido de acolher novos residentes ou prestar qualquer tipo de atendimento.

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A denúncia do MPPR descreve seis fatos criminosos. Entre 15 de dezembro de 2024 e 12 de abril de 2025, os denunciados teriam privado de liberdade uma vítima por meio de cárcere privado. O mesmo ocorreu com outra pessoa, em data não especificada de dezembro de 2024, mantida no local até maio de 2025. Já o terceiro caso, configurado como sequestro, aconteceu em 5 de janeiro de 2025, com a vítima permanecendo internada até 11 de maio do mesmo ano.

O primeiro homicídio culposo, ocorrido no início de 2025 (em data não especificada), teve como vítima um homem com dependência alcoólica. Mesmo apresentando diversas lesões e uma hérnia visível, ele não recebeu atendimento médico e morreu nas dependências do centro por omissão de socorro. A segunda vítima, internada no primeiro trimestre de 2025 para tratar dependência química, também não passou por avaliação médica. Apesar de apresentar histórico recente de AVC e suspeita de encefalite, foi admitida sem exames prévios. O terceiro caso ocorreu com um paciente internado em 18 de março de 2025, ao qual foi ministrado um medicamento de uso controlado que causou pancreatite medicamentosa e resultou em sua morte. Segundo a denúncia, “após ser ministrada a medicação, a vítima foi deixada em um beliche, junto com outros dependentes químicos, sem qualquer acompanhamento médico, sendo encontrada sem vida na manhã seguinte”.

Nos três episódios, o MPPR conclui que a negligência dos denunciados foi determinante para as mortes. “Os denunciados, por inobservância do dever objetivo de cuidado, contribuíram para a ocorrência de resultados previsíveis, ainda que não desejados”, cita a Promotoria.

Internações involuntárias

A denúncia aponta que as internações eram, em sua maioria, contratadas por familiares, mediante pagamento de R$ 1,5 mil de taxa de entrada e mensalidades entre R$ 1,5 mil e R$ 1,8 mil, podendo chegar a R$ 2,1 mil em alguns casos. Grande parte das internações era realizada de modo involuntário, por meio de um “serviço terceirizado de remoção” — conhecido como resgate social —, pelo qual as famílias pagavam valores entre R$ 700 e R$ 2,4 mil.

Ainda segundo o MPPR, os internos chegavam frequentemente em estado alterado devido ao uso de drogas e eram submetidos à contenção química, com administração forçada de uma mistura de medicamentos controlados e de tarja preta, popularmente chamada de “danoninho”. Não havia avaliação médica prévia, e as prescrições eram feitas após a internação, baseadas em uma única consulta on-line com uma psiquiatra residente em Santa Catarina.

O Ministério Público requer, além da condenação penal, o pagamento de indenização de R$ 100 mil em favor de cada uma das vítimas.

*Com informações do MPPR.

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