- Atualizado há 18 segundos
Quatro homens foram denunciados pelo Ministério Público do Paraná (MPPR), nesta terça-feira (1)pelo assassinato de Rodrigo da Silva Boschen, de 22 anos, após supostamente furtar chocolate e chicletes no Hipermercado Muffato, no bairro Portão, em Curitiba. Eles responderão à Justiça pelo crime de homicídio triplamente qualificado e poderão receber uma pena de até 30 anos de reclusão. Dois deles são funcionários do Muffato, o terceiro atua em uma empresa terceirizada de segurança e o quarto envolvido é um motoboy que passava pelo local e foi acusado de agredir Rodrigo, enquanto estava imobilizado.
Segundo o MPPR, as apurações do caso apontam que o jovem passou a ser perseguido pelos denunciados, pelo desejo “de retaliação pessoal e vingança privada, absolutamente desproporcional ao suposto dano causado”, sustentou o MPPR na denúncia. Ao alcançá-lo, os denunciados imobilizaram-no perto do supermercado e passaram a agredi-lo, causando sua morte.
Para receber as principais informações do dia pelo WhatsApp entre no grupo do Portal Nosso Dia clicando aqui
Os quatro denunciados são dois seguranças do supermercado, um funcionário do estabelecimento e um motociclista. Dois dos denunciados foram presos em flagrante e tiveram decretada a prisão preventiva a pedido do Ministério Público, que também requereu a prisão preventiva dos outros dois, que estão foragidos. Os quatro responderão por homicídio qualificado por motivo torpe, motivo fútil, uso de meio cruel e utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima.
Segundo o inquérito policial, o responsável pelo estrangulamento do jovem é Luiz Roberto Costa Barbosa. Ele é funcionário do setor de frutas, legumes e verduras do Hipermercado Muffato, e foi apontado como aquele que perseguiu a vítima a pé, deu chutes para derrubá-la e aplicou o golpe de “mata-leão” (estrangulamento). Uma testemunha relatou que pediu para que Luiz Roberto parasse com o estrangulamento e chamar a polícia, e ele respondeu: “Está com dó de ladrão?”, e seguiu com as agressões. Ele também arrastou por cerca de 850 metros o corpo de Rodrigo e abandonou. Luiz Roberto não retornou ao trabalho desde o ocorrido e seu paradeiro é desconhecido.
O segundo funcionário direto do Muffato é Antonio Cesar Bonfim Barros, que é segurança interno do Hipermercado. Ele está sendo acusado de perseguir Rodrigo e participar diretamente do crime. Antonio foi visto carregando o corpo da vítima e também não voltou ao trabalho desde o que ocorreu e seu paradeiro também é desconhecido.
Já Bryan Gustavo Teixeira, de 22 anos, também indiciado pela Polícia Civil, é segurança da empresa terceirizada Força Rota, que presta serviços ao Supermercado Muffato. Ele está sendo apontado como um dos agressores que perseguiu a vítima, viu o estrangulamento e as agressões, sem intervir. Ele ajudou a arrastar e a carregar o corpo. Ele está preso.
Por último, está indiciado Henrique Moreira Alves Pinheiro do Carmo, de 19 anos. Ele é motoboy e estava fazendo entregas e interceptou a vítima com sua motocicleta a pedido dos funcionários do supermercado. Ele agrediu Rodrigo com chutes e socos, enquanto estava imobilizado pelo mata-leão de Luiz Roberto. Disse à polícia que ‘durante o golpe de estrangulamento, percebeu que a coloração (vítima) mudava para tons arroxeados e azulados, o que indicava que estava perdendo a consciência‘. Ainda assim, deixou o local sem prestar socorro. Ele está preso preventivamente.
Outro funcionário que tinha sido preso em flagrante por ter participado do crime e liberado depois em audiência de custódia não integra a lista dos indiciados pela Polícia Civil.
Após a conclusão do inquérito policial que pede o indiciamento de quatro acusados pela morte de Rodrigo da Silva Boschen, a defesa da família do jovem, o advogado Leonardo Mestre se manifestou por meio de nota:
“A família de Rodrigo da Silva Boschen considera acertado o indiciamento dos responsáveis pelo seu homicídio e espera que o Ministério Público acompanhe o entendimento da autoridade policial. Reforça, ainda, a importância da continuidade das investigações para que sejam apuradas todas as circunstâncias do crime, incluindo a possível participação de outras pessoas, seja de forma direta ou por omissão. A família segue acompanhando ativamente as investigações, com o compromisso de buscar justiça e garantir que todos os envolvidos sejam devidamente responsabilizados“.
O espaço está aberto para manifestação de todas as partes envolvidas no caso, inclusive do Hipermercado Muffato.
Rodrigo entrou no Hipermercado Muffato na noite de quinta-feira, 19 de junho, e furtou uma barra de chocolate e chicletes, segundo o inquérito policial. Ao notar que tinha sido flagrado, ele correu e foi perseguido por quatro homens (assista aos vídeos), entre eles, o segurança de uma empresa terceirizada que presta serviço para o Muffato, dois funcionários do hipermercado e um motociclista que passava pelo local. A correria foi registrada por câmeras de segurança. Depoimentos indicam que o jovem foi alcançado, agredido e, por fim, morto com um golpe conhecido como mata-leão.
A família informou ao Portal Nosso Dia que Rodrigo trabalhava como auxiliar de produção em uma multinacional na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). O jovem não tinha passagens pela polícia. Há um ano e meio, ele ficou internado em uma clínica de recuperação para dependentes químicos e, segundo a família, levava uma vida tranquila.
Familiares e amigos organizaram um protesto após a morte do jovem, na noite do dia 25 de junho. Ao Portal Nosso Dia, o pai dele Ronaldo Boschen disse que o filho não merecia morrer desta forma e que ele tinha o plano de fazer uma faculdade no futuro.
(Foto: Geovane Barreiro – Nosso Dia)