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Qual o lugar de Maria na fé católica: entenda o que o papa Leão XIV disse sobre a mãe de Jesus

Representação da santa destaca a força do catolicismo no imaginário popular e a busca por proteção
Papa Leão XIV (Foto: Reprodução Vaticano News)
Representação da santa destaca a força do catolicismo no imaginário popular e a busca por proteção

Estadão Conteúdo

07/11/25
às
15:31

- Atualizado há 4 horas

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Na última terça-feira, 4, o papa Leão XIV instruiu que os católicos do mundo não se refiram a Maria como “corredentora”. Segundo o decreto dado pelo Pontífice, a Igreja reconhece que Maria “cooperou” na obra redentora de Cristo, mas o título de “corredentora” carrega um risco de “obscurecer a única mediação salvífica de Cristo”, podendo causar “confusão e desequilíbrio na harmonia das verdades da fé cristã”.

Ainda segundo o documento, o termo só pode ser usado com sentido subordinado à ação de Cristo, e não no sentido de que Maria seja distribuidora de graças. Títulos como “Mãe dos fiéis”, “Mãe da Igreja” e “Mãe da graça” foram aprovados, mas sempre com ressalva de que conduzem ao Filho.

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O Brasil tem forte devoção mariana. São cerca de 1.100 diferentes denominações que existem pelo País para reverenciar Maria, com títulos diferentes, representando aspectos culturais, históricos e sincretismos com tradições afro-brasileiras.

De acordo com o sociólogo e biólogo Francisco Borba, especialista nas relações entre religião, cultura e sociedade, “não podemos equiparar o Deus que se torna humano com uma pessoa humana que tem um valor afetivo especial tanto para Deus quanto para toda a humanidade”.

Ou seja, para ter a salvação, de acordo com a Igreja Católica, foi preciso que a divindade se rebaixasse a condição humana e permitisse que o ser humano pudesse compartilhar a dimensão infinita e eterna de Deus. “Ele é Deus, que se torna igual ao homem, para que o homem possa se tornar não igual a Deus, mas para que o homem possa partilhar a vida de Deus”, explica Borba.

Nesse contexto, Maria ocupa um lugar único na fé católica: ela é vista como a mãe de Deus e a mãe espiritual dos fiéis, desempenhando um papel afetivo e simbólico fundamental.

“Nossa Senhora, a mãe de Jesus, tem uma importância enorme na história da salvação porque todas essas relações entre Deus e o ser humano que acontecem através de Cristo são relações de caráter afetivo. E Maria, sendo a mãe de Cristo, tem um papel fundamental nessa dinâmica afetiva. Tanto, digamos assim, de Maria com Deus, porque ela se torna a mãe da encarnação de Deus, que é Cristo, como porque Cristo dá a ela a maternidade sobre toda a espécie humana. Todos os seres humanos, a partir de Cristo, se tornam também filhos de Maria. Isso tem um valor afetivo, um valor simbólico, um valor arquetípico, eu diria, porque corresponde a um arquétipo fundamental da existência humana, a mãe que nos ama, que é muito importante, sem dúvida.”

A fala ecoa o posicionamento do Vaticano: Maria é honrada como mãe, guia e modelo de fé — mas Cristo permanece como o único redentor.

Santuário Nacional de Aparecida, maior centro de devoção mariana do País, reforçou o mesmo pensamento em publicação. De acordo com eles, o documento do Vaticano “não tem o caráter de correção da piedade popular”, mas busca “valorizar, admirar e encorajar” a devoção a Maria.

A instrução procura apenas preservar “o equilíbrio necessário entre a única mediação de Cristo e a cooperação de Maria na obra da Salvação”, diante de novos grupos e discursos que, sobretudo nas redes sociais, podem gerar confusão entre os fiéis.

Quanto ao título de “corredentora” todos concordam que só existe um Redentor, Jesus Cristo. Já sobre o título de medianeira, o Vaticano orienta que seja usado com prudência: Cristo é o único mediador, mas Maria exerce um papel de intercessão e colaboração, especialmente ao aceitar livremente gerar o Filho de Deus. A nota destaca ainda que a devoção popular é valorizada e encorajada, desde que reconheça Maria como aquela que conduz sempre a Cristo.

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