O prefeito Jesse da Rocha Zoellner (PP), de Agudos do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, acusado de comprar votos de eleitores, fez 42 transferências por pix, dias antes da eleição. Segundo os autos, que detalham a quebra de sigilo bancário, as transferências aconteceram de 26 de março a 1º de abril. Jesse foi eleito no dia 3 de abril por meio de uma eleição suplementar (entenda abaixo) e nega a acusação. "Isso são pagamentos e não compra de voto. Estão assim porque acabou a mamata para eles. É retaliação política", dispara Jesse, em entrevista ao Portal Nosso Dia.

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Segundo a denúncia, o Ministério Público Eleitoral (MPE) entende que houve compra de votos de acordo com as provas apresentadas pelo autor do processo, que é Diego Luis Teixeira (MDB), candidato que disputou a eleição municipal contra Jesse. Diante disso, o MPR solicitou a cassação do mandato do prefeito de Agudos do Sul e do vice-prefeito Antônio Gonçalves da Luz (PSD).

O processo será encaminhado para sentença, mas cabe recurso. Tanto o prefeito quanto o vice permanecem no cargo até que todos os recursos sejam julgados pelas instâncias superiores.

Denúncia

A decisão do MPE pela cassação de Jesse Zoellner acontece nessa semana, mas o processo corre desde a semana pós eleição, em abril do ano passado. A quebra de sigilo bancário do prefeito de Agudos do Sul mostra que houve 42 transferências de 26 de março a 1º de abril para pessoas - em sua maioria - que tinha a cidade como domicílio eleitoral.

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Os advogados que representam Diego Teixeira afirmam que os valores de R$ 100 a R$ 200, totalizam cerca de R$ 5 mil. "Esse processo onde traz detalhes sobre as transferências está em sigilo, mas posso garantir o valor dessa soma. Até agora, a defesa do prefeito não soube dizer para que eram", diz Mauri Munhoz de Camargo Filho ao Portal Nosso Dia.

Na decisão, o MPE diz: 'Tentou transformar o voto em mercadoria passiva de troca por valores. É preciso
conscientizar-se de que o voto não tem preço, não é mercadoria à venda. É, sim, patrimônio inalienável do cidadão'.

Nos autos, há informação de que havia um boato generalizado sobre transferências que o então candidato Jesse fazia para algumas pessoas na cidade. "Houve uma audiência de instrução e as testemunhas confirmaram", disse o advogado Mauri.

Outro lado

No entanto, também em entrevista ao Portal Nosso Dia, o prefeito de Agudos do Sul diz que as acusações 'não passam de ações de dor de cotovelo de quem perdeu a eleição'. "Eles recolheram alguns comprovantes de pix e disseram que foi por compra de votos. Acontece que pix hoje é a forma para qualquer pagamento, até boleto se paga hoje assim. É mais uma ação de quem perdeu e não sabe reconhecer. Já apresentamos nossa defesa para Justiça Eleitoral e estamos aguardando uma sentença, sabendo que essa ação tem efeito suspensivo. Isso quer dizer qualquer tipo de afastamento é inexistente, não tem sustentação. Acreditamos na Justiça", se defende Jesse.

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Sobre as transferências, o prefeito Jesse Zoellner, de Agudos do Sul, diz que são pagamentos feitos a pessoas próximas e comerciantes. "De maneira alguma esses pix são de compras de votos, são valores de postos de combustíveis, tem comprovante para uma prima minha que nem é eleitora daqui. Isso são pagamentos e não compra de voto. Eu sou jovem, não ando com dinheiro no bolso. Se eu for em uma loja eu pago em pix, em um mercado, tudo eu pago em pix. Criaram essas ferramentas, colocaram o nome de uma monte de gente que recebeu pix e nem perguntaram a essas pessoas se realmente foi compra de voto. Tem comerciante, dono de posto, minha família", alega o prefeito.

Para Jesse, as acusações fazem parte de uma retaliação política por conta da perda das eleições. "Estão assim porque acabou a mamata para eles. É pura retaliação política. Que pessoa compraria votos usando seu próprio pix? Isso é dor de cotovelo de perdedor", finaliza Jesse ao Portal Nosso Dia.

Disputa antiga

O autor da ação Diego Luis Teixeira (MDB) foi quem disputou a eleição com Jesse e perdeu pela diferença de 304 votos. Relatório final da apuração do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) aponta que o prefeito eleito recebeu 3.117 votos (52,56%). Já Diego ficou com 2.813 votos (47,44%). Ele é filho de Luciane Teixeira (MDB), candidata eleita em 2020, mas que teve o registro negado, ficando inelegível. Ela não chegou a ser diplomada, e quem assumiu a prefeitura foi o presidente da Câmara Municipal: o vereador Jesse Zoellner.