
- Atualizado há 3 anos
Os agentes da Guarda Municipal (GM) envolvidos na abordagem que terminou na morte do adolescente Caio José Ferreira de Souza Lemes, de 17 anos, podem ser indiciados por fraude processual e homicídio culposo — quando não há a intenção de matar. Segundo a Polícia Civil, testemunhas foram ouvidas e uma delas alegou que o tiro que matou o estudante foi disparado acidentalmente.
De acordo com boletim de ocorrência sobre o caso, Caio teria sido morto após ter tirado uma faca de 25 cm do boné que usava durante a abordagem registrada no sábado (25), na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Por se sentir ameaçado, um dos agentes disparou contra o adolescente. O documento aponta ainda que maconha, celular e um cartão-transporte foram encontrados na calça da vítima.
Durante entrevista coletiva concedida à imprensa na manhã desta quinta-feira (30), o delegado responsável pelas investigações afirmou que um morador da região presenciou o momento em que o adolescente foi atingido pelo tiro disparado pelo agente.

“De acordo com o testemunho desta pessoa, Caio não investiu contra a equipe com faca. Estamos investigando se houve homicídio culposo devido ao suposto disparo acidental e, posteriormente, a fraude processual por causa do abuso de autoridade”, informou o delegado Eric Tutia Guedes.
Guedes destacou também que a polícia apura se a faca apreendida pela Guarda Municipal foi implantada na ocorrência, uma vez que a principal testemunha do caso afirmou que Caio não estava armado. O morador ouvido pelo delegado, disse ele, acrescentou que o estudante fugiu da abordagem, mas se rendeu em seguida.
“Como o Caio acabou fugindo, o guarda municipal correu atrás dele. Na hora que ele [Caio] se rendeu e deitou no chão, o agente chegou para revistar e talvez aconteceu o disparo”, afirmou Guedes. “A testemunha disse que o guarda colocou a mão na cabeça e falou: ‘Putz, acabei disparando'”.
O boletim de ocorrência não especifica quantos tiros foram disparados pelo agente, mas vídeos analisados pela corregedoria da corporação apontam que somente um tiro foi efetuado. O adolescente teria sido baleado na cabeça. As armas dos servidores foram apreendidas.
De acordo com o delegado, dos três guardas municipais envolvidos na ocorrência, somente um deles pode ser indiciado por homicídio culposo. Os outros dois podem ser indiciados por fraude processual.
“Estamos aguardando o laudo de necrópsia do IML [Instituto Médico Legal], o diagrama de entrada do projétil do IML e o laudo de exame do local de morte, que é feito pelo Instituto de Criminalística.”
Os agentes devem ser ouvidos pelo delegado na próxima semana.
Como mostrou o Portal Nosso Dia, a Guarda Municipal decidiu afastar os agentes envolvidos na morte do adolescente Caio José Ferreira de Souza Lemes. Em nota, a corporação lamentou a morte do estudante e afirmou que um processo administrativo foi aberto para apurar o caso.
“A Corregedoria da corporação informa que instaurou um procedimento administrativo para apurar a conduta dos agentes. Até que a investigação seja concluída, conforme regulamento interno, os envolvidos seguem afastados das atividades operacionais”, informou.
As câmeras corporais acopladas às fardas dos agentes da Guarda Municipal (GM) que participaram da ocorrência estavam desligadas. Conforme a Prefeitura de Curitiba, a corregedoria da corporação apura o porquê de os equipamentos estarem desligados naquele dia, já que a orientação é que a câmera permaneça ligada do início ao fim da ocorrência.