- Atualizado há 3 anos
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O Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) da Polícia Civil acionou a Justiça do Paraná para impedir que os shows da funkeira MC Pipokinha ocorram no próximo dia 20 em Curitiba. O pedido de cancelamento das apresentações ocorre cerca de quatro dias depois de o delegado e deputado estadual Tito Barichello (União-PR) ameaçá-la de prisão.
Em vídeo divulgado nas redes sociais do parlamentar, o delegado do Nucria de Curitiba, Rodrigo Reberde, disse ter recebido um ofício para que os shows sejam cancelados (assista abaixo). No documento, o deputado argumenta que as músicas de MC Pipokinha “apresentam letras com conteúdos prejudiciais às crianças e adolescentes, bem como as apresentações se mostram obscenas”, além de afirmar que há “simulações de relações sexuais no palco”.
“Efetivamos um pedido judicial para que esse show não ocorra, mas, independente disso, se ocorrer, estaremos lá fiscalizando e observando todas as leis que protegem nossas crianças e adolescentes”, declarou Reberde.
Em seguida, Tito Barichello voltou a ameaçá-la de prisão caso ela promova a “prática de sexo explícito” sobre o palco. “A lei e a ordem funcionam aqui no Paraná. […] Então, fica um recado para você, Pipokinha: Está aqui tua algema. O delegado Xerifão vai te algemar se você praticar sexo explícito ou qualquer ato libidinoso que configure crime previsto no código penal”, acrescentou.
A reportagem do Portal Nosso Dia procurou a assessoria da funkeira pela terceira vez e ainda aguarda um posicionamento.
Tito Barichello afirmou, na última segunda-feira (8), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), que a funkeira MC Pipokinha será presa em flagrante se praticar sexo sobre o palco durante shows em Curitiba. A cantora fará duas apresentações na capital paranaense no próximo dia 20, na Shed Bar e no Monkey Lounge Bar.
O parlamentar afirmou ao Portal Nosso Dia que irá assistir aos shows nas duas casas noturnas e alegou que pretende “aplicar a lei brasileira”. Segundo o deputado, MC Pipokinha faz shows eróticos em locais e para públicos inadequados.
“Essa MC Pipokinha faz shows pornográficos em locais inadequados. Não tenho nada contra a pornografia, mas que ela seja feita em local propício para isso. Ela apresenta shows eróticos e já praticou sexo oral com uma fã no meio do palco, com adolescentes”, disse o deputado, que também citou a violação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o crime de ato obsceno.
Ambos os shows previstos para acontecer em Curitiba são divulgados pela plataforma online de eventos Sympla. No caso da Shed, a apresentação da cantora é divulgada com a frase: “A artista que viralizou nas redes sociais com suas apresentações pouco inusitado, conta com mais de 1 milhão de ouvintes no Spotify!”.
A casa cita também as músicas da funkeira que fizeram sucesso entre o público recentemente, tais como “Bota na Pipokinha”, “Beat do Mario Bros” e “Eu sou a MC Pipokinha”. O evento, que limita a presença do público somente para maiores de 18 anos, já está com nove lotes de ingressos vendidos.
Na Monkeys, que tem pelo menos três lotes esgotados, a cantora é anunciada como “fenômeno do funk”. Ao contrário da Shed, não há aviso no site sobre o evento ser limitado ao público adulto. Ao realizar a compra do ingresso, conforme simulou a reportagem do Portal Nosso Dia, as informações pessoais solicitadas são nome, e-mail e dados sobre o pagamento.
Um dia após Barichello afirmar que a funkeira MC Pipokinha será presa em flagrante se praticar sexo sobre o palco durante shows em Curitiba, o dono da Shed, uma das casas noturnas onde a cantora se apresentará, participou de uma reunião com o parlamentar e disse concordar com a atitude dele. Alexandre Mortier esteve no gabinete de deputado na terça-feira (9).
Em vídeo divulgado em uma rede social, o deputado afirmou ter ouvido do empresário “aquilo que já conhece” sobre a balada: “Que a casa dele é de família, que segue princípios, regras e que não vai permitir abuso. Fico feliz porque aqui é Curitiba, é uma cidade séria”.
Alexandre Mortier disse ter recebido as declarações de Tito Barichello com preocupação e que, em seguida, enviou um comunicado à produção de MC Pipokinha a alertando sobre o formato do show.
“Qualquer ato obsceno que eles façam, apologia à pornografia, a própria casa vai interromper o show e a gente vai seguir com os nossos princípios”, garantiu.
O empresário também afirmou que a contratação do show da cantora aconteceu em um momento em que “ela não estava tão fora do normal como hoje”.
Recentemente, a funkeira MC Pipokinha, que tem mais de 3 milhões de seguidores no Instagram, se envolveu em várias polêmicas devido às letras das músicas que canta e o formato dos shows que promove. Nascida em Santa Catarina, Doroth Helena de Sousa Alves, tem 24 anos.
Pipokinha chegou a minimizar um assédio sexual sofrido por ela durante um show ao afirmar que o crime “é a coisa mais normal que existe” e que “assédio todo mundo sofre”. Em outro caso, ela debochou dos salários de professores.
“Ser professora tem que amar muito a profissão, porque ouve desaforo dos filhos dos outros, tem nada pra fazer em casa mesmo, tem que ser professora. E ainda receber o que um professor recebe, que é quase nada. Professor é humilhado pra cara*** só de ser um professor. Meu baile está R$ 70 mil: 30 minutinhos no palco, eu ganho R$ 70 mil. Ela não ganha nem R$ 5 mil sendo professora às vezes. Precisa estudar muito”, disse ela à época.
Dias depois, a cantora teve vários shows cancelados. No início de março, um vídeo em que ela aparece recebendo sexo oral de uma fã sobre o palco, durante um show, viralizou e ela foi fortemente criticada nas redes sociais.
A MC também se tornou alvo de pedido de investigações após um vídeo publicado em uma plataforma de conteúdo adulto mostrar um de seus gatos de estimação lambendo seus peitos. Internautas apontaram para a prática de zoofilia.
