A Polícia Militar do Paraná (PMPR) cumpre uma decisão judicial, na manhã desta terça-feira (10), para a desocupação de um terreno particular no bairro Campo de Santana, em Curitiba. São cerca de 150 famílias que estavam instaladas no espaço, que é de posse da construtora Piemonte. Oficiais de Justiça e funcionários da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) acompanham a reintegração de posse, que até o momento acontece com tranquilidade.

PUBLICIDADE
PMs cumprem reintegração de posse nesta terça-feira no bairro Campo de Santana (Foto: Colaboração)

Segundo Mariana Kauchakje, que faz parte da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), é uma decisão que prejudica inúmeras famílias, que agora ficam sem ter para onde ir.

"O sentimento nosso hoje é de revolta e injustiça, porque as pessoas não tem para onde ir e aqui é um terreno parado há mais de 30 anos. Manter essas pessoas aqui, até que tivessem uma moradia digna, não mudaria nada. O direito à moradia destas pessoas está sendo descumprido", lamentou Mariana, em entrevista ao Portal Nosso Dia.

Segundo a ativista, a maioria das famílias é de pessoas que perderam tudo o que tinham com a crise causada na pandemia de covid-19. "Estávamos aqui desde o inverno do ano passado (2022), famílias que foram empurradas para o empobrecimento por não conseguirem pagar o aluguel, especialmente no período da pandemia. Elas fizeram a decisão corajosa de alimentar os filhos e ir atrás do direito à moradia", explicou.

PUBLICIDADE
Terreno é da construtora Piemonte

O terreno tem cerca de 1,8 hectares e já chegou a ter 400 famílias, mas parte delas abandonaram o espaço pelo receio da reintegração de posse. Agora, as pessoas despejadas terão que procurar para onde ir. "A FAS esteve aqui e ofereceu um apoio em que mães e filhos vão para um lugar e os pais para outro. No nosso entendimento, isso não é correto. São milhares de pessoas na fila da Cohab (Companhia de Habitação Popular) em Curitiba que precisam ser atendidas", concluiu.

O caso também é acompanhado pela Defensoria Pública do Paraná, que emitiu a seguinte nota:

A Defensoria Pública do Paraná (DPE-PR), por meio do Núcleo Itinerante das Questões Fundiárias e Urbanísticas (Nufurb), está acompanhando com apreensão o cumprimento da ordem de reintegração de posse pela Coordenadoria Especial de Mediação de Conflitos de Terra (Coorterra). O Nufurb espera que a desocupação ocorra de forma pacífica e aguarda que a prefeitura de Curitiba informe quais são os abrigos que receberão as famílias que estão na ocupação Povo Sem Medo.

A construtora Piemonte não se pronunciou sobre o caso. O espaço permanece aberto.

PUBLICIDADE