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Pela quarta vez em 2025, a propriedade da família do arquiteto paranaense Lolô Cornelsen foi alvo de incêndio em São José dos Pinhais, região Metropolitana de Curitiba. Em menos de 40 dias, quatro incêndios foram registrados na chácara da família. Nessa madrugada (10), a residência principal, uma das últimas casas projetadas pelo arquiteto modernista, foi atingida pelo fogo.
O primeiro caso de incêndio ocorreu em agosto, quando um barracão da propriedade, utilizado como floricultura pegou fogo misteriosamente após um pequeno foco de incêndio ter sido localizado dias antes. No mês seguinte, outros barracões no imóvel foram alvos do fogo, levantando suspeitas da família de que poderiam se tratar de um incêndio proposital e criminoso, considerando a frequência de ataques à propriedade.

Ao Portal Nosso Dia, Consuelo Cornelsen, filha de Lolô e responsável pelo acervo do arquiteto, afirmou que a família espera respostas para o caso. “É uma ação criminosa na minha opinião, mas a polícia não está encontrando culpados. A polícia está andando em passos lentos nessa situação”, afirmou.
A casa de chácara planejada por Lolô Cornelsen foi construída em 1948, e era considerada um ícone da arquitetura moderna no país. A marca do projeto era a cobertura em V, formada por planos inclinados, que remetiam ao formato de asas de uma borboleta. Segundo o arquiteto paranaense Irã Taborda Dudeque, a casa tinha influências da Residência Errazuriz, projetada pelo arquiteto Le Corbusier para ser construída no Chile.
“A casa de São José dos Pinhais foi o primeiro projeto de Cornelsen totalmente resolvido a partir dos novos princípios da arquitetura moderna. Ao realizar a obra, Lolô contribuiu para atualizar o debate de Curitiba em relação à arquitetura moderna internacional”, explicou o professor. “Perde-se um dos mais antigos exemplares dos pioneiros da arquitetura moderna.”

Ayrton “Lolô” Cornelsen (1922-2020), foi engenheiro civíl e arquiteto, um dos grandes nomes da arquitetura moderna no Paraná, responsável por projetos como os estádios Couto Pereira e Pinheirão, em Curitiba. Além disso, foi em sua passagem como diretor pelo Departamento de Estradas e Rodagens do Paraná, em 1950, que a Estrada da Graciosa e Rodovia do Café foram pavimentadas no estado.
Após sua morte, em 2020, os filhos passaram a ministrar a propriedade, e ficaram responsáveis por cuidar do acervo do arquiteto. Segundo a família, a única casa planejada por ele no centro de São José dos Pinhais, tinha planos de se tornar um museu com registros das obras e contribuições para a arquitetura paranaense e brasileira.
Além da chácara, a cidade de São José dos Pinhais tem registrado uma série de incêndios florestais e em outras propriedades da cidade. Como a balada Armazem Universitário, no bairro Águas Belas que foi tomada pelas chamas no mesmo dia em que o incêndio na floricultura ocorreu. A família registrou boletins de ocorrência, e o caso está sob investigação da Polícia Civíl de São José dos Pinhais, que deve apontar as causa do incidente.