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O que é a ‘pegada suicida’, exercício com supino que matou homem em academia

Ronald José Salvador Montenegro estava fazendo a atividade quando a barra escapou de suas mãos e atingiu seu tórax
Ronald morreu após barra de supino escapar de sua mão e atingir seu peito Foto: Reprodução/ Redes Sociais
Ronald José Salvador Montenegro estava fazendo a atividade quando a barra escapou de suas mãos e atingiu seu tórax

Estadão Conteúdo

05/12/25
às
8:20

- Atualizado há 16 segundos

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Chamada de “pegada suicida”, o exercício que matou um homem de 55 anos em uma academia de Olinda, em Pernambuco, exige técnica e suporte profissional. Ronald José Salvador Montenegro estava fazendo a atividade quando a barra escapou de suas mãos e atingiu seu tórax. Imagens de câmeras da academia registraram o momento do acidente.

“Ele usou a pegada falsa. O próprio nome mostra que é muito perigoso. Essa pegada é desencorajada para o público em geral e utilizada por pessoas altamente treinadas. Em algumas abordagens, essa pegada tem o nome esdrúxulo de ‘pegada suicida'”, explica o professor Junior Jocas, membro da diretoria do Conselho Federal de Educação Física (Confef), em entrevista ao Estadão.

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No vídeo, é possível ver que o homem estava com o polegar na parte traseira da barra, junto com outros dedos, permitindo que o equipamento escapasse para a frente.

De acordo com Jocas, a forma como o homem segurou a barra foi inadequada pelo risco que representa. “Quando a gente trata do supino reto é recomendada a pegada fechada, em arco, onde o polegar fica ativo”, afirma.

Outra problema apontado pelo professor é a ausência de orientação e suporte profissional no momento da execução do exercício. “O suporte pode até ser feito por um colega de treino, na hora de ajudar com a barra, mas a orientação tem que ser com um profissional de Educação Física”, disse Jocas.

Segundo ele, acidentes como o que aconteceu com Ronald, mas em menor gravidade, são rotineiros em academias. “Claro que pela tragédia de chegar a óbito, esse caso teve muito mais evidência, mas é um acidente muito comum. O supino reto é um aparelho que precisa de cuidado e supervisão constante”, afirmou.

Pela experiência, o professor disse que o homem estava com uma carga entre 70 kg e 80 kg quando aconteceu o acidente. “Isso não é um peso para iniciante, que não conseguiria nem tirar a barra do rack”, indicou. “Questões técnicas e de segurança devem ser sempre consideradas, independentemente de ser amador ou avançado”, apontou.

Na avaliação de Jocas, o uso de acessórios, como luvas, não teria evitado da tragédia. “A luva não iria fazer muita diferença. Eu acho que não iria resolver. A pegada e a supervisão do movimento são os dois pontos principais”, disse.

Dicas de segurança

A segurança no supino começa pela pegada, segundo o professor. A forma como as mãos se posicionam na barra define estabilidade, eficiência e prevenção de acidentes.

Veja, abaixo, cinco dias passadas por Junior Jocas:

– Largura da pegada: deve ser ligeiramente maior que a distância dos ombros, permitindo que os antebraços permaneçam verticais na descida da barra. Esse alinhamento reduz torque no ombro e evita trajetórias inseguras;

– Posição dos punhos: devem estar neutros e alinhados ao antebraço. Punho dobrado compromete o controle e aumenta o risco de queda da barra;

– Pegada recomendada: deve ser fechada com o polegar envolvendo toda a barra. A chamada pegada falsa ou “thumbless” eleva significativamente o risco de acidentes e não é recomendada ao público geral;

– Trajetória segura da barra: descer com controle, mantendo a barra alinhada ao peitoral médio e evitando proximidade com o pescoço;

– Segurança como princípio: técnica adequada, supervisão profissional e progressão consciente de carga são pilares essenciais para uma prática segura.

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