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Número de infrações dispara 39% nas rodovias federais em 2025

Excesso de velocidade é responsável por duas a cada três multas emitidas no primeiro trimestre do ano
Policial fiscaliza rodovia federal com radar móvel (Imagem Ilustrativa - PRF)
Excesso de velocidade é responsável por duas a cada três multas emitidas no primeiro trimestre do ano

Redação*

01/05/25
às
9:35

- Atualizado há 10 horas

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O número de infrações de trânsito nas rodovias federais brasileiras disparou no primeiro trimestre de 2025, alcançando um aumento de 39% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram emitidos 2.578.333 autos de infração contra 1.859.028 registrados em 2024. O levantamento revela um cenário alarmante e mostra que o excesso de velocidade continua sendo um dos principais fatores de risco nas estradas, representando 66,9% (1.724.833) de todas as infrações registradas. 

“Dois em cada três motoristas infratores foram flagrados em velocidade incompatível com a rodovia. Isso mostra o quanto a campanha do Maio Amarelo deste ano é imprescindível: o motorista brasileiro precisa desacelerar se quiser preservar a sua vida e a dos outros”, alerta a psicóloga especialista em Trânsito e presidente da Associação de Clínicas de Trânsito de Minas Gerais (Actrans), Adalgisa Lopes.

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A especialista explica que o aumento expressivo nas infrações revela um fenômeno preocupante. “Estamos observando uma normalização do comportamento de risco. O fato de quase 67% das infrações serem por excesso de velocidade indica que muitos motoristas desenvolveram uma percepção distorcida sobre os limites seguros”, afirma.

Este comportamento reflete um descompasso entre a percepção individual de risco e a realidade. Não é raro encontrar condutores que acreditam estar mais preparados que os demais para controlar situações perigosas. “Quem nunca ouviu os famosos: ‘dirijo melhor quando bebo’ ou ‘não sou motorista, sou piloto’? Obviamente que essas pessoas estão erradas, estudos científicos já comprovam os efeitos do álcool e do excesso de velocidade no trânsito”, comenta Adalgisa.

Mente sã, trânsito seguro

O ritmo acelerado da vida moderna também tem contribuído significativamente para o aumento dos acidentes. O excesso de velocidade foi a quarta maior causa de mortes nas rodovias federais no primeiro trimestre, resultando em 99 vidas perdidas em 1.012 acidentes. “O estresse que o cotidiano impõe na rotina e os efeitos disso na saúde mental refletem no trânsito e causam tragédias que poderiam ser evitadas”, comenta Giovanna Varoni, psicóloga especialista em Trânsito e diretora da ACTRANS. 

Giovanna conta que o mundo atual, caracterizado por demandas de produtividade e tempo, cria um estado psicológico de pressão que se transfere para o comportamento ao volante. “O veículo se torna uma extensão do condutor e do seu estado emocional, transformando-se em instrumento de descarga de tensões acumuladas”, explica. As especialistas comentam que essa transferência emocional compromete a capacidade de julgamento e aumenta a propensão a comportamentos impulsivos, como o excesso de velocidade.

Problema multifatorial

A análise dos dados da PRF revela que, embora o excesso de velocidade seja predominante nas infrações, ele aparece como quarta causa de mortalidade, atrás de transitar na contramão e desatenção. Esse cenário prova o que as entidades de trânsito vêm alertando há anos: diante de um problema multifatorial, há de se pensar em soluções multidisciplinares. “A prevalência de desatenção como causa de acidentes fatais pode estar relacionada ao aumento do uso de dispositivos eletrônicos, fadiga crônica, sobrecarga cognitiva, além do aumento de incidência de ansiedade e depressão. Por isso, as políticas públicas devem considerar não só as campanhas de conscientização, a educação e a fiscalização, mas também o cuidado com a saúde física e psicológica como os pilares da segurança viária”, comenta Adalgisa. 

O papel dos psicólogos e médicos na segurança viária

Giovanna Varoni explica que “desacelerar não é só reduzir a velocidade no trânsito, é também um exercício de atenção, equilíbrio emocional e respeito à vida”. Nesse sentido, o trabalho dos psicólogos e médicos especializados em trânsito é fundamental para a segurança viária no Brasil. “Estes profissionais identificam situações de risco potencial para o trânsito e atuam para que os condutores estejam verdadeiramente aptos a dirigir”, comenta Giovanna. 

Adalgisa e Giovanna reforçam a importância da avaliação médica e psicológica periódica dos condutores. “Sabemos que 90% dos acidentes são provocados por fatores humanos. E muitos destes acidentes estão relacionados a condições médicas e psicológicas não diagnosticadas ou mal controladas, como problemas de visão, de sono, de ansiedade, depressão ou uso de drogas e de medicamentos que afetam a capacidade de dirigir. Portanto, cuidar da saúde do motorista é um pilar indispensável da segurança viária”, conclui Adalgisa.

*Com informações da assessoria de imprensa

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