- Atualizado há 16 horas
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, atacou na tarde deste domingo, 7, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que Moraes impõe uma “tirania” que “ninguém aguenta mais”. A declaração foi dada diante de milhares de apoiadores bolsonaristas em manifestação na Avenida Paulista no feriado do dia da Independência do Brasil Tarcísio atacou Moraes logo após os manifestantes entoarem o grito de “Fora Moraes”.
“Por que vocês (manifestantes) estão gritando isso? Talvez porque ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes Ninguém aguenta mais o que está acontecendo no País”, disse o governador. A declaração de Tarcísio representa uma subida de tom do governador contra o Supremo Tribunal Federal. Apesar de estar ao lado de Jair Bolsonaro em quase todos os assuntos, o governador normalmente evita conflitos com a Suprema Corte. É visto em Brasília como um dos bolsonaristas que tem boa interlocução com ministros do STF.
Para receber as principais informações do dia pelo WhatsApp entre no grupo do Portal Nosso Dia clicando aqui
O ataque veio após Tarcísio iniciar uma ofensiva na capital federal em prol da anistia dos réus pelo que a Procuradoria-Geral da República aponta como uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os acusados nessa trama está o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliados e milhares de pessoas que destruíram as sedes dos Três Poderes clamando por uma intervenção militar em 8 de janeiro de 2023.
Em seu discurso na Avenida Paulista neste domingo, Tarcísio disse que “não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro”, repetindo o mantra que se repete entre os bolsonaristas de que há uma ditadura em curso no Brasil. “Nós não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. É isso que precisamos fazer, é isso que precisamos defender. Chega do abuso, chega. Novos tempos virão. Vamos celebrar de novo com um líder que vai estar solto”, afirmou, referindo-se a Bolsonaro.
“Não vamos mais aceitar que nenhum ditador diga o que a gente tem que fazer. Não há mal que dure para sempre. O bem sempre vence o mal”, completou. Não ficou claro a quem Tarcísio se referia como “ditador”, mas o ataque a Moraes, que aconteceu poucos minutos depois, indica que tenha sido contra o relator do caso de Bolsonaro no STF.
Tarcísio foi enfático ao pedir anistia em diversos momentos. Disse que ela é necessária porque o processo contra o ex-presidente e seus aliados “está maculado e viciado”. Comparou o processo à anistia em 1979 (esta que se deu em um período realmente de ditadura, durante o governo do presidente João Figueiredo, o último do regime militar). “Se estamos hoje aqui defendendo anistia, é porque a gente sabe que esse processo está maculado e viciado. Essa anistia, assim como foi em 1979, tem que ser ampla e irrestrita, garantia da liberdade”, afirmou.
Segundo Tarcísio, não há provas para condenar Bolsonaro. O governador disse que a única coisa que pesa contra o ex-presidente é a delação de Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro durante seu período como presidente. Tarcísio ignorou, porém, declarações de chefes das Forças Armadas, que afirmaram terem sido consultados pelo ex-presidente sobre a possibilidade de aderirem a alguma manobra envolvendo as eleições. Também não mencionou a minuta cuja existência nem o próprio ex-presidente nega, que trataria da decretação de um Estado de sítio no País, alegando que o processo eleitoral conteve falhas.
“Que história é essa? Como vão condenar uma pessoa sem nenhuma prova? O que eles têm é uma única delação e o colaborador mudou de versão seis, sete vezes em três dias, sob coação. Essa delação vale de alguma coisa? Uma delação mentirosa. Não se pode destruir a democracia sob pretexto de resgatá-la”, afirmou o governador aos bolsonaristas na Paulista.