- Atualizado há 4 semanas
A primeira audiência do caso de racismo contra o fotojornalista Franklin de Freitas, editor de Fotografia do jornal Bem Paraná, ocorreu nesta quinta-feira (13) na 4ª Vara Criminal, no bairro Cabral, em Curitiba. O profissional foi alvo de ofensas racistas por um torcedor do Coritiba durante a cobertura de um jogo no estádio Couto Pereira, em 28 de abril de 2024. O Ministério Público denunciou o torcedor pelo crime de injúria racial, equiparado ao crime de racismo, cuja pena prevista é de três a cinco anos de prisão quando praticado em eventos esportivos. O caso foi denunciado às autoridades e segue sob julgamento.
Durante o intervalo da partida, enquanto atravessava o gramado, Franklin foi chamado de “preto filho da puta” por um torcedor. O agressor deixou rapidamente o local, mas o jornalista registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe), levando o caso à esfera judicial.
Após o episódio, Franklin relatou que o impacto emocional foi intenso. “Nem conseguia dormir, fiquei revivendo a cena na cabeça. Foi um momento de muita angústia”, disse o fotógrafo.
Na sessão, foram ouvidas testemunhas indicadas pelo Ministério Público, incluindo torcedores que presenciaram o episódio e se dispuseram a colaborar. Testemunhas de defesa também foram convocadas para apresentar a versão do réu.
O advogado e assistente de acusação, Luis Fernando Pedruco, ressaltou a gravidade do caso, afirmando que “o racismo é crime e precisa ser combatido com rigor”. Para ele, a busca pela condenação do agressor não é apenas de interesse de Franklin, mas de toda a sociedade, dada a natureza coletiva do crime.
Por sua vez, durante a audiência, o réu negou as acusações e apresentou uma versão diferente dos fatos. Ele alegou que apenas pediu ao fotógrafo para tirar uma foto sua e que, ao ser ignorado, se sentiu envergonhado e deixou o local.
Do lado de fora da 4ª Vara Criminal houve um ato de apoio ao fotógrafo, como movimentos organizados da torcida do Coritiba. Adrian Makaiver, representante do Coletivo Coritibano, reforçou que “um ato isolado não representa toda a torcida” e destacou a importância de pressionar as autoridades para garantir que a justiça seja feita. “O racismo não pode ser tolerado dentro ou fora dos estádios”, afirmou.
O deputado estadual Goura (PDT) manifestou solidariedade a Franklin e destacou que a luta contra o racismo deve ser de toda a sociedade. “O Brasil tem uma dívida histórica com os indígenas, com os negros, e isso tudo parte de um reconhecimento que nós temos ainda um racismo estrutural, um racismo presente na sociedade. Então toda a nossa solidariedade ao Franklin, que esse crime não passe impune e que toda a sociedade, como eu disse, se coloque, se posicione contra o racismo no nosso dia a dia”, afirmou o parlamentar.
Goura também ressaltou que, embora deputados estaduais não possam legislar sobre matéria penal, no Paraná foi atualizado o programa S.O.S. Racismo, que prevê sanções administrativas contra atos discriminatórios. O programa recebe denúncias pelo telefone 0800 642 0345 e as encaminha aos órgãos competentes.
Agora, o processo segue para a fase final de instrução, com um prazo protocolar de dois dias para a apresentação de provas complementares. Em seguida, a Justiça marcará a data para a sentença.
Franklin de Freitas avaliou positivamente a audiência, destacando a consistência dos depoimentos das testemunhas de acusação. “Foi uma sessão satisfatória. Agora, é aguardar que a justiça cumpra seu papel”, disse o jornalista.
