- Atualizado há 4 semanas
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Preso por um ano e sete meses (580 dias) na Polícia Federal (PF) em Curitiba, em função da Operação Lava Jato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se emocionou ao lembrar deste período por estar de volta à Região Metropolitana de Curitiba, na tarde desta quinta-feira (15). O presidente falou durante a cerimônia de retomada das atividades da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A. (ANSA), em Araucária.
O presidente iniciou o discurso, a simpatizantes e mais de 200 funcionários recontratados pela ANSA, afirmando que tinha uma fala preparada, mas ao ver as pessoas que estavam lá decidiu mudar.
“Se as pessoas têm uma música que lembram, eu tenho vocês me dando bom dia, faça dia ou faça ou sol, nos 580 dias em que eu estive preso. Obrigado a todos que cantaram para mim. Aquilo marcou a minha vida. Essa é a música que eu lembro”, disse Lula, que chorou muito durante o discurso
Em seguida, o presidente afirmou que foi orientado a ir ao exterior para não ser preso,mas não poderia fazer isso com quem o apoiava. “Antes de eu ir à Polícia Federal, queriam que eu fosse para o exterior ou uma embaixada. Eu falei que não, como ficaria para todos os que me apoiam se eu fosse um fugitivo. Eu fui para a PF para provar minha inocência”, lembrou
Por fim, sobre a reabertura da ANSA, o presidente afirmou estar orgulhoso por usar a camisa do Petrobrás. “Muitas vezes eu ficava deprimido e chorava quando sabia de companheiros da Petrobrás que eram chamados de ladrão. Pessoas que trabalhavam honestamente. É um orgulho usar essa camisa, porque a Petrobrás é do povo brasileiro”, concluiu.
O investimento previsto para a reabertura da unidade é de R$ 870 milhões. A previsão é de que a produção comece no segundo semestre de 2025. Durante a intervenção para retorno operacional serão gerados mais de 2 mil empregos, entre empregados ANSA e das empresas contratadas. Após retorno operacional, devem ser mantidos cerca de 700 empregos diretos.
Atualmente, a fábrica está em processo de contratação de serviços e aquisição de materiais, com previsão de conteúdo local superior a 85%. Após finalizada essa etapa, será realizada a mobilização dos contratos de serviços e manutenção dos equipamentos para o início das atividades. Situada ao lado da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), a ANSA tem capacidade de produção de 720 mil toneladas/ano de ureia, o que corresponde a 8% do mercado; 475 mil toneladas/ano de amônia; além de 450 mil m³/ano do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32).
“O setor de fertilizantes tem importância estratégica para o país e para a Petrobras, possibilitando diversificação dos negócios da companhia, integração da cadeia do gás natural e ações de descarbonização em linha com a transição energética. Nossa retomada da participação no mercado de fertilizantes passa por comprovação da viabilidade técnica econômica e vai contribuir para reduzir a dependência nacional da importação de fertilizantes, gerando também emprego e renda”, comemorou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
Após um acordo proposto pelo Ministério Público do Trabalho e homologado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), 215 ex-funcionários da fábrica reiniciaram suas atividades. Esses trabalhadores haviam sido dispensados em 2020, quando a fábrica foi hibernada. São essencialmente técnicos especializados no funcionamento da planta industrial e foram recontratados pela subsidiária.
Investimentos na Repar
A Petrobras anunciou o investimento de R$ 3,2 bilhões, previstos no horizonte do PE 24-28, destinado a paradas de manutenção e projetos de investimento na Repar. Serão gerados cerca de 27 mil empregados diretos e indiretos.
Entre os projetos, está prevista a implantação de uma nova unidade de hidrotratamento de médios (HDT), que tem por finalidade o aumento da produção de diesel S10, além de projetos de melhoria de eficiência energética, visando uma menor pegada de carbono nas operações e aumento de carga de destilação, para acréscimo da produção de derivados e atendimento ao mercado.
A Repar é pioneira na produção do Diesel R, combustível produzido por coprocessamento (processamento conjunto) de derivados de petróleo (parcela mineral), com matérias-primas de origem vegetal, como óleo de soja.
Esse novo combustível é uma alternativa sustentável no ciclo diesel, pois a redução das emissões associada à parcela renovável é de ao menos 60% em comparação com o diesel mineral, podendo ser até maior a depender da matéria-prima utilizada.
A unidade atende cerca de 15% da produção nacional de derivados de petróleo e 85% do abastecimento vai para os estados do Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. A capacidade instalada é de 33 mil m³/d ou 207.563 bbl/d e os principais produtos são o diesel, gasolina, GLP, coque, asfalto, óleos combustíveis, QAV, propeno, óleos marítimos.