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Uma representação de mulheres negras com ‘cabelo de bombril’, lã de aço que recebe esse nome por ser a marca mais conhecida do produto, causa revolta em pais do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Dona Ruth Weigert, no bairro Botiatuba, em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba. Em comunicado, a prefeitura da cidade afirmou que investiga o caso, tratanto como ‘suposta prática de racismo’.
O caso veio à tona depois que a dona de casa Karla Roberta Leonor Baptista, que é uma mulher negra e mãe de uma criança que estuda no Cmei, postou a imagem na rede social Facebook. Ela ficou indignada com a representação feita pelos educadores, assim como outros pais.
“Quero compartilhar a minha grande indignação, minha filha estuda no Cmei dona Ruth. Primeiramente, não sou uma negra de ‘mi mi mi’, que tudo é racismo, quem me conhece sabe. Esse trabalho que está acima foi feito na escolinha da Pietra, enviado por outra mãe de um aluno, que no momento estava muito indignada. É inadmissível aceitar que a ideia veio de que são estudadas e adultas, parafazer uma palhaçada dessa”, afirmou indignada.
Karla, que realizou Boletim de Ocorrência (BO) sobre o caso, lamentou sobre o que a filha pode ter pensado ao ver a imagem. “Vou explicar melhor, na foto fica bem claro que negros têm “cabelo de bombril”. Quem já sofreu como eu, e outras milhões de negros, sabe a dor que sentimos quando nos deparamos com esse tipo de comparação. Fico imaginando o que minha filha está pensando nesse momento e nas crianças que tiveram que produzir esse trabalho”, destacou.
Ela também cobrou uma atitude por parte da Prefeitura de Almirante Tamandaré. “Aqui fica a minha dor e tristeza, porque sou uma negra e essa luta que temos para mostrar que não temos CABELO DE BOMBRIL é de anos. Aguardo providências por partes do Cmei, prefeito e Secretaria de Educação de Almirante Tamandaré”, concluiu.
Por meio de nota divulgada nas redes sociais, a Prefeitura de Almirante Tamandaré tratou o caso como ‘suposta prática de racismo’ e afirmou que, “assim que tomou conhecimento da situação, convocou, imediatamente a equipe pedagógica do CMEI para uma reunião para registro dos fatos e encaminhamento à Comissão de Sindicância, que na observância da legislação, poderá encaminhar o caso para abertura de Processo Administrativo visando à responsabilização prevista em lei”, diz a nota.
A Prefeitura de Almirante Tamandaré afirmou ainda que ‘mantém contato estreito com o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, que acompanhará o caso e tem sido parceiro na luta para a promoção de práticas antirracistas em todas as políticas públicas de nosso município’. “Concordamos todos que não há e nem pode haver espaço para racismo em nenhum lugar de nossa sociedade”, concluiu a nota.