- Atualizado há 2 anos
A Associação dos Caminhoneiros Autônomos do Litoral do Paraná (ACLP) informou que, a partir de 3 de abril, a categoria iniciará paralisação, por prazo indeterminado, em razão da falta de reajuste no valor do frete. De acordo com o presidente da associação, Walmir dos Santos da Silva, em entrevista ao JB Litoral na segunda-feira (27), a maioria das transportadoras e armadores que utiliza o serviço dos motoristas internos de Paranaguá rejeitou a proposta, que prevê 17,82% de aumento e é determinada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
De acordo com a entidade, o reajuste solicitado às transportadoras é garantido pela ANTT, que estabelece os preços mínimos de frete rodoviário, e foi atualizado pela última vez em janeiro deste ano. A ANTT segue a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas (Lei nº 13.703/2018), que prevê a periodicidade ordinária de revisão da tabela de preço, através da Resolução nº 5.867/2020; o reajuste é feito semestralmente.
No entanto, o negociador da ACLP, Adenilson Kaczarouski, conta que o acordo com as transportadoras de Paranaguá foi diferente. “Para não ter vários reajustes durante o ano, que é o que a ANTT legaliza, combinamos de todos os anos fazer apenas um reajuste anual, somando todos os percentuais. Mas sempre é uma luta”, explica.
Ele comenta que a última reunião realizada entre associação e transportadoras aconteceu no Sest Senat, dia 27 de fevereiro, na qual a diretoria da entidade solicitou o reajuste total de 24%. O valor corresponde aos 17,82% reajustados pela ANTT em 2022 e mais 6,18% do Indicador Geral de Preços do Mercado (IGP-M).
Porém, diante da negativa das empresas, na negociação houve o acordo de que apenas os 17,82% seriam pagos. “Essa era a promessa, e eles dariam o ok até o dia 15 de março e o novo valor passaria a valer no dia 1º de abril, mas apenas três transportadoras deram a positividade para o reajuste. Por isso, decidimos notificar a paralisação. Então, caso não haja o ok até o dia 1º, no dia 3 de abril o transporte interno de Paranaguá vai realizar greve até o consenso do reajuste”, afirma.
A ACLP possui 166 associados, mas, de acordo com o vice-presidente João Carlos Selmer Junior, Paranaguá conta com mais de 400 motoristas autônomos que trabalham dentro da cidade. Ele afirma que o trabalho da entidade busca representar a toda a classe.
Atualmente, os valores praticados são de R$ 230 para contêiner vazio e R$ 300 cheio; com o reajuste, os preços passam para R$ 270 e R$ 354 respectivamente. “Nossa margem de lucro é muito pequena. Para manter um caminhão, por mais velho que seja, custa na base de R$ 50 mil; além disso, a manutenção é cara, o diesel é caro”, diz.
Os serviços realizados por esses caminhoneiros, chamados de motoristas internos, uma vez que atuam apenas dentro do município, envolvem todo o transporte de contêineres vazios e/ou cheios que circulam em Paranaguá. “Fazemos a retirada dos contêineres vazios do terminal para depósitos de contêineres vazios; embarque de vazios, ou seja, levamos do depósito para o terminal; exportação; também trabalhamos com contêineres cheios, tirando dos depósitos de estufamento para o terminal; importação, tirando do terminal para depósito, desova e muitos outros serviços”, conta João Carlos.
Ele também destaca que a intenção não é realizar a paralisação, contudo, os motoristas não veem outra alternativa uma vez que, segundo ele, muitas transportadoras não mandam o reajuste dos fretes a seus clientes. “Se nós pararmos, será apenas nós, sem impedir ninguém de trabalhar, apenas aqueles que estão descontentes. É inviável para nós continuarmos com os valores atuais”, conclui.
São cerca de 50 transportadoras que realizam a movimentação de contêiner em Paranaguá.
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