- Atualizado há 3 semanas
O motorista e o dono do caminhão que tombou sobre uma van com uma equipe de remo, matando nove pessoas na BR-376, em Guaratuba, no Litoral do Paraná, foram indiciados por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A Polícia Civil do Paraná concluiu o inquérito policial nesta terça-feira (12) e encaminhou ao Ministério Público.
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O acidente aconteceu na noite do último dia 20. O caminhão, conforme câmeras de monitoramento, realizou três paradas por problemas mecânicos antes da tragédia. Tanto o motorista do caminhão, quanto o proprietário, acabaram responsabilizados criminalmente.
“O motorista do caminhão foi indiciado porque não tinha conhecimento ou habilidade técnica para a condução do caminhão, caracterizando a imperícia. Houve o má uso da embragem, o que comprovou a imperícia, levando aos problemas mecânicos”, descreveu o delegado Edgar Santana, da Delegacia de Delitos de Trânsito, que investiga o caso.
O delegado explicou ainda qual a responsabilidade do dono do caminhão. “O segundo indiciado foi o proprietário do caminhão, porque os freios estavam em condições precárias e o ele não tomou nenhuma atitude quanto a isso. Já os mecânicos que fizeram os reparos nas paradas na rodovia, não ficou comprovada resposabilidade”, concluiu.
O acidente aconteceu em Guaratuba, na BR-376. Entre as vítimas, estão atletas adolescentes do Projeto Remar para o Futuro, que voltavam de uma competição em São Paulo. Também perderam a vida o treinador da equipe e o motorista da van. Eles tinham entre 15 e 52 anos.
O veículo saiu de São Paulo com destino a Pelotas, no Rio Grande do Sul, em viagem fretada com equipe de atletas adolescentes de remo.
Conforme a PRF, a carreta, dirigida por um homem de 30 anos, que se feriu levemente, teria perdido os freios, colidindo na traseira da van. O veículo foi projetado à frente, batendo na traseira do automóvel conduzido por um homem, que estava sozinho e não se feriu.
Em seguida, no entanto, a van rodou e a carreta a arrastou para fora da pista, tombando sobre o veículo que levava os atletas.
A colisão provocou a morte do treinador da equipe, do motorista da van e de sete atletas. Na segunda-feira, a prefeitura de Pelotas decretou luto oficial de sete dias.
O veículo de passeio estava com um ocupante, que não se feriu. Na van, eram dez pessoas (só o adolescente João Pedro Milgarejo, de 17 anos, sobreviveu). Na carreta, estava apenas o motorista, que teve ferimentos leves.
Após o acidente, o adolescente resgatado com vida e o motorista da carreta foram encaminhados para o Hospital São José, em Joinville, Santa Catarina. Ambos receberam alta médica.
Milgarejo participou da conquista da medalha de ouro no four skiff masculino, no sábado, 19, com os companheiros Samuel Benites, Henry Fontoura e João Kerchiner, mortos no acidente, como outros quatro atletas.
A mãe do jovem, a técnica de enfermagem Gabriele Nolasco, viajou na segunda-feira, de Pelotas para Joinville, em busca do filho. Segundo ela, ele teve ferimentos em um olho e nas pernas.
Ela conseguiu falar com o rapaz três horas após o acidente e recebeu a informação de que ele havia sido encaminhado para o hospital, mas estava bem. No momento em que falou com a mãe, o adolescente ainda não sabia da morte de todos os colegas.
Ainda no domingo, a equipe fez uma publicação, por meio da academia de remo Tissot, falando sobre a participação no Campeonato Brasileiro Unificado, disputado na raia olímpica da Universidade de São Paulo (USP). Foram sete medalhas conquistadas na competição por equipes e o 6° lugar na classificação geral.
“Mais de 30 clubes de todos Brasil participaram da competição mais importante da temporada, e mesmo com uma das menores equipes, oito atletas, conquistamos o 6° lugar na classificação geral. A gratidão é imensa a todos que fazem parte da nossa família e contribuem nesse processo duro, que não medem esforços para vencer as adversidades para fazer esporte de base no nosso projeto.”
Davi Perleberg Rubira, de 20 anos, ex-remador competitivo, é participante do projeto há quatro anos e membro da equipe técnica do Projeto Remar para o Futuro.
Ele esteve em São Paulo, ao mesmo tempo que as vítimas da tragédia, para outro evento. “Havia a possibilidade de voltar com eles de van, pois eu estava em São Paulo para um evento acadêmico”, contou ao Estadão o jovem, ainda abalado pela notícia.
O projeto é uma parceria entre prefeitura de Pelotas, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e o Clube Centro Português 1º de Dezembro, que ocorre desde 2015 no município. Até o ano passado, já havia emplacado 12 atletas nas categorias de base da seleção da modalidade.
“O projeto promove, ao longo do período, a fim de apresentá-lo a adolescentes de 13 a 15 anos de idade da rede municipal de ensino, palestras, mostra de materiais utilizados na prática do esporte e relatos de alunos participantes, com dois processos seletivos anuais, abrindo 15 vagas por semestre. Conta com equipe multidisciplinar, envolvendo profissionais de nutrição, fisioterapia, odontologia e educação física”, afirma a prefeitura da cidade gaúcha.