- Atualizado há 3 horas
A Polícia Federal cumpriu na noite desta quarta-feira, 20, mandado de busca pessoal e de busca e apreensão contra o líder religioso Silas Malafaia no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Foram executadas medidas cautelares diversas da prisão, incluindo a proibição de deixar o País e de manter contato com outros investigados. O celular também foi apreendido. Na investigação a PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e de seu filho Eduardo.
“O alvo dos mandados foi abordado por policiais federais ao desembarcar de voo proveniente de Lisboa e está sendo ouvido nas dependências do aeroporto”, disse a PF.
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Malafaia entrou na mira da investigação após diálogos encontrados no celular de Jair Bolsonaro nos quais o líder religioso orienta o ex-presidente a incentivar manifestações de rua e disparar mensagens por WhatsApp, mesmo estando proibido de usar redes sociais.
Nas conversas, Malafaia diz a Bolsonaro para pressionar os atores políticos e o Judiciário a favor de uma anistia. “Tira o Lula do foco, volta ao assunto da anistia e pressione o STF”, afirmou, em um dos diálogos.
Para a PF, essas orientações demonstram uma intenção de “coagiar” autoridades brasileiras. “Vale ressaltar que nas orientações repassadas ao ex-presidente, Silas Malafaia evidencia que a real intenção dos atos praticados pelos investigados é coagir as autoridades brasileiras (ministros do STF e parlamentares) para obter uma anistia e impunidade nas ações penais em curso, sendo tais medidas a única saída para reverter as sanções impostas pelos Estados Unidos. Diz: ‘tem que juntar a taxa com a questão da anistia. Ou juntar liberdade, justiça e anistia e a queda da taxa. É a carta de Trump, não vão ter como dizer que é fake'”, diz o relatório da Polícia Federal.
Em outra mensagem, enviada por escrito no WhatsApp em 15 de agosto, Malafaia insiste para Bolsonaro gravar um vídeo e atacar o STF: “Abre a boca! Líder da (sic) direção ao povo, povo é levado por outros quando líder se cala. SÓ O QUE VIRALIZA É VIDEO ! Vai por mim, não espere o pior acontecer. SE POSICIONE! O jogo está armado e o juiz comprado”.
Depois de sugerir a produção de um vídeo, Malafaia diz que faria a tradução dele por inteligência artificial para que o filho de Bolsonaro, Eduardo, enviasse o arquivo para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Nesse sentido, verifica-se que Malafaia atua com adesão subjetiva ao intento criminoso ao se disponibilizar a produzir a versão em inglês por inteligência artificial (IA), indicando que o vídeo seria encaminhado até o presidente Trump por EDUARDO BOLSONARO através de ‘assessores que fala toda hora com ele'”, escreveu a Polícia Federal.
Pastor xinga Eduardo Bolsonaro em áudio para ex-presidente
O pastor Silas Malafaia afirmou ter enviado um áudio xingando o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), no dia seguinte ao tarifaço aplicado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o Brasil no início de julho.
“E vem o teu filho babaca falar merda! Dando discurso nacionalista, que eu sei que você não é a favor disso. Dei-lhe um esporro, cara… mandei um áudio pra ele de arrombar. E disse pra ele, a próxima que tu fizer eu gravo um vídeo e te arrebento! Falei pro Eduardo”, diz Malafaia em mensagem de voz enviada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O relato está detalhado no documento da Polícia Federal enviado ao STF.
Bolsonaro admite conversar com ministros do STF
Conversas de áudio extraídas do celular de Jair Bolsonaro revelam que ele disse ao filho Eduardo que mantém diálogo com ministros do Supremo Tribunal Federal. O material instrui o inquérito que tramita no tribunal sobre a tentativa de coação de integrantes da Corte para evitar o julgamento da trama golpista
O relatório da Polícia Federal, que contém as degravações dos diálogos, informa que, no dia 27 de junho, o ex-presidente disse a Eduardo: “Esqueça qualquer crítica ao Gilmar”, em possível menção ao ministro Gilmar Mendes. Bolsonaro então afirma que tem “conversado com alguns do STF” e que “todos ou quase todos, demonstram preocupação com sanções”, referindo-se às medidas que viriam a ser adotadas pelos EUA contra o Brasil. Nas mensagens, o ex-presidente não especifica com quais ministros teria conversado.
PF diz ter encontrado com Bolsonaro minuta de pedido de asilo na Argentina
A Polícia Federal encontrou na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro uma minuta de pedido de asilo político na Argentina. Para os investigadores, o documento indica que Bolsonaro planejou uma fuga para o país vizinho.
De acordo com a PF, o arquivo foi editado pela última vez em fevereiro de 2024. No documento, endereçado ao presidente da Argentina, Javier Milei, Bolsonaro afirma que é “um perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos”.