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Por 16 a 7 votos, nesta segunda-feira (22), foi aprovada, na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), uma segunda moção de autoria do vereador Guilherme Kilter (Novo) sobre o ocorrido na UFPR no último dia 9 de setembro. Na terça-feira passada (16), a CMC já tinha referendado uma moção de apoio à Polícia Militar do Paraná (PMPR) pelo envolvimento no incidente. Hoje, apoiou o protesto de Kilter “contra os atos violentos dos militantes de extrema-esquerda que impediram a palestra” .
Na noite de 9 de setembro, manifestantes protestaram contra a realização da palestra “O STF e a interpretação constitucional”, no Salão Nobre do curso de Direito, que teria a participação dos vereadores Guilherme Kilter e Rodrigo Marcial, do Novo, e do advogado Jeffrey Chiquini. Em razão da oposição ao evento, a palestra não foi realizada, apesar de os palestrantes terem ingressado no prédio histórico da UFPR. Diante do tumulto, a PMPR foi acionada, penetrou no edifício e, na dispersão dos envolvidos, houve confronto..
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Além de Kilter e Marcial, apoiaram a moção Andressa Bianchessi (União), Bruno Rossi (Agir), Bruno Secco (PMB), Carlise Kwiatkowski (PL), Da Costa (União), Delegada Tathiana Guzella (União), Fernando Klinger (PL), Indiara Barbosa (Novo), João Bettega (União), Meri Martins (Republicanos), Olimpio Araujo Junior (PL), Pier Petruzziello (PP), Renan Ceschin (Pode) e Tiago Zeglin (MDB). Ambas as moções aprovadas pela CMC afirmam posicionamentos discutidos em plenário e não podem ser confundidas com ações judiciais de nenhum tipo.
Os votos contrários foram dados por Angelo Vanhoni (PT), Camilla Gonda (PSB), Giorgia Prates – Mandata Preta (PT), Laís Leão (PDT), Marcos Vieira (PDT), Professora Angela (PSOL) e Vanda de Assis (PT). Parte desses parlamentares justificou sua negativa por ver na moção um ataque à UFPR, outra parte por julgar que houve espetacularização dos eventos com fins políticos, visando às eleições de 2026. Também fizeram críticas à forma como os estudantes da universidade foram tratados pelos vereadores do Novo, chamados em plenário de “bandidos” e de “vagabundos”.
Ao relatar o ocorrido na UFPR, Guilherme Kilter disse ter sido agredido verbalmente, ameaçado, alvo de copos com bebida e ser mantido detido, contra a vontade dele, no Salão Nobre, enquanto os manifestantes estavam do lado de fora da sala. “Qual era a dificuldade de deixar a gente fazer uma palestra na UFPR? Eu queria falar e queria debater”, alegou. “Quem cuspiu, quem fez constrangimento ilegal, quem agrediu, quem roubou, está tudo registrado. Vocês vão responder por isso administrativamente”, afirmou.
“Se vocês não forem expulsos [da UFPR], pelo menos não vai sobrar um tostão do bolso de vocês [devido às ações judiciais]. Na próxima vez, vocês vão pensar duas vezes antes de agredir alguém convidado para palestra numa universidade pública”, disse Kilter na tribuna da CMC. “Foi algo muito chocante para mim, especialmente por ter retornado à faculdade em que estudei e ter medo, como nunca tive na minha vida, pela minha segurança”, relatou Rodrigo Marcial (Novo), alinhado ao relato de Kilter.
Para a Delegada Tathiana, “é preciso respeitar o direito de falar”. “O que aconteceu nesse episódio foi um atentado contra a democracia. Houve retenção e abuso de quem estava lá”, argumentou a vereadora. “A moção não é contra a UFPR, nem contra os estudantes de bem”, complementou Renan Ceschin.
Foi exibido em plenário, duas vezes, um vídeo elaborado pela vereadora Giorgia Prates no qual ela busca contrapor a narrativa dos fatos apresentada pelos parlamentares envolvidos com filmagens do dia 9 de setembro na UFPR. “O extremista que buscou a confusão não foram os manifestantes”, disse a vereadora, para quem “ninguém mais aguenta o extremismo que coloca os outros em risco para ganhar like”.
“Não é função desta Casa contribuir para a perseguição política de estudantes. A CMC se envergonha ao aprovar a moção”, concordou a Professora Angela, antecipando a indignação de Vanda de Assis. “É um absurdo pautar repúdio aos estudantes da UFPR. A moção é uma ofensa, uma violência contra a juventude, contra a universidade e contra a democracia. O povo não é bobo. A extrema-direita pensa que vai ocupar a universidade, mas não vai”, disse a parlamentar.
“Eu acho que, no final das contas, a Câmara deveria lamentar tudo o que aconteceu, porque tem uma cena que é a Polícia Militar entrando na universidade com escopeta e mirando em estudante. Temos que ter limites”, pediu Angelo Vanhoni. Laís Leão e Marcos Vieira concentraram suas falas contra a moção na defesa do conhecimento produzido dentro da UFPR. “O que precisamos não é recuperar a universidade, é apoiar a UFPR”, defendeu o vereador.
Camilla Gonda afirmou que “o esvaziamento da universidade pública é um projeto que não atinge os mais privilegiados da população, [mas] afeta diretamente o jovem periférico, que escuta um discurso desses e acredita que só se produz baderna”. A vereadora reiterou os argumentos de que a “confusão” na UFPR foi tecida com interesses eleitorais, por quem não tem “olhar para a população”.