- Atualizado há 2 anos
Na primeira cena de Megatubarão 2, em cartaz nos cinemas, o espectador é transportado para a Terra de 65 milhões de anos atrás. O mundo está tomado por dinossauros. De repente, um tiranossauro começa a perseguir pequenas criaturas que entram na água para se proteger. Do nada, um gigantesco tubarão sai das profundezas do oceano e, em uma única e rápida bocada, engole esse predador jurássico que aterroriza o cinema há décadas. (Assista ao trailer abaixo)
Apesar da estranheza da cena, principalmente por conta dos efeitos especiais um pouco capengas, foi uma espécie de prévia do diretor Ben Wheatley (Free Fire, Turistas) sobre o que viria nas duas horas seguintes de projeção: bizarrices atrás de bizarrices envolvendo tubarões do tamanho de pequenos prédios. É, afinal, a continuação do filme de 2018 que fez um considerável sucesso de bilheteria.
Sendo uma sequência, assim, Wheatley tem a obrigação de deixar tudo mais exagerado, maior e grandioso. Como fazer isso em um filme que já tinha cenas gigantescas com tubarões também gigantescos? É aí que vem o grande acerto do cineasta: o longa deixa de ser um filme de ação com toques de thriller, como tinha sido na produção exageradamente séria de 2018, para abraçar o cômico, o tosco, o bizarro. Não chega a ser um Sharknado, que tem tubarões voando em tornados, mas capta a sua essência.
Tudo começa com a história inacreditável de Jonas Taylor (Jason Statham), especialista subaquático que se vê no meio de um acidente no fundo do oceano – a cerca de 7,6 mil metros abaixo do nível do mar. No caos que se segue, os megalodontes se libertam da fossa que os mantinha presos. É aí que começa a ação, já que é preciso impedir rapidamente que algo pior aconteça por ali.
Nesse contexto, são várias as coisas inacreditáveis que acontecem na tela e fazem com que o público dê gargalhadas sinceras. Statham (de Velozes e Furiosos), por exemplo, deixaria Chuck Norris orgulhoso: ele nada a milhares de metros de profundidade sem nenhum tipo de proteção, faz manobras aéreas com um jet ski e até mesmo segura um megalodonte apenas com o pé É absurdo em sua essência, sem vergonha de ser o que é.
Curiosamente, Wheatley não faz isso à toa. O cineasta absorve conteúdo de uma dezena de filmes trash, de Tubarão 2 até Dinoshark, para fazer graça com substância – os que conhecem esse cinema vão sair da sessão entusiasmados. Só não chega a ser um Sharktopus, por exemplo, mas se aproxima disso lá pela metade da história.
O fato é que Megatubarão 2 não é um filme com capacidade para ser realmente bom e o diretor sabe disso. Para resolver a questão, fez tudo aquilo que o cineasta Jon Turteltaub não foi capaz de fazer há cinco anos: brindar o público com uma divertida comédia de ação, que tem lá seus momentos desnecessários ou longos demais, mas que sabe que o céu é o limite quando falamos de histórias (e tubarões) tão bizarros
Agora, é só torcer para que um terceiro filme tenha a coragem de homenagear Sharktopus ou Exorcista de Tubarão, que já fazem parte de um pedaço obscuro da cultura pop e que merecem atenção.