- Atualizado há 2 anos
A responsabilidade dos problemas gerados pelo caos na BR-277 aos setores da economia paranaense se tornou alvo de embate entre a liderança do governo na Assembleia Legislativa (Alep) e o presidente do PT Paraná. Se de um lado o líder do governo na Alep, Hussein Bakri (PSD), defende que os prejuízos não devem ser “pagos” pelo governador Ratinho Jr. (PSD), a direção do Partido dos Trabalhadores do Paraná, representada pelo deputado estadual Arilson Chiorato, se opõe e atribui a questão à administração estadual.
Debatido entre dirigentes e representantes de nove partidos, como PT e PSDB, os problemas apresentados pela BR-277 desde outubro do ano passado foram um dos principais temas abordados durante uma reunião de formação da coalizão, além da concessão de pedágio no Paraná e a privatização da Copel. Em paralelo, os deputados de base e oposição debateram o tema na Alep.
Questionado pelo Portal Nosso Dia sobre as demandas apresentadas por alguns setores da economia em relação aos prejuízos provocados pela rodovia, Arilson Chiorato afirmou que o posicionamento das entidades que representam categorias como turismo e agronegócio é convertido em pressão ao Governo do Estado.
“A pressão dos setores da economia é uma forma de fazer o Ratinho pagar a conta. Ele é o responsável, pois não fez nada quando pôde. Não criou novo pedágio. Lamento o que tem acontecido nas rodovias. Infelizmente, o Ratinho trouxe esse caos para o Paraná”, protestou o dirigente do PT Paraná, que integrou a equipe de infraestrutura no governo de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Sobre o Governo do Estado ter de assumir a responsabilidade sobre o tema, como defende Chiorato, Hussein Bakri diz divergir, mas também respeitar a posição. “Acho que ninguém tem que pagar essa conta. Não é essa a questão. O problema é quando se politiza a pauta”, disse o deputado antes de também criticar o último modelo de pedágio vigente no Paraná.
Como mostrou o Portal Nosso Dia, o setor agrícola do Estado estima um prejuízo de R$ 600 milhões no escoamento de soja por causa dos problemas na BR-277. Já a categoria que representa o turismo calcula um rombo de R$ 450 milhões somente durante a temporada de verão em 2023. Somadas, as perdas ultrapassam R$ 1 bi.
Nesta terça-feira (21), o tráfego na BR-277 flui com dois desvios operacionais, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF): nos km 42 e 33. O primeiro ocorre em razão de um deslizamento de terra registrado em outubro do ano passado e o segundo, por causa de um afundamento no asfalto, em fevereiro. Por volta das 9h30, usuários da rodovia federal enfrentavam fila de pelo menos 5 quilômetros devido ao desvio no km 42, no sentido Litoral do Estado, segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná (DER-PR). No último dia 15, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) deu início às obras de contenção das fendas formadas no km 33 da via.
Ao Portal Nosso Dia, Arilson Chiorato também destacou que o presidente Lula “tem pressa em relação à manutenção das rodovias no Paraná”. O mandatário esteve em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, no último dia 16, para participar da posse de Enio Verri como diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional.
O Ministério dos Transportes inclusive divulgou ter liberado R$ 439 milhões para manutenção das estradas federais do Estado. “Lula frisou que quer um pedágio barato e afirmou que a pressa dele é a manutenção das rodovias. Ele disse que vai fazer todas as mudanças necessárias para baixar o valor do pedágio”, acrescentou o deputado estadual.
Ao avaliar o montante mencionado pela pasta, o líder do governo na Alep disse que o valor é “insuficiente”. “É importante ressaltar que o recurso é bom, mas insuficiente para atender às rodovias do Paraná”, disse Bakri.
O Nosso Dia questionou ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) qual é a previsão para a chegada desse recurso e qual é a prioridade em relação ao uso. A reportagem aguarda resposta.