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O laudo da Polícia Científica do Paraná (PCIPR) concluiu que o frio intenso registrado no dia do acidente pode ter sido um dos fatores que contribuíram para a explosão na fábrica da Enaex, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. A tragédia, que deixou nove trabalhadores mortos, ocorreu no mês passado e teve como provável causa a solidificação do pentolite, mistura de TNT e nitropenta utilizada no processo industrial, devido à temperatura de cerca de 3°C no momento do incidente.
Segundo os peritos, o endurecimento do material teria favorecido colisões contra as bases dos agitadores, provocando a detonação. Mesmo diante da destruição total dos equipamentos e das dificuldades para a coleta de vestígios, os especialistas conseguiram elaborar o documento em apenas 19 dias.
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O trabalho foi realizado em duas frentes: a identificação das vítimas, feita com o protocolo internacional DVI (Disaster Victim Identification) da Interpol, e a análise da explosão, com coleta de vestígios, estudo de documentos técnicos da indústria e avaliação dos equipamentos. Para determinar os cenários prováveis, os peritos aplicaram o método RCA (Root Cause Analysis), utilizado em acidentes de grandes proporções, como quedas de aeronaves.
“É um documento completo, com a apresentação dos cenários possíveis e inclusive com sugestões para a empresa e para outras do mesmo segmento, de forma a implementar melhorias de segurança”, explicou o perito oficial da PCIPR, Jerry Gandin.
A investigação da Delegacia da Polícia Civil do Paraná (PCPR) segue em andamento, com prioridade e cautela. O inquérito foi prorrogado por mais 30 dias para apurar se houve falha humana, responsabilidade técnica ou conduta criminosa que possa ter contribuído para a tragédia. “O objetivo é entregar à sociedade e às famílias das vítimas um relatório final completo, embasado e responsável”, afirmou a delegada Géssica Andrade.
O laudo apresentado pela PCIPR servirá de base para o inquérito e poderá subsidiar a atuação do Ministério Público e da Justiça. Além disso, traz recomendações de segurança para empresas do mesmo setor.
A resposta das equipes também foi considerada rápida: a confirmação das identidades das vítimas ocorreu em apenas nove dias, graças ao trabalho de perícia genética e papiloscopia. No total, cerca de 80 profissionais da Polícia Científica atuaram de forma coordenada em todas as etapas da operação.