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O jovem Weslley Souza, envolvido na briga com o deputado estadual Renato Freitas (PT) na Rua Vicente Machado, no Centro de Curitiba, alegou que disse apenas para que Freitas utilizasse a faixa de pedestre. Para a imprensa, Wesley se defendeu e relatou ter sido surpreendido pela reação do parlamentar após essa breve interação no trânsito. O caso, registrado na manhã de quarta-feira (19), ganhou grande repercussão após a divulgação de vídeos que mostram agressões mútuas. O envolvido nega qualquer ofensa ou injúria racial ao parlamentar.
Segundo Weslley, o primeiro contato ocorreu quando ele manobrava o carro. Ele contou que apenas chamou a atenção do deputado sobre o local onde Freitas atravessava a via. “Quando saí com o carro, só falei que ali não tinha faixa de pedestre. Fiz o gesto de que podia passar e ele ficou me olhando. Ele disse ‘você não sabe quem eu sou’. Balancei a cabeça e estacionei. Logo depois, ele e outro rapaz vieram para cima de mim”, afirmou.
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O jovem diz que foi derrubado no chão após um chute e uma “voadora”. Alega também que, durante a confusão, apenas tentou se proteger. “Quando ele começou a me agredir, só protegi meu rosto. Não sabia que era deputado, ele achou que eu tinha obrigação de saber. Me afastei e fui anotar a placa do carro, porque era meu instrumento de defesa depois de ser espancado”, disse.
Weslley afirma que, ao tentar registrar a placa, o deputado voltou a avançar contra ele. Segundo seu relato, os jovens que gravaram a cena são vendedores de bolo na região e também não reconheceram Freitas de imediato. “Se conhecessem, teriam me falado. Só depois um rapaz disse que ele era vereador do PSOL. Fui saber quem ele era depois do ocorrido”, contou.
Sobre a acusação de injúria racial levantada pelo deputado, Weslley nega qualquer xingamento. “Não xinguei e nem dava tempo. Ele falou vários palavrões quando estacionei. Quando fui pegar o carro, ele já veio falando. Falar de injúria racista é uma forma de se defender. Está tentando usar isso para se safar”, pontuou.
O jovem diz ainda estar abalado. “Um deputado fazer uma coisa dessas… Ainda estou tentando processar. Achei que eram duas pessoas que se achavam. Saber que era deputado não ia mudar muita coisa não”, disse.
O advogado de Weslley, Jeffrey Chiquini, afirma que já foi registrado boletim de ocorrência contra Renato Freitas por lesão corporal grave. “Foram três pontos e outras lesões graves. Protocolamos notícia-crime para apuração nas esferas criminal e civil-administrativa. É preciso verificar se o assessor que aparece no vídeo recebe salário da Alep, se o carro era oficial e se o deputado estava em expediente. Há possível improbidade administrativa”, declarou.
Chiquini acrescenta que pedirá a cassação do mandato. “Ele não tem decoro para permanecer como representante do povo. Renato Freitas foi agressor, foi violento e agora é covarde porque foge na verdade criando várias narrativas. E agora acusa seu assessor. Esse é o fim da linha para Renato Freitas, que será cassado, terá de procurar um emprego. Ele será cassado, punido, terá de indenizar esse jovem porque é o agressor”, finaliza o advogado.
Após a divulgação de novas imagens, o deputado Renato Freitas marcou uma coletiva de imprensa, nessa tarde. Ele reafirmou que agiu em legítima defesa e que o episódio teve início logo depois de sair do exame de ecografia do filho, acompanhado da companheira grávida.
Segundo Freitas, a discussão começou quando um motorista fez uma manobra repentina enquanto o casal atravessava a via. Ele afirma que apenas pediu que o condutor respeitasse a travessia, mas que, em resposta, passou a ouvir xingamentos.
“Nas vésperas do Dia da Consciência Negra eu fui fazer o exame de ecografia na minha filha e estava tudo certo, coração batendo, a gente feliz. Quando atravessamos, alguém faz a manobra e o carro está entre nós. Eu falei: ‘Respeita o pedestre’. Ele me xingou, me injuriou e continuei caminhando. Sofri várias injúrias, de lixo, de nóia”, relatou.
Freitas afirma que o homem teria partido em sua direção, iniciando o primeiro confronto. Ele diz que atuou para evitar que a agressão se aproximasse de sua companheira, como mostram as novas imagens. “As imagens demonstram que ele saiu em um ímpeto para o confronto físico, já que a mãe do meu filho estava ali. Não deixei ele atravessar para iniciar um conflito perto da minha esposa grávida. Fui ao encontro para conter a injusta ameaça”.
Um amigo do deputado interveio, e ambos caíram durante a tentativa de contê-lo. “A ameaça estava sendo neutralizada. Desde o início falei que demos um abafa nele, fazendo o que o direito prevê, que é a legítima defesa. Não o agredi neste primeiro encontro, até porque não era necessário As imagens estão cortadas para atender determinados interesses”, afirmou.