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O advogado criminalista Ygor Nasser Salah Salmen, voluntário do Instituto Fica Comigo, classificou como “inexplicável e inaceitável” a decisão da Justiça de Curitiba que absolveu Maria Inês Demeterco, acusada de manter cerca de 300 animais em condições insalubres de higiene e alimentação.
“O assassinato de centenas de vidas inocentes não pode ser resumido em poucas palavras, tampouco na simples afirmação de que a ré ‘tentou agir para evitar o resultado, ainda que de forma desorganizada e insuficiente’. Esses animais morreram de forma indefesa. Entraram naquela residência para morrer. Quando foram resgatados, talvez tenham sentido, por um breve instante, a esperança de sobreviver — mas o que receberam foi, na verdade, uma sentença de morte. A decisão proferida é inexplicável. Inaceitável. Quem esteve naquele local e viu as centenas de ossos espalhados pelo chão sabe o horror do que aconteceu. Vamos recorrer. A verdade e a justiça precisam prevalecer”, afirmou Salmen em nota.
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A decisão judicial, publicada nesta sexta-feira (17), absolveu Maria Inês das acusações de maus-tratos que tramitavam desde 2023 e que tiveram grande repercussão à época.
Em sua sentença, o magistrado entendeu que as provas produzidas ao longo do processo demonstraram que Maria Inês buscava constantemente soluções para a situação precária dos animais, mantendo contato com órgãos públicos, pedindo doações e realizando, dentro de suas possibilidades, cuidados básicos de alimentação e tratamento.
“As provas demonstram que a ré tentava buscar constantemente soluções para a situação precária dos animais, mantinha contato com órgãos públicos, pedia doações e, na medida do possível, realizava cuidados básicos de alimentação e tratamento”, diz trecho da decisão.
A advogada Ana Caroline Montanini, responsável pela defesa, comemorou o resultado e afirmou que a sentença reconhece o esforço de Maria Inês em meio às dificuldades financeiras e estruturais enfrentadas.
“Sempre afirmamos que Maria Inês jamais teve a intenção de praticar maus-tratos. Pelo contrário: ela dedicou sua vida à causa animal, dilapidou todo seu patrimônio e buscou ajuda de diversas instituições. A Justiça, agora, confirma essa verdade”, destacou Montanini.
O caso ganhou ampla repercussão em 2023, quando a mulher chegou a ser presa preventivamente e liberada mediante fiança. Na ocasião, o Ministério Público do Paraná apresentou denúncia por maus-tratos, mas a defesa demonstrou a existência de centenas de protocolos junto à Prefeitura e outros órgãos públicos, relatando as dificuldades do abrigo e pedindo apoio para alimentação e tratamento dos animais.
Embora ainda caiba recurso, com a sentença proferida, Maria Inês Demeterco é considerada inocente das acusações.