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Ibama vai visitar santuário após 2 elefantes morrerem menos de um ano após chegarem no local

Órgão federal afirma não ser possível afirmar que os animais tenha sofrido maus-tratos ou manejo inadequado
Kanya morreu menos de seis meses depois de chegar ao Santuários dos Elefantes, em Mato Grosso. Kanya morreu menos de seis meses depois de chegar ao Santuários dos Elefantes, em Mato Grosso. Foto: Santuário de Elefantes Brasil/Divulgação
Órgão federal afirma não ser possível afirmar que os animais tenha sofrido maus-tratos ou manejo inadequado

Estadão Conteúdo

20/12/25
às
10:17

- Atualizado há 10 segundos

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O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que vai visitar o Santuário dos Elefantes Brasil (SEB), localizado na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, onde duas elefantes fêmeas, Pupy e Kenya, morreram recentemente – menos de um ano após chegarem ao local.

Em nota divulgada nas redes sociais, o SEB afirmou que as elefantes foram resgatadas de locais onde não recebiam cuidados adequados e destacou que, embora os exames de necrópsia ainda não estejam concluídos, não há indícios de que as mortes das duas fêmeas – que viviam de forma próxima – tenham relação direta.

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Em abril, Pupy foi transferida para o santuário após viver por mais de 30 anos em cativeiro no ecoparque de Buenos Aires, desativado recentemente. Ela morreu em outubro, com idade estimada em cerca de 35 anos, segundo o SEB.

O santuário descreveu a morte do animal como “repentina”, após um período de desconfortos gastrointestinais. “O tempo de Pupy no santuário foi breve, mas profundamente significativo. Ela explorou, mudou e se permitiu confiar. Foi vista, amada – e nunca esteve sozinha”, informou a instituição.

Já Kenya, oriunda do ecoparque de Mendoza, na Argentina, próximo à fronteira com o Chile, chegou ao santuário brasileiro em julho deste ano. Mais velha, com idade estimada em mais de 44 anos, passou a exercer, segundo o SEB, o papel de “irmã mais velha” de Pupy. A morte dela foi anunciada na última terça-feira, 16.

“Após vários dias sem demonstrar sinais de que estava se deitando, Kenya finalmente se deitou na noite passada (em referência à segunda-feira, 15). Ela pareceu se acomodar, e sua respiração ficou mais fácil. Durante toda a noite, não se mexeu – nem mesmo movimentou as patas; estava claramente muito cansada”, descreveu o santuário.

O SEB informou que cuidadores passaram a noite em vigília e que Kenya morreu na manhã de terça-feira. “Em determinado momento, sua respiração mudou, e ela soltou um suave trombetear de filhote enquanto partia de forma rápida e tranquila.”

Segundo o santuário, antes de ser resgatada, Kenya conviveu por décadas com diarreia crônica, além de ter recebido alimentação inadequada, sofrido infecções crônicas nos dentes (presas) e vivido sem cuidados médicos apropriados. “Essa era a realidade dela antes do santuário”, diz a instituição.

No comunicado, o SEB afastou a possibilidade de que Kenya tenha transmitido tuberculose a Pupy ou de que a contaminação tenha ocorrido por contato entre espécies de habitats diferentes.

“Sabemos que, ao ouvir a palavra ‘tuberculose’ associada a Kenya, surgem preocupações sobre uma possível exposição de Pupy. Até o momento, as amostras de Pupy testaram negativo para tuberculose. A cultura ainda é um dos exames pendentes, mas outros dois testes já foram concluídos, ambos com resultado negativo para TB (tuberculose)”, informou.

“Não temos tratadores que transitem entre os habitats das elefantas asiáticas e africanas, e não há qualquer ponto de contato entre esses espaços. Portanto, não há motivo para preocupação quanto à transmissão entre espécies”, acrescentou.

Em nota, o Ibama disse que “não é possível afirmar” que as elefantes que morreram tenham sido vítimas recentes de maus-tratos ou de manejo inadequado.

“Somente com uma vistoria in loco será possível avaliar a real situação”, afirmou o órgão federal, que acrescentou: “Está prevista uma visita de equipe técnica do Ibama para verificação das condições do Santuário dos Elefantes Brasil”. A data da inspeção não foi informada.

O Ibama informou ainda que esse tipo de empreendimento, que envolve o manejo de fauna, deve ser fiscalizado pelo órgão estadual responsável pelo licenciamento.

“Assim, o órgão licenciador, no caso a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso, tem a atribuição de verificar se as instalações estão dentro das condições esperadas e se os animais recebem alimentação, manejo e atendimento médico-veterinário adequados”, afirmou.

A reportagem procurou a pasta ambiental estadual, mas não obteve retorno.

Segundo o Ibama, o Santuário dos Elefantes Brasil é classificado como um criadouro científico de fauna e, por ser licenciado pelo estado, o instituto atua de forma supletiva, acompanhando o funcionamento do espaço e emitindo autorizações para a importação de animais no país.

O órgão destacou ainda que a maior parte dos animais encaminhados ao santuário foi direcionada ao local “com o objetivo de garantir melhor qualidade de vida e manejo adequado” “Muitos são provenientes de antigos circos ou de outros países. Sabe-se que boa parte desses elefantes é idosa, apresenta comorbidades e possui histórico delicado”, acrescentou.

Outras duas elefantes morreram pouco tempo após começarem a viver no santuário. Foram os casos de Pocha, resgatada em maio de 2022 e que morreu cinco meses depois, em outubro, aos 57 anos; e de Ramba, que chegou ao SEB em outubro de 2019 e morreu em 26 de dezembro do mesmo ano, aos cerca de 65 anos.

Atualmente, cinco elefantes vivem no santuário: Maia, Rana, Mara, Bambi e Guillermina. Esta última chegou ao local em 2022, junto com a mãe, Pocha. Os demais animais vivem no SEB há, pelo menos, cinco anos.

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