PUBLICIDADE
Investigação /
SEGURANÇA

Guardas flagrados agredindo homem na RMC dizem que se sentiram ameaçados e negam cobrança de aluguel

No boletim de ocorrência da GM, documento oficial da Secretaria de Segurança Pública de Araucária, os guardas relatam que a situação envolve pagamento de aluguel.
Câmeras de segurança flagram homem sendo agredido por guardas. Foto: Nosso Dia
No boletim de ocorrência da GM, documento oficial da Secretaria de Segurança Pública de Araucária, os guardas relatam que a situação envolve pagamento de aluguel.

Luiz Henrique de Oliveira

06/10/25
às
12:13

- Atualizado há 1 mês

Compartilhe:

A defesa dos guardas municipais que agrediram um homem no meio da rua, no bairro Capela Velha, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, alega que os agentes deram golpes de cassetetes e tapas no rosto porque se sentiram ameaçados. Os guardas disseram que o homem agredido estava com os punhos cerrados, se preparando para dar socos contra eles. Os dois contrataram um advogado, Rodrigo Cunha, que emitiu uma nota à imprensa e defende que ‘não houve nada de mais na abordagem’.

As agressões aconteceram no último sábado (4), quando os agentes teriam sido acionados ao local para atender uma ocorrência envolvendo o proprietário de um imóvel e seu inquilino que estaria com o aluguel atrasado. Na versão dos guardas, o dono do imóvel estava sendo ameaçado pelo inquilino, que negou.

Câmeras de monitoramento (assista abaixo) mostram que um dos agentes dá golpes de cassetete no momento em que esse homem agredido conversa com o outro guarda. As imagens não mostram o homem indo para cima dos guardas, ou tentando dar socos contra eles. Ainda, segundo a defesa, os guardas municipais ‘não estavam cobrando aluguel, estavam atendendo uma abordagem a uma vítima, um idoso vulnerável, vítima de uma ameaça de morte‘, diz Rodrigo Cunha.

Relato oficial dos guardas

No boletim de ocorrência da Guarda Municipal, documento oficial da Secretaria Municipal de Segurança Pública de Araucária, os guardas relatam que a situação envolve pagamento de aluguel. “Seu inquilino se nega a pagar o aluguel e o ameaça sempre que ele vai cobrá-lo e o senhor xxxxx (os nomes dos envolvidos serão resguardados) sofre de problemas de saúde e necessita do dinheiro para tratamento. (…) o senhor xxxxxx se negou a cumprir a voz de abordagem, (…) ficou com os punhos cerrados, ameaçando dar um soco na equipe, diante do fato foi feito o uso da força moderada contra o indivíduo”.

Logo depois, o comunicado oficial da Secretaria Municipal confirma que os guardas municipais intermediaram a cobrança de aluguel do dono do imóvel. “xxxxx se acalmou e se comprometeu a sair da residência”, diz o documento.

Vídeo

Após as agressões, os guardas voltaram ao local, desta vez com um celular nas mãos, gravando um vídeo. Eles vão até o dono do imóvel e pedem para que ele diga o motivo de ter acionado a GM. “Porque ele (inquilino) estava me ameaçando por conta do aluguel”, diz o homem exposto pelos guardas. “Eu pedi a casa pra ele e ele disse que era pra eu chamar a polícia. Tenho problema no coração, não posso ‘passar nervo'”, completa o dono do imóvel.

O guarda municipal segue na gravação e reafirma. “A gente tá aqui pra isso, mesmo”. Mas, na sequência, diz que não poderá levar o inquilino preso por não ter presenciado as ameaças alegadas pelo dono do imóvel. “Ele falou que vai retirar as coisas dele de dentro da casa, mas peço que o senhor vá na delegacia na segunda-feira para fazer o boletim de ocorrência contra ele, tá bom?”, diz um dos guardas municipais, na gravação.

Defesa

À imprensa, a defesa dos guardas diz que ‘a abordagem foi absolutamente regular. Não houve milícia, não estavam cobrando aluguel, estavam atendendo uma abordagem a uma vítima, um idoso vulnerável, vítima de uma ameaça de morte, onde chama a guarda através de um pedido de socorro’, diz o advogado Cunha.

Segundo a versão dos guardas, ‘chegando no local, eles percebem que, de fato, houve uma ameaça. E na abordagem, ele (o inquilino) está oferecendo resistência, fecha os punhos em atitude suspeita. E os guardas impõem ordem nessa situação, nada a mais aconteceu’, finaliza o advogado.

Advogado Rodrigo Cunha defende os guardas municipais. Foto: Divulgação

Secretaria anuncia investigação

Em nota oficial enviada ao Portal Nosso Dia, a Secretaria Municipal de Segurança Pública de Araucária informou que instaurou um procedimento interno para apurar as circunstâncias da ocorrência. O órgão afirmou que, se forem comprovadas irregularidades, os guardas envolvidos serão punidos conforme a lei e as normas disciplinares.

“A Secretaria, em conjunto com a direção da corporação, instaurará procedimento interno para apurar com rigor todas as circunstâncias do fato, de forma transparente, imparcial e em conformidade com a lei. Caso sejam confirmadas irregularidades, os responsáveis serão punidos com o rigor previsto nas normas legais e disciplinares. A Administração Municipal reafirma que não compactua com condutas que contrariem os princípios éticos, legais e operacionais que orientam o serviço público e o trabalho da Guarda Municipal. A Prefeitura mantém seu compromisso com a ética, o respeito e a confiança da comunidade, valores que norteiam diariamente as ações em prol da segurança e do bem-estar dos cidadãos de Araucária.”

TÁ SABENDO?

SEGURANÇA

PUBLICIDADE
© 2024 Nosso dia - Portal de Noticias