- Atualizado há 2 anos
A rotina do motorista Valdecir Ramos, de 44 anos, é encarar a boleia pelas estradas do Paraná. De dia, de tarde e de noite, mesmo quando está sozinho, carrega vidas nos veículos da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA). O trajeto entre Guarapuava e Campo Largo, é de 226 km, levando em média três horas, mas quando um coração está sendo transportado, uma viagem sem interrupções faz toda a diferença.
“Eu tinha um coração para levar de Guarapuava a Campo Largo e vi no Grupo BR 277 que teve um acidente em Palmeira, nos Campos Gerais. Sabia pelo grupo que a remoção estava marcada para o horário que eu passaria, então me comuniquei com a PRF que estava no local do acidente e eles adiaram o horário da remoção, para eu poder passar. Isso foi fundamental”, contou.
Ramos é responsável pelo transporte terrestre de órgãos para transplantes e de equipes médicas que se deslocam para atendimentos. “Geralmente tenho órgãos para entregar, sendo levados entre Curitiba, Região Metropolitana, interior e até Santa Catarina. Existem alguns que precisam de mais tempo e outros têm que chegar mais rápido e, nisso, o Grupo BR 277 é primordial”, revelou em entrevista ao Portal Nosso Dia.
O motorista lembra momentos em que informações postadas no grupo foram fundamentais. “Muito importante para nós a resposta rápida que o Danilo Chulik, administrador do grupo, nos dá. Por exemplo, um transplante de órgão para um hospital, se aconteceu alguma coisa, você busca outro caminho, apoio aéreo ou escolta da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Esse trabalho é super importante em relação a isso, pela antecipação do que está acontecendo nas estradas. É um serviço de utilidade pública”, revelou.
Sabe aquela típica frase usada quando algo dá certo: Na hora certa e para a pessoa certa! Pois é assim que podemos resumir o sucesso que o Grupo BR 277 se tornou, fazendo com que o então jardineiro Danilo Chulik, seis anos depois da primeira postagem, tenha agora dedicação exclusiva ao grupo de informações sobre o trânsito em Curitiba, Região Metropolitana e Paraná. Hoje, você fica sabendo sempre antes se segue as redes sociais, está nos grupos de WhatsApp ou fez o download aplicativo do grupo.
“Eu fazia manutenção de jardins e sempre fui ligado em informações sobre o meu bairro, o Cercadinho, em Campo Largo. Então, aqui a gente sempre teve a questão relacionada a BR-277, acabei me interessando no tema, porque sempre gostei de rádio e televisão. Primeiro, criei o grupo pelo Facebook, com poucas pessoas, fui vendo que elas se interessaram, que estávamos crescendo, e hoje temos um alcance extraordinário. É realmente referência quando o assunto é o trânsito”, descreveu Danilo, de 34 anos, em entrevista ao Portal do Nosso Dia.
De fato, os números comprovam o sucesso do Grupo BR 277. Atualmente, são 10 mil pessoas conectadas nos grupos de WhatsApp, 150 mil seguidores no Facebook, 52 mil no Instagram, duas mil no Telegram e seis mil no Twitter. Há vídeos no Instagram sobre acidentes que já alcançaram 5 milhões de pessoas.
Com o fim das concessões de pedágio e uma demora maior na chegada de informações importantes sobre as rodovias, o grupo tem cumprindo um papel ainda maior. “O grupo se tornou referência justamente por esse trabalho colaborativo, em que diversas pessoas acabam mandando informações do trânsito e ajudando no desvio de um acidente, por exemplo. Hoje tem muita coisa que é evitada por isso. Por exemplo, o acidente recente na BR-277, em São Luiz do Purunã, causado pela neblina. Quem estava ligado conosco era orientado a ter cautela na região e evitar ali, porque a visibilidade estava ruim e tinha acontecido outros acidentes”, contou Danilo.
O acidente em questão deixou três pessoas mortas na tarde do último dia 17, em São Luiz do Purunã, por volta das 15h45. De fato, cerca de uma hora antes já havia informações no grupo sobre a neblina naquela região e pedido para que se diminuísse a velocidade, já que outras ocorrências tinham acontecido no local.
O grupo é utilizado por caminhoneiros que trafegam pelas rodovias do Paraná, especialmente de Curitiba e Região Metropolitana, e até mesmo por motoristas casuais. Para muitos, é impossível viajar sem acessar alguma rede social do Grupo BR 277, para saber se há alguma intercorrência no trânsito.
O caminhoneiro Clóvis Hasseman, morador de Chopinzinho, no sudoeste do Paraná, hoje colabora o tempo inteiro, levando informações sobre o trânsito. “Gosto de participar porque todo dia eu uso a BR-277, de Três Pinheiros a Curitiba, e até Cascavel. Eu uso as rodovias da Região Metropolitana de Curitiba todos os dias, então tem muita informação útil, que vão desde acidentes, obras, a até caminhões quebrados, que alteram o trânsito”, descreveu.
O caminhoneiro Fabricio Luiz Bonardi afirmou que nunca deixa de ver as informações postadas nas mídias sociais. “Eu mesmo sempre envio fotos e reporto o que for preciso. Já fiz vários desvios por meio de informações do grupo. Então, é show de bola o que acontece ali. Estes dias teve um acidente no Contorno Sul e eu consegui desviar por causa disso. Quero parabenizar o Danilo pelo trabalho que ele faz”, salientou.
Além disso, o grupo faz um trabalho de solidariedade entre caminhoneiros. Recentemente, o Portal Nosso Dia noticiou o caso de um caminhoneiro que conseguiu uma prótese por meio do Grupo BR 277.
Com tantas informações sobre o trânsito trazidas diariamente, Danilo sabe que ajudou a salvar vidas, mesmo que indiretamente, ao informar sobre um acidente ou uma condição meteorológica na pista. Existe uma história que ele sempre conta para lembrar a importância de informar sobre o trânsito.
“Teve aquele acidente na BR-277, em São José dos Pinhais, em que uma carreta pela neblina acabou atropelando várias pessoas. Uma das vítimas que morreu estava no nosso WhatsApp e enviou mensagem falando sobre o primeiro acidente, pouco antes de ser atingida pela carreta. Eu cheguei a ligar para os bombeiros, pedindo uma ajuda lá, mas foi tudo muito rápido. Aquele foi um dia muito triste, em que eu tentei ajudar e percebi como a gente pode mesmo fazer a diferença”, relevou.
O acidente em questão aconteceu no dia 2 de agosto de 2020, deixando oito pessoas mortas e envolvendo 22 veículos. Devido à neblina, aconteceu um primeiro acidente e, depois, um motorista de um caminhão tentou desviar, mas acabou causando uma tragédia.
Justamente por saber que em outros momentos uma ajuda rápida faz a diferença, é que Danilo trabalha diariamente pelo Grupo BR 277. “O meu objetivo é salvar vidas. Então, temos que manter uma fonte de informação e ajudar, muitas vezes até na reciclagem do trânsito, mostrando erros que podem causar acidentes para evitá-los”, salientou.
No ar há dois meses, um grande sonho de Danilo já foi baixado por internautas 3,4 mil vezes, até esta segunda-feira (12). O aplicativo Grupo BR 277 traz informações detalhadas sobre interdições no trânsito, além de serviço público aos internautas.
“O aplicativo serve para motoristas que não estão nos grupos do WhatsApp, com informações em primeira mão, por exemplo, sobre o Contorno Sul, antes mesmo da divulgação da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Também mantemos serviço público como noticiais gerais, vagas de emprego, animais e pessoas desaparecidas e assim vai”, destacou.
Hoje, Danilo dedica-se 100% ao Grupo BR 277, aos filhos Lucas e Luana e a esposa Silvana. Ele afirma que está a cada dia mais realizado com o serviço que prestado à população.
“Foi algo que eu sempre gostei e que deu certo. Acredito que ainda posso contribuir muito e tenho até a ideia de participar de um órgão de fiscalização do trânsito, para que a gente possa trazer informativos e ajudar na educação do trânsito, que é fundamental para evitar acidentes”, concluiu.