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Governo rastreia 3 drogas pela 1ª vez no Brasil; saiba quais são e os efeitos: ‘Superperigoso’

A terceira foi detectada no sangue de uma pessoa hospitalizada com intoxicação grave
Espécie de bala de cogumelo tinha duas das três novas substâncias detectadas Foto: Divulgação/Ministério da Justiça e Segurança Pública
A terceira foi detectada no sangue de uma pessoa hospitalizada com intoxicação grave

Estadão Conteúdo

09/09/25
às
7:56

- Atualizado há 2 horas

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O governo federal identificou a circulação de três novas drogas no Brasil. As substâncias psicoativas foram registradas no último monitoramento do Sistema de Alerta Rápido Sobre Drogas (SAR).

Conforme o boletim, obtido com exclusividade pelo Estadão, duas substâncias foram encontradas de forma bruta em produtos alucinógenos. A terceira foi detectada no sangue de uma pessoa hospitalizada com intoxicação grave.

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A substância “N-pirrolidino protonitazeno” foi identificada em julho pelo Laboratório de Toxicologia Analítica e o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), ligado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no exame de um paciente que relatou ter consumido álcool e um comprimido.

“O paciente apresentou quadro de sonolência que evoluiu rapidamente para rebaixamento do nível de consciência”, aponta o relatório.

Secretária nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Marta Machado diz que essas drogas não têm ampla circulação, mas frisa que o alerta é crucial para o monitoramento.

Uma das substâncias – “N-pirrolidino protonitazeno” – é um opioide, ou seja, um analgésico, proibido no País. Já foi identificado no Canadá, França e Alemanha, mas não havia sido notificado no Brasil até então. Após o alerta do laboratório, foi incluído na lista da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 19 dias.

“A ideia é que o alerta seja entendido como medida de prevenção, de redução de danos, que a gente consiga explicar para sociedade que a substância está circulando”, diz a diretora de Pesquisa, Avaliação e Gestão de Informações do ministério, Bárbara Caballero.

O caso identificado pelo laboratório serve como alerta. “Uma pessoa que foi intoxicada e achou que estava tomando MDMA. Na verdade, nesse comprimido tinha um composto de nitazeno, que é fatal e superperigoso”, explica.

Novas drogas em circulação

Sistema do governo identificou três substâncias inéditas no país

Fonte:Sistema de Alerta Rápido Sobre Drogas (SAR)

Estadão

Droga sintética em ‘balas de cogumelo’

As outras duas substâncias inéditas foram localizadas em um produto estrangeiro chamado “Magic Mushroom Gummies”, espécie de bala que imita os efeitos do cogumelo. O produto levava em sua composição as substâncias sintéticas “4-hidroxi-N,Ndietiltriptamina(4-OH-DET)” e “4-acetoxi-N,N-dietiltriptamina(4-AcO-DET)”.

As substâncias já tinham sido identificadas no Chile, no Canadá e na Bélgica, mas nunca no Brasil. O sistema fez alerta à Anvisa para inclusão na lista de substâncias psicotrópicas proibidas.

“Ressalta-se que essas substâncias não são encontradas naturalmente em cogumelos, sendo provável que a denominação ‘Magic mushroom’ seja apenas alusão aos efeitos alucinógenos tradicionalmente associados às triptaminas presentes em algumas espécies de cogumelos”, explica Gabriella Giudice, mestre em Química e especialista em Sistemas de Alerta Rápido do Centro de Estudos sobre Drogas e Desenvolvimento Social Comunitário do UNODC (braço das Nações Unidas para drogas).

Rastreio das drogas

O SAR foi criado pelo governo federal e funcionava de forma experimental até 2023. Neste ano, foi instituído de forma permanente pelo Ministério da Justiça.

Atualmente, o SAR é composto por membros da pasta, do Ministério da Saúde, da Polícia Federal, da Polícia Civil e de laboratórios criminais, vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) ou de universidades. A rede é responsável por monitorar e notificar o surgimento de novas substâncias psicoativas no País.

Segundo a secretária Marta Machado, todos os Estados aderiram ao sistema. A rede facilita a identificação dos locais onde as drogas aparecem. “Ajuda a gerar informações de inteligência para subsidiar a polícia para monitorar a circulação dessas substâncias”, acrescenta.

Na América do Norte, vários casos de intoxicação fatal

Professor de toxicologia da Unicamp e coordenador executivo do Ciatox-Campinas, o pesquisador José Luiz da Costa explica que mesmo o consumo de pequenas quantidades pode ter desfecho grave. No caso do paciente intoxicado, foi encontrada uma quantidade da ordem de nanograma em seu corpo.

“Ele é do mesmo grupo do fentanil, só que muito mais potente. Há estudos farmacológicos que mostram que ele chega a ser 25 vezes mais potente do que a do fentanil, que já é um opióide muito mais potente do que a morfina, por exemplo”, explica.

“Para causar efeito, ele precisa de doses mínimas. E para causar intoxicação, precisa de doses muito, muito pequenas. Há vários casos de intoxicação grave e fatal por essa substância relatados na América do Norte”, ressalta.

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