O governador Carlos Massa Ratinho Junior entregou, nesta quarta-feira (14), a pavimentação da PR-239, entre Pitanga e Mato Rico, no Centro do Estado. O asfaltamento de 43,15 quilômetros de rodovia atende a uma reivindicação histórica do município, que passou décadas sem ligação pavimentada com outras cidades da região. O investimento na obra foi de R$ 228,2 milhões.

Durante o evento, também foi assinada a ordem de serviço para o prolongamento de quase 20 quilômetros da rodovia entre Mato Rico e Roncador, com investimentos de R$ 101,2 milhões, garantindo a inserção dos municípios na malha rodoviária do Estado.

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“Estamos entregando hoje esta rodovia que dá uma nova cara para região, atendendo uma cidade que antes não tinha ligação asfáltica e agora tem um corredor logístico que vai trazer investimentos para a região. Como impacto direto, vamos ver uma cidade com mais oportunidades, mais emprego, mais renda e mais desenvolvimento”, afirmou o governador Ratinho Junior.

Além de melhorar a infraestrutura do trecho, a estrada dá segurança aos moradores que se deslocam diariamente entre os municípios, com faixas adicionais e acostamentos ao longo da rodovia. O asfaltamento também impacta na vida de estudantes, pacientes e agricultores, que enfrentavam problemas com a antiga estrada de terra.

“Foram 40 anos com acessos inadequados, com lama e insegurança. Isso mudou com esta obra. Foram muitos desafios, com um investimento robusto e uma obra com uma engenharia complexa, mas que finalmente saiu do papel para melhorar a vida dos moradores da região”, disse o secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex.

O Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), autarquia vinculada à Secretaria de Infraestrutura e Logística (SEIL), foi o responsável por administrar e fiscalizar a execução da obra. Durante a construção, por exemplo, foram movimentados cerca de 5 milhões de metros cúbicos de rochas, além de desapropriações às margens da estrada para as obras da pista.

Os recursos para o aporte foram captados junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) por meio do Programa Estratégico de Infraestrutura e Logística de Transportes do Paraná, uma parceria entre o banco e a SEIL.

FIM DO ISOLAMENTO – A infraestrutura tirou Mato Rico do isolamento e facilitou a vida dos moradores, que têm mais segurança e agilidade para se deslocar ao município vizinho, escoar sua produção agropecuária e transportar produtos, estando melhor conectados à malha rodoviária do Estado.

“São mais de 40 anos aguardando por esta obra, que foi sonhada por muita gente. Por muitos anos, os municípios da região central do Paraná foram esquecidos pelo Estado, mas nos últimos anos isso mudou, e quem se beneficia é a população de Mato Rico”, disse o prefeito do município, Edelir Ribeiro.

O impacto da obra na vida dos moradores da cidade é grande. Antes, por exemplo, o percurso entre Mato Rico e Pitanga durava cerca de duas horas, sendo feito por um trajeto de cerca de 120 quilômetros. Hoje, com uma estrada de qualidade, os moradores conseguem se deslocar pelos 43 quilômetros do novo percurso em menos da metade do tempo.

Um exemplo é da administradora Débora Mussato de Cerqueira, de 28 anos, que nasceu em Mato Rico e passou por muitas dificuldades para cursar a faculdade de Administração, em Pitanga. “A gente saía daqui 15h30 e às vezes chegava até atrasado. Se chovesse o ônibus encalhava, ou então enchia de pó. Era muito sofrido”, contou.

Ela trabalha na Cooperativa Agropecuária Matoriquense (Coamar), que fornece produtos da agricultura familiar para a merenda escolar. A pavimentação também facilitou esse trabalho. “A gente tinha dificuldade de sair com o caminhão carregado, tanto por Roncador como por Pitanga. Agora o caminhão gasta menos. Toda a parte de manutenção é muito mais fácil com uma estrada que favorece”, disse.

A obra também impacta o comércio local, que tinha dificuldade com os fornecedores, já que muitos não iam até a cidade por conta das dificuldades de deslocamento. “Tenho mercado aqui há dez anos e era bem mais difícil. Os melhores fornecedores não vinham atender a gente. Hoje atendo fornecedores de grandes empresas, que antes não vinham para cá por causa da logística, então ficava amarrado a poucas opções. Agora temos mais variedade, o preço fica mais barato, posso comprar direto da fábrica”, destacou o comerciante Ozéias Moraes dos Santos, de 33 anos.

O posto de gasolina de Floriano Seguro, de 84 anos, já chegou a ficar sem combustível por dificuldade de acesso. “Antigamente era bem mais difícil, fazia muito desvio e rodava mais de 100 quilômetros para chegar aqui. Agora, com pouco mais de 40 quilômetros estamos em Pitanga. Se chovesse, os caminhões não conseguiam chegar. Teve firma que deixou de nos atender por causa disso”, lembrou.

“E nós pagávamos mais caro pelo combustível. Agora já melhorou, a quilometragem está menor e a estrada é boa. Ficávamos refém de um fornecedor só, e hoje tem concorrência, conseguimos negociar melhor e também garantir um combustível de melhor qualidade”, destacou.

A melhora na qualidade de vida da cidade tem sido flagrante. Ao longo do avanço da obra, a cidade, que tem cerca de 3,2 mil habitantes, Mato Rico saiu da 329ª posição no Índice Ipardes de Desenvolvimento Municipal (IPDM) em 2017 para a 316ª posição no Estado. O indicador, criado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), mede o desempenho socioeconômico dos municípios do Paraná, avaliando itens como Renda, Emprego, Produção Agropecuária, Saúde e Educação.

OBRA – São 43,15 quilômetros de extensão da nova pista de pavimento asfáltico, com duas faixas de tráfego e acostamentos externos em ambos os lados. Também foram executados cerca de 15 quilômetros de terceiras faixas em pontos críticos, correções de traçado em relação à pista antiga, duas interseções em nível, novo sistema de drenagem de águas, com bueiros, sinalização e dispositivos de segurança rodoviária.

Contratada em 2018, a pavimentação da PR-239 enfrentou vários desafios desde o seu início. Além de uma disputa jurídica entre as participantes da licitação que paralisou o seu andamento por vários meses, a obra necessitou de extensas revisões de projeto ao longo de sua execução.

A terraplenagem, necessária para compor a plataforma da pista, foi um dos serviços mais modificados. O tipo de solo encontrado na região durante os trabalhos se mostrou muito diferente do que indicado nas sondagens feitas durante a elaboração do projeto, exigindo maior volume de movimentação e desmonte de rochas.

O projeto de drenagem e de dispositivos de canalização de corpos d’água também foi modificado para melhor atender os moradores lindeiros, garantindo que seus terrenos não fossem prejudicados futuramente pelas chuvas. Foram melhorados ainda os demais projetos, como de pavimentação, para se adequar às mudanças, e incluídos serviços adicionais de sinalização.