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SEGURANÇA

“Gerente pediu para deixar o corpo ali”, diz funcionário do Muffato preso pela morte de jovem

Luiz, que estava foragido desde o dia do crime, é apontado como o responsável por dar o mata-leão que matou o jovem, fato que ele negou em depoimento
Luiz Roberto Costa Barbosa em depoimento à polícia (Foto: Reprodução)
Luiz, que estava foragido desde o dia do crime, é apontado como o responsável por dar o mata-leão que matou o jovem, fato que ele negou em depoimento

Luiz Henrique de Oliveira e Geovane Barreiro

04/07/25
às
9:13

- Atualizado há 20 segundos

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Preso pela morte do jovem Rodrigo da Silva Boschen, de 22 anos, após o furto de um chocolate e de chicletes no Hipermercado Muffato do bairro Portão, em Curitiba, Luiz Roberto Costa Barbosa prestou depoimento nesta quinta-feira (3). Ele é funcionário do setor de frutas, legumes e verduras do estabelecimento e disse que o gerente responsável pela loja orientou os envolvidos a deixarem o corpo de Rodrigo no meio da rua. Luiz, que estava foragido desde o dia do crime, é apontado como o responsável por dar o mata-leão que matou o jovem, fato que ele negou em depoimento.

“A gente queria levar o rapaz na loja para chamar o Samu, porque ia chegar mais rápido. A gente não aguentou com o peso dele e eu voltei na loja para avisar o gerente e ele pediu para deixar o rapaz lá e voltar para o setor. Pediu para deixar lá e voltar para o setor. Foi o que ele pediu para a gente fazer”, disse em depoimento.

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Luiz ainda negou que deu um mata-leão em Rodrigo. “Motoqueiro segurou, mas não sei se chegou a agredir. Eu estava junto e quando cheguei ele já estava no chão. Eu fiquei no sinaleiro esperando. Quando cheguei, ele já estava no chão e desmaiado. Eu não sei se foi o Bryan (segurança terceirizado) quem bateu. Tinha sangue no rosto dele, só que eu não vi quem chegou a agredir. Não cheguei a dar mata-leão dele, porque ele já estava desmaiado”, afirmou.

Segundo a polícia, Luiz Roberto é apontado como aquele que perseguiu a vítima a pé, deu chutes para derrubá-la e aplicou o golpe de “mata-leão” (estrangulamento). Uma testemunha relatou que pediu para que Luiz Roberto parasse com o estrangulamento e chamar a polícia, e ele respondeu: “Está com dó de ladrão?”, e seguiu com as agressões. Ele também arrastou por cerca de 850 metros o corpo de Rodrigo e abandonou. Luiz Roberto não retornou ao trabalho desde o ocorrido e seu paradeiro era desconhecido.

Rodrigo foi morto após suposto furto em hipermercado (Foto: Redes sociais)

O espaço está aberto para manifestação de todas as partes envolvidas no caso, inclusive do Hipermercado Muffato.

Participação

O segundo funcionário direto do Muffato é Antonio Cesar Bonfim Barros, que é segurança interno do Hipermercado. Ele está sendo acusado de perseguir Rodrigo e participar diretamente do crime. Antonio foi visto carregando o corpo da vítima e também não tinha voltado ao trabalho desde o ocorrido, até ser preso nesta quinta-feira (3).

(Foto: Reprodução de vídeo)

Já Bryan Gustavo Teixeira, de 22 anos, também indiciado pela Polícia Civil, é segurança da empresa terceirizada Força Rota, que presta serviços ao Supermercado Muffato. Ele está sendo apontado como um dos agressores que perseguiu a vítima, viu o estrangulamento e as agressões, sem intervir. Ele ajudou a arrastar e a carregar o corpo. Ele está preso.

Por último, está indiciado Henrique Moreira Alves Pinheiro do Carmo, de 19 anos. Ele é motoboy e estava fazendo entregas e interceptou a vítima com sua motocicleta a pedido dos funcionários do supermercado. Ele agrediu Rodrigo com chutes e socos, enquanto estava imobilizado pelo mata-leão de Luiz Roberto. Disse à polícia que ‘durante o golpe de estrangulamento, percebeu que a coloração (vítima) mudava para tons arroxeados e azulados, o que indicava que estava perdendo a consciência‘. Ainda assim, deixou o local sem prestar socorro. Ele está preso preventivamente.

Outro funcionário que tinha sido preso em flagrante por ter participado do crime e liberado depois em audiência de custódia não integra a lista dos indiciados pela Polícia Civil.

Família

Após a conclusão do inquérito policial que pede o indiciamento de quatro acusados pela morte de Rodrigo da Silva Boschen, a defesa da família do jovem, o advogado Leonardo Mestre se manifestou por meio de nota:

“A família de Rodrigo da Silva Boschen considera acertado o indiciamento dos responsáveis pelo seu homicídio e espera que o Ministério Público acompanhe o entendimento da autoridade policial. Reforça, ainda, a importância da continuidade das investigações para que sejam apuradas todas as circunstâncias do crime, incluindo a possível participação de outras pessoas, seja de forma direta ou por omissão. A família segue acompanhando ativamente as investigações, com o compromisso de buscar justiça e garantir que todos os envolvidos sejam devidamente responsabilizados“.

Crime

Rodrigo entrou no Hipermercado Muffato na noite de quinta-feira, 19 de junho, e furtou uma barra de chocolate e chicletes, segundo o inquérito policial. Ao notar que tinha sido flagrado, ele correu e foi perseguido por quatro homens (assista aos vídeos), entre eles, o segurança de uma empresa terceirizada que presta serviço para o Muffato, dois funcionários do hipermercado e um motociclista que passava pelo local. A correria foi registrada por câmeras de segurança. Depoimentos indicam que o jovem foi alcançado, agredido e, por fim, morto com um golpe conhecido como mata-leão.

Ronaldo (foto), pai de Rodrigo, participou de protesto pela morte do filho (Foto: Geovane Barreiro – Nosso Dia)

A família informou ao Portal Nosso Dia que Rodrigo trabalhava como auxiliar de produção em uma multinacional na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). O jovem não tinha passagens pela polícia. Há um ano e meio, ele ficou internado em uma clínica de recuperação para dependentes químicos e, segundo a família, levava uma vida tranquila.

Protesto

Familiares e amigos organizaram um protesto após a morte do jovem, na noite do dia 25 de junho. Ao Portal Nosso Dia, o pai dele Ronaldo Boschen disse que o filho não merecia morrer desta forma e que ele tinha o plano de fazer uma faculdade no futuro.

(Foto: Geovane Barreiro – Nosso Dia)

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