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A família de Leandro Bossi, garoto que teve a confirmação da morte após 30 anos de desaparecimento em Guaratuba, Litoral do Paraná, fez um desabafo na manhã deste sábado (11). Horas depois de a família ser comunicada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado (SESP-PR) de que uma ossada da década de 90 corresponde com o material genético dele, a família do garoto se manifestou para cobrar providências: “Como um erro tão grave pode ter ocorrido?”. Para eles, o caso de desaparecimento do Leandro veio à tona em sombra do caso de Evandro.
Por meio das redes sociais, Cristiane Steffen, irmã do garoto, disse que não crê mais na Justiça da terra. “Algo tão estranho trocar de sexo (a ossada), e que em 94 o laboratório relatou não ter compatibilidade e, agora assim, tem compatibilidade e o sexo da ossada vira masculina. Desculpe, mas não acredito mais na Justiça terrena”, escreveu.
Leandro Bossi desapareceu em Guaratuba, no litoral do Paraná, em 15 de fevereiro de 1992, quando tinha sete anos. Evandro Caetano, 6 anos, sumiu no trajeto entre a casa e a escola, também em Guaratuba, no dia 6 de abril de 1992. Ou seja, dois meses depois do desaparecimento de Leandro Bossi. O corpo de Evando foi encontrado dia 11 de abril em um matagal. No outro ano, em fevereiro de 93, uma ossada foi encontrada nesse mesmo matagal, com as mesmas roupas de Leandro Bossi.
No entanto, um mês depois, exames de DNA, feitos por uma clínica particular em Minas Gerais, concluíram que aqueles restos mortais eram de uma menina. Agora, quase 30 anos depois, um exame de DNA supersensível, feito a partir de células mitocondriais, garantiu que aquela ossada da década de 90 era sim a de Leandro Bossi.
A indignação da família é justamente pela falta de respostas que o caso do garoto pede. “Trinta anos se passaram, e hoje somos bombardeados com a notícia de que o Leandro nunca esteve desaparecido neste tempo, Leandro foi morto, mas por quem? Quem? Fazem 3 décadas que já poderíamos ter tido um rumo diferente em nossas vidas, e fomos privados disso, fomos traídos pela justiça que sempre somos condicionados a confiar. Merecemos mais do que isso, eles devem pagar pelo que nos fizeram”, desabafou Lucas Bossi, também irmão de Leandro.
Tanto Cris quanto Lucas detalharam os momentos tristes enfrentados pela família, principalmente, pelo pai, João Bossi. Ele faleceu em abril do ano passado, acreditando que o filho apareceria. Segundo os filhos, em 1996 depois de quatro anos sem nenhuma notícia do filho, João Bossi fez uma promessa. Ele foi a pé de Guaratuba até Aparecida do Norte (SP), carregando uma cruz de madeira feita por ele mesmo. “Ele colou imagens das crianças desaparecidas no Paraná até então. Essa imagem retrata quando minha mãe (Roseli), me levando junto, foi encontrá-lo ao fim de sua jornada. Recebemos a bênção e clamamos a nossa senhora por todos esses anos desde então. Meu pai nunca desistiu, até o fim de seus dias, e eu convivi todos os anos de minha vida, vendo em seus olhos a tristeza da ausência que Leandro deixou em nossas vidas”, escreveu Lucas, também usando as redes sociais.
Já Cris lembrou dos anos seguintes ao sumiço do irmão, onde o pai pedia para que todos cantassem parabéns ao filho no dia do aniversário dele. “A foto com um bolo na mesa, refrigerante, a foto de Leandro… todos os 23 de fevereiro de todos anos nós realizávamos o aniversário do Leandro. Todos os anos ele pedia pra mãe fazer 1 bolo, comprava refrigerante, vela. Fazíamos uma oração, cantávamos parabéns. Víamos ele chorar e comíamos o bolo. Crescemos com isso gente, agora tentem se colocar no meu lugar e de meus irmãos: isso é traumático! E super doloroso”, garantiu ela.