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Falcão-peregrino que voou dos EUA ao Paraná passa por cirurgia; entenda o caso

A ave estava em rota migratória para o hemisfério sul e a estimativa é que percorreu pelo menos 10 mil quilômetros antes de ser resgatada ferida no oeste do Paraná
Falcão peregrino resgatado ferido pelo IAT em Nova Santa Rosa, no Oeste do Paraná, tinha anilha que mostra a origem do animal, a cidade de Ocean City, no estado de Maryland, nos EUA, a 7,3 mil quilômetros de distância Foto: Prefeitura de Nova Santa Rosa
A ave estava em rota migratória para o hemisfério sul e a estimativa é que percorreu pelo menos 10 mil quilômetros antes de ser resgatada ferida no oeste do Paraná

Redação com UFPR

23/03/25
às
12:10

- Atualizado há 1 mês

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Uma equipe do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Setor Palotina, foi a responsável pela cirurgia realizada em um falcão-peregrino natural dos Estados Unidos que estava ferido e foi resgatado de uma propriedade rural. A ave está em processo de recuperação e sendo cuidada para a possibilidade de ser solta na natureza novamente.

O falcão-peregrino, um macho, foi encontrado em um sítio na cidade de Nova Santa Rosa (PR), a 30 km de Palotina. O proprietário acionou as autoridades ambientais e assim a prefeitura do município fez o contato com o Hospital Veterinário da UFPR. Suspeitando do ferimento da ave após ver fotos, o professor Anderson Luiz de Carvalho, coordenador do Serviço de Atendimento de Animais Silvestres e Exóticos (SAAS) do hospital, disse que ele deveria ser trazido imediatamente.

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A ave estava com uma anilha na perna, que é um método de marcação e identificação de animais silvestres. Os veterinários descobriram que aquele falcão-peregrino tinha sido anilhado ainda filhote em Ocean City, cidade no estado de Maryland, Estados Unidos, em março de 2021.

Assim que o animal chegou ao Hospital Veterinário, a equipe realizou a estabilização para o tratamento, com recursos como analgésicos, anti-inflamatórios, hidratação e alimentação. Foi detectada uma luxação em uma das asas, uma cirurgia de urgência e de difícil resolução, segundo o professor Anderson.

“Este procedimento não pode ser feito sem planejamento, então nós tivemos que fazer uma revisão bibliográfica, procurar em artigos qual era o resultado e as técnicas passíveis desse tipo de resolução. Aí elencamos uma das técnicas que era uma tentativa de reposicionamento de tendões que protegem a articulação e a colocação de um fixador para mantê-la travada temporariamente. Utilizamos um planejamento em software, para verificar o posicionamento que ficariam os ossos, e também um treinamento em um cadáver de uma outra ave, para que a gente fizesse a técnica inicialmente nela”, explicou.

(Foto: UFPR)

Além da dinâmica da lesão e urgência da cirurgia, a equipe teve dificuldades em relação à complexidade da cirurgia em aves, que deve ser realizada o mais rápido possível devido a uma reação do corpo dos animais com anestesias: se o procedimento demorar muito, a ave pode entrar em óbito.

“Mas a cirurgia transcorreu da forma com que a gente esperava, conseguimos fazer esse reposicionamento do cotovelo com o fixador e deu tudo certo, o animal se recuperou bem e já está comendo.” disse o professor.

Foto: Hospital Veterinário de Palotina

Agora, o falcão-peregrino está em recuperação. Nas próximas semanas, a equipe vai avaliar se será possível a soltura para a natureza.

“Ainda é cedo para dizer se a resposta vai ser exatamente a resposta que a gente quer, que seria a perfeita funcionalidade da asa e a possibilidade de soltura futura desse animal. A gente ainda não tem certeza que a gente vai conseguir esse objetivo”, afirmou Anderson.

Caso o retorno à natureza não seja possível, o falcão-peregrino será encaminhado a uma instituição especialista na reabilitação deste tipo de ave.

Migração do falcão-peregrino

De acordo com o professor Anderson Carvalho, o falcão-peregrino é uma ave que ocorre em regiões do hemisfério norte, como Estados Unidos e países da Europa e Ásia. A migração ao sul é característica da espécie durante os meses de inverno.

“Eles vêm para o Brasil em busca de alimentação, porque lá no hemisfério norte, durante o inverno, fica difícil eles se alimentarem. Eles são, principalmente, caçadores de pombos, e nessa época essa população vai diminuindo, fica mais difícil a caça. Para eles é mais vantajoso que venham migrando para cá para se alimentar, e retornam para o hemisfério norte quando está começando o nosso inverno no Brasil”, explicou.

São várias semanas de voo. O falcão-peregrino viaja cerca de 150 quilômetros por dia, fazendo o percurso pela contornando as costas dos países ou atravessando grandes áreas de mata. Em linha reta, são cerca de 7,3 mil quilômetros de Ocen City, de onde a ave resgatada deve ter partido, até Palotina. Mas a estimativa é que, com os desvios por planícies, a distância seja de pelo menos 10 mil quilômetros.

Pelas características do comportamento migratório da ave, a possível soltura à natureza deve ser feita no momento certo para que ela chegue aos Estados Unidos em clima favorável.

“A ave está numa fase de tratamento medicamentoso e alimentação. Em breve nós vamos remover aquele fixador, porque a gente não pode deixar a asinha dele travada durante tanto tempo, e aí vão começar os trabalhos de fisioterapia. Se ela for solta, teria que ser no período que ela vai retornar para os Estados Unidos, porque senão eles perdem o tempo para chegar até lá, se alimentar e sobreviver”, disse o professor Anderson.

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